Ontem faleceu Robin Williams.
E parece que um “tiozão”, daqueles irmãos legais e
divertidos (e que sempre bebiam um pouco além da conta nas festas da
família) do pai ou da mãe da gente se foi.
Cresci no final dos anos 80 e início dos anos 90, portanto, filmes de
Robin Williams, eram quase que obrigatórios de serem assistidos no cinema, em
vídeo cassete, ou na televisão, por isso, me atrevo a pensar nele como "alguém
próximo", já que meu passatempo predileto nesta época, era assistir filmes
(ainda é um dos meus passatempos favoritos até hoje).
Robin era um verdadeiro comediante de stand up comedy, e começou sua carreira ainda nos anos 70, onde seu
incrível timing de comédia e seu
humor de improviso e físico o fizeram de inspiração para muitos dos que vieram
depois dele (Jim Carrey não teria uma carreira se não fosse Robin Williams,
pode apostar).
O astro tinha uma inteligência e uma capacidade de
raciocínio extraterrenas, já que seu tipo de humor, era frenético, ininterrupto
e baseado, na maioria das vezes, como já dito, no improviso... eu já vi entrevistas do cara,
simplesmente hilárias... isso mesmo: ENTREVISTAS.
Mas infelizmente, o ator vinha enfrentando uma fase
difícil... andava depressivo, tinha voltado a beber, estava endividado e provavelmente
estava insatisfeito com os rumos de sua carreira profissional.
“Patch Adams”, “O Homem Bicentenário”, “Uma Noite no Museu”,
“O Som do Coração”, “Férias no Trailer”, “Violação de Privacidade”, e
praticamente tudo o que o ator fez nos últimos tempos, eram enormes porcarias. Ora,
comédias sem a menor graça, ora dramalhões piegas e constrangedores.
O mesmo comodismo que tomou conta de grandes comediantes do
passado, como Eddie Murphy, Jim Carrey, Adam Sandler e Will Ferrell, também se
apossou de Robin Williams, já que ultimamente, o ator parecia atuar sempre no
piloto automático, só esperando a hora de receber o cachê, sem se preocupar com
o “abacaxi” que filmava.
Mas claro, sempre apareciam algumas (ótimas) exceções.
Para homenagear este grande astro que nos deixou de forma
prematura, listei os seus melhores filmes, na minha opinião.
São eles:
Retratos de Uma Obsessão, 2002.
Williams interpreta um homem solitário e com distúrbios
mentais, que trabalha revelando fotos, e ao revelar fotos de uma família aparentemente “perfeita”, o
personagem de Robin Williams desenvolve uma obsessão pelos membros da mesma. O
clima do filme é claustrofóbico e tenso, e Williams, entrega ao espectador uma
atuação contida, mas poderosa, em um filme, digamos, nem tão bom assim.
O personagem de Williams, fantasia ser parte daquela
família, e quer de todas as maneiras, ser aceito e amado por aquelas pessoas, e
não mede esforços para que seu objetivo seja alcançado.
Um triste relato sobre o que a solidão faz com a cabeça das pessoas.
O filme passou batido nos cinemas, mas fui um dos poucos que
pagou ingresso para vê-lo, na época, eu ainda namorava com a Graci e íamos
muito ao cinema no saudoso Sinos Shopping de São Leopoldo, e me lembro de
assistir a “Retratos de Uma Obsessão”, em um domingo à tarde.
Gênio Indomável, 1997.
A atuação mais séria do astro, e que lhe rendeu um prêmio Oscar
de melhor ator coadjuvante. O ator interpreta um psicólogo viúvo, que tenta
ajudar o personagem de Matt Damon, um gênio da matemática, mas extremamente
arredio, rebelde e inserido em uma vida de mediocridade, a superar as
adversidades e os seus “demônios internos”, e ser alguém na vida... em usar
este dom para construir algo positivo durante a sua existência.
A cena em que o personagem de Damon ironiza e faz uma piada
de mau gosto sobre a esposa do personagem de Williams e este o agarra pelo
pescoço e o intimida, é antológica... daquelas de ver e rever várias vezes. Um
primor, que nenhum ator brasileiro, jamais será capaz de sequer, chegar perto
ou igualar.
Insônia, 2002.
Robin Williams começou bem a década de 2000. Neste suspense
fantástico, o ator está cercado de um elenco de primeira. Al Pacino e Hillary
Swank contracenam com o astro, e a direção fica a cargo de um jovem desconhecido na época, chamado Christopher Nolan.
Williams, assim como outros ótimos comediantes, quando atua
de forma mais comedida, séria, ou até mesmo sombria, como neste caso, dá um show de interpretação.
Neste filmaço, Al Pacino é um policial corrupto, que é
enviado ao Alasca para junto de uma delegada local (Hillary Swank), tentar
capturar um assassino serial (Williams), que começa um jogo de “gato e rato”,
com o personagem de Pacino. No Alasca, o personagem de Pacino começa a sofrer de
uma insônia crônica, já que lá em certas épocas do ano, o sol não se põe. O
assassino interpretado por Williams, sabendo disto, começa a pressionar o seu
perseguidor de forma psicologicamente brutal.
Outro filme que ninguém viu, mas que também, me orgulho de
ter pago ingresso e de ter visto no cinema.
Bom Dia, Vietnã, 1987.
Um filme “leve” para tratar de um assunto muito sério, a
guerra do Vietnã. O astro interpreta um disc
jockey, que tem a árdua missão, de tentar animar os soldados americanos com
um programa de rádio alegre e descontraído, embalado por canções clássicas do
Rock N’ Roll.
A trilha sonora é um personagem do filme. Um personagem
muito importante.
O ator despeja carisma ao interpretar o DJ, que a princípio somente se preocupa em entreter os soldados,
mas que conforme o tempo vai passando, começa a opinar sobre a barbárie e o
despropósito de milhares de jovens estarem perdendo a vida, em uma guerra sem sentido
e covarde.
Sempre achei Robin Williams um ator de improviso, e acho que neste
filme, ele improvisa muito durante as cenas que transmite o seu programa de
rádio, pois nota-se que o ator tem um domínio completo do que está fazendo na
frente das câmeras, e ao mesmo tempo, está fora da "zona de conforto", se divertindo enquanto diz palavras e frases que lhe vem à cabeça.
Esse é daqueles filmes clássicos, que fizeram História no
Cinema.
A Gaiola das Loucas, 1996.
O que faz um filme inesquecível? Para mim, são diálogos
memoráveis, uma boa direção, um bom roteiro e principalmente, é aquela “aura”
mágica que somente alguns filmes conseguem ter, de passar para o espectador, o
prazer que os atores estão sentindo em cena. E nesta comédia fantástica, esta “aura”
pode ser sentida.
Robin é Armand, um gay dono de boate em Miami, casado com o
hilário Nathan Lane (que interpreta o gay mais engraçado que já vi no Cinema),
que recebe uma tarefa muito complicada: Seu filho vai se casar com a filha de um
senador extremamente conservador (o genial e engraçadíssimo Gene Hackman), e os
pais da noiva, querem conhecer os pais do noivo, portanto, Armand tem que
fingir ser um típico “machão” religioso, com direito a um crucifixo gigante no
meio da sala.
Armand tem que sumir com “a esposa”, mudar sua casa, mudar
seu estilo, enfim, tem que se transformar em outra pessoa, para agradar o “Marco
Feliciano” americano.
Eu me mato de rir todas as vezes que assisto... se está
reprisando na TV por assinatura, eu deixo o que quer que eu esteja fazendo e
assisto pela 100621565 vez.
Não tenho como traduzir a piada, e nem fazê-la compreensível
em nosso idioma, mas na cena em que a “esposa” de Armand começa a “dar pinta”
na frente da família da noiva, e Robin Williams solta um “what about those Dolphins, hum?”, eu passo mal, juro por Deus, eu quase
tenho taquicardia de tanto que dou gargalhadas...
Se tu ainda não assistiu, assiste hoje de noite, eu garanto
que vai tornar a tua noite muito melhor... e se já assistiu, assiste de novo! É
sempre bom demais.
Esta foi a minha maneira de honrar a memória e o trabalho
deste “tiozão”, que já faz muita falta.
O céu ficou bem mais engraçado desde ontem.
Abraço.
Muito bom sinhozinho;
ResponderExcluirNão sabia desse lado cômico natural dele e não sabia que o amigo gostava tanto.
Ficou um texto muito bonito.
Legal de ver essa sua lista de papéis cômicos e dramático.
Parabéns maluco!!!
Abs de Isaura.
Valeu, Porcina, siga lendo, que eu sigo escrevendo! Abs.
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