Sexta passada foi um dia terrível. Após um dia de correria
no trabalho, e de enfrentar quase 40°C à sombra, cheguei em casa, e soube
que Roberto Gómez Bolaños, havia falecido.
Um amigo sempre diz que devemos idolatrar personagens, e
nunca pessoas. Que devemos separar sempre “a criatura do criador.”. Acho isso uma besteira.
Roberto Gómez Bolaños ERA, É e sempre SERÁ o Chaves e o
Chapolin.
Bolaños emprestou sua alma ao criar o menino órfão, que
morava em um barril, e que vivia com fome, e aprontando travessuras. Chaves
nunca foi “burro”, Chaves sempre foi inocente. É impressionante como confundimos honestidade, inocência e desprendimento com "burrice", não acham?
Não sei dizer quantos episódios assisti, ou quantas vezes vi
o mesmo episódio. Sempre que estou assistindo televisão, e está passando, eu
assisto. Mas, como pode, um programa criado na década de 70, que teve uma
quantidade mediana de episódios gravados, fazer rir até hoje? Como posso rir,
se já decorei as piadas, as falas e até as expressões dos personagens?
Porque o programa do Chaves, é atemporal, como toda a grande
expressão artística deve ser.
O humor de Chaves, fará as pessoas rirem daqui há 300 anos,
porque aquele tipo de humor não envelhece, pois usa uma linguagem universal.
Todos nos identificamos com aquele humor circense, físico e inocente, como já
dito anteriormente. Um humor que não precisa agredir, ou ser “intelectual” para
ser engraçado. Tortas de chantilly, terra, bolas de plástico, cabos de vassoura
e sanduíches de presunto são armas poderosíssimas nas mãos de gênios.
A dublagem é outro ponto "fortíssisisisimo", pois a entonação, o uso
da linguagem e a tradução das piadas é um trabalho primoroso, penso que os dubladores,
tem uma imensa parcela de contribuição no sucesso do programa, aqui no Brasil.
Como filho único, passei manhãs, ou tardes, tendo o guri
sardento, que falava “isso, isso, isso”, e que se desculpava dizendo “foi sem
querer, querendo”, como minha única companhia, como meu amigo, que me fazia rir
e me emocionar.
Aprendi com o Chaves, que mesmo tendo pouco, sempre devemos
repartir o que temos com quem tem menos do que nós, que nunca, mesmo sendo
pobre, e tendo fome, se deve roubar. Aprendi que a imaginação é muito mais
importante que brinquedos caros. Aprendi que deve-se sempre amar as pessoas e
os amigos. Aprendi a amar os animais com o Chaves. Aprendi que quando nos
acusam de algo que não fizemos, devemos lutar, até provarmos o contrário.
Ontem, assistindo as homenagens a Bolaños (que foi músico, poeta, jogador de futebol, boxeador, redator, produtor, diretor e ator), quando perguntado em uma entrevista, sobre a criação de outro de de seus imortais personagens, o Chapolin Colorado, o artista deu a seguinte explicação: “Ao contrário do Batman,
ou do Superman, que nunca aparentavam ter medo, eu resolvi criar um super
herói, um super herói mexicano, que sentia medo, que não era o mais forte, ou o
mais inteligente, mas que apesar do medo, e das limitações, se prontificava a
ajudar as pessoas, um herói que mesmo sendo um ‘azarão’, era solidário aos
demais”.
Para mim, o Chapolin é o mais humano de todos os super
heróis. Roberto Gómez Bolaños definiu a verdadeira essência do heroísmo, com o “Polegar
Vermelho”.
Eu nasci, cresci e estou envelhecendo assistindo aos personagens
de Roberto Gómez Bolaños. Mal posso esperar para assistir Chaves e Chapolin com
o meu filho Vicente, que ainda nem nasceu.
Espero poder mostrar para o meu filho, que uma vizinhança cheia de
amigos, é a maior riqueza do mundo, e que mesmo com medo, é preciso sempre seguir adiante.
Adeus, Roberto Gomez Bolaños. Obrigado por tudo.
“Estrelas não morrem, apenas voltam para o céu.”
Um abraço.
Linda homenagem mana, ficou muito bonito seu texto.
ResponderExcluirAcho que quase todo brasileiro em algum momento da vida olhou algum dos programas dele e tenho certeza que Vito adorará olhar tmbm.
Realmente é impressionante como algo simples mas genial ao mesmo tempo pode ser atual e engraçado por tantos anos, fora no aprendizado que passa.
Parabéns, ele tinha o de fazer rir, e tu de escrever ótimos textos. Abração!!!
Valeu mana... obrigado pelas palavras. Realmente, Bolañoz era um grande gênio, e viverá para sempre nos corações dos fãs. Abraço.
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