sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Trovando Sobre: MÚSICA E LEITURA.




Estava lendo uma entrevista do Bruce “The Boss” Springsteen, sobre seus livros e escritores favoritos. Bruce citou como livros de cabeceira “A Estrada” de Cormac McCarthy, “Moby Dick” de Hermann Melville, “Crônicas” de Bob Dylan, “Vida” de Keith Richards e “Amor nos Tempos do Cólera” de Gabriel Garcia Marquez, entre outros. Dentre os autores citados como favoritos por Bruce, estão além dos já mencionados, Jim Thompson e Tolstoy.

Fiquei triste depois de ler essa entrevista.

Fiquei triste porque me dei conta de que a música invariavelmente, nunca mais terá a qualidade que teve no passado. Nunca.

Bruce, Bono, Geezer Butler, Morrissey, Jim Morrison, Lennon, McCartney, Nick Drake, Ian Curtis, Dylan são alguns exemplos de artistas que tem, ou tinham algo em comum: o amor pela leitura.

Nenhum artista, que se propõe a compor letras, pode fazer isso, sem ser um ávido leitor. Não tem como.

A leitura, é a principal característica de um grande compositor, pois sem ler, sem adquirir vocabulário, e conhecimento principalmente, como poderá o compositor, expressar ideias, desejos, anseios, temores e até mesmo sentimentos?

Obviamente que exceções existem. Conheço pessoas semi alfabetizadas que escreveram grandes canções, e que eram artesãos da melodia, mas nesse caso, trata-se de dom, nada a ver com talento. Cartola e Noel Gallagher são dois ótimos exemplos destas exceções.


Não vejo como a música, e até mesmo o cinema, poderão ter grandes expoentes, que se tornem relevantes e representativos, quando nos dias atuais, a ignorância é quase que glorificada, e músicos e atores, mais parecem o elenco de uma agência de modelos, sem necessariamente, terem compromisso ou a vontade de fazerem “a diferença”, de serem porta vozes de algo, de tocarem e mudarem a vida das pessoas. Dizem que a música é um eterno ciclo, e que tudo “volta à moda.”. Mentira.

Não surgirão mais compositores que como Bruce, adquirem conhecimento, vivenciam algo, e expressam em palavras cantadas. Não haverá mais artesões da melodia, pois  nem tocar tu precisa saber mais, basta “baixar o programa tal e dar uma ajeitadinha no pro tools.”.

A grande verdade, é que a música hoje em dia, é feita por preguiçosos. Preguiçosos que só “se coçam” quando se tem grana envolvida.

Dá para imaginar, se um belo dia, os músicos de hoje se dessem conta de que, ao invés de malhar, ou cortar o cabelo 384 vezes por semana, talvez, ler um livro ajudasse no desenvolvimento da sua “arte”?

Tampouco acredito nesses reality shows xexelentos como “The Voice”, “The X Factor”, e genéricos. Para ser sincero, esse tipo de programa representa tudo o que eu mais detesto no show business musical.

Acho um horror aquele exagero vocal, aquela gritaria disfarçada de “potência vocal”, aqueles visuais certinhos... uma linha de produção de futuros cantores de churrascaria.

Sad but true, como diriam os caras do Metallica.

Alguns daqueles candidatos, até são talentosos, mas NENHUM deles é um artista. Não se deve jamais confundir talento com arte. Arte é criação, é pessoal, é sincero. Talento, muitas pessoas podem ter, agora ter um dom, ou ter a arte cravada na alma, é para poucos.

E a leitura, caros amigos, é o ingrediente majoritário para aqueles que são verdadeiramente, artistas.




Um abraço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário