Estava lendo uma entrevista do Bruce “The Boss” Springsteen,
sobre seus livros e escritores favoritos. Bruce citou como livros de cabeceira “A
Estrada” de Cormac McCarthy, “Moby Dick” de Hermann Melville, “Crônicas” de Bob
Dylan, “Vida” de Keith Richards e “Amor nos Tempos do Cólera” de Gabriel Garcia
Marquez, entre outros. Dentre os autores citados como favoritos por Bruce,
estão além dos já mencionados, Jim Thompson e Tolstoy.
Fiquei triste depois de ler essa entrevista.
Fiquei triste porque me dei conta de que a música
invariavelmente, nunca mais terá a qualidade que teve no passado. Nunca.
Bruce, Bono, Geezer Butler, Morrissey, Jim Morrison, Lennon,
McCartney, Nick Drake, Ian Curtis, Dylan são alguns exemplos de artistas que
tem, ou tinham algo em comum: o amor pela leitura.
Nenhum artista, que se propõe a compor letras, pode fazer
isso, sem ser um ávido leitor. Não tem como.
A leitura, é a principal característica de um grande
compositor, pois sem ler, sem adquirir vocabulário, e conhecimento
principalmente, como poderá o compositor, expressar ideias, desejos, anseios,
temores e até mesmo sentimentos?
Obviamente que exceções existem. Conheço pessoas semi
alfabetizadas que escreveram grandes canções, e que eram artesãos da melodia,
mas nesse caso, trata-se de dom, nada a ver com talento. Cartola e Noel
Gallagher são dois ótimos exemplos destas exceções.
Não vejo como a música, e até mesmo o cinema, poderão ter
grandes expoentes, que se tornem relevantes e representativos, quando nos dias
atuais, a ignorância é quase que glorificada, e músicos e atores, mais parecem o elenco de uma agência de modelos, sem necessariamente, terem compromisso ou a
vontade de fazerem “a diferença”, de serem porta vozes de algo, de tocarem e
mudarem a vida das pessoas. Dizem que a música é um eterno ciclo, e que tudo “volta
à moda.”. Mentira.
Não surgirão mais compositores que como Bruce, adquirem
conhecimento, vivenciam algo, e expressam em palavras cantadas. Não haverá mais
artesões da melodia, pois nem tocar tu precisa saber mais, basta “baixar o
programa tal e dar uma ajeitadinha no pro
tools.”.
A grande verdade, é que a música hoje em dia, é feita por
preguiçosos. Preguiçosos que só “se coçam” quando se tem grana envolvida.
Dá para imaginar, se um belo dia, os músicos de hoje se
dessem conta de que, ao invés de malhar, ou cortar o cabelo 384 vezes por
semana, talvez, ler um livro ajudasse no desenvolvimento da sua “arte”?
Tampouco acredito nesses reality shows xexelentos como “The
Voice”, “The X Factor”, e genéricos. Para ser sincero, esse tipo de programa
representa tudo o que eu mais detesto no show business musical.
Acho um horror aquele exagero vocal, aquela gritaria
disfarçada de “potência vocal”, aqueles visuais certinhos... uma linha de
produção de futuros cantores de churrascaria.
Sad but true, como
diriam os caras do Metallica.
Alguns daqueles candidatos, até são talentosos, mas NENHUM
deles é um artista. Não se deve jamais confundir talento com arte. Arte é criação,
é pessoal, é sincero. Talento, muitas pessoas podem ter, agora ter um dom, ou
ter a arte cravada na alma, é para poucos.
E a leitura, caros amigos, é o ingrediente majoritário para
aqueles que são verdadeiramente, artistas.
Um abraço.
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