Eu adoro discos ao vivo. Adoro ouvir as músicas sendo
executadas onde devem ser, na frente das pessoas. Acredito que se o artista é
bom em disco, mas fraco ao vivo, ele é uma espécie de “meio artista”.
Todos os grandes astros da música davam um tremendo show ao
vivo, sem exceções.
Alguns preferem a “perfeição” dos discos de estúdio, e nos
dias de hoje, até mesmo os álbuns ao vivo, passam por uma espécie de “photoshop” na mão de produtores musicais, já que
alguns destes produtores recorrem ao famigerado “overdub” (um processo onde a gravação ao vivo é “consertada” em
estúdio pelos músicos, que regravam partes inteiras das canções e as inserem,
em um processo digital).
Sinceramente, eu gosto da coisa “crua”, pois como Sam
Phillips (o descobridor de Elvis) dizia: “nada é mais perfeito do que a perfeita imperfeição”.
Sentimento acima da técnica, entendeu?
Esses são os meus escolhidos:
The Rolling Stones – Some Girls Live in Texas ’78, 1978.
Promovendo o recém lançado (e fantástico) disco “Some
Girls”, o Stones aportam no estado mais “careta” dos Estados Unidos, e fazem um
pandemônio dos infernos.
Os Stones estavam no auge da criatividade, do hedonismo, dos
excessos, enfim, no auge da carreira, e esse show é “pegado” do início ao fim.
Mick Jagger e Keith Richards inspiradíssimos, e o novato
Ronnie Wood tocando como se sua vida dependesse daquilo.
“Beast of Burden”, “Honky Tonky Women”, “Happy”, “Miss You”,
“Sweet Little Sixteen” e Let It Rock (ambas de Chuck Berry) nunca soaram tão
vivas.
Esse disco capta o que os Stones tem de melhor, sua presença de palco.
Perigosos, lascivos e imprevisíveis, assim eram os Stones na década de 70. Se tu ouvir o disco, vai perceber tudo isso de forma bem clara.
Perigosos, lascivos e imprevisíveis, assim eram os Stones na década de 70. Se tu ouvir o disco, vai perceber tudo isso de forma bem clara.
Kiss – Alive!, 1975.
Após três discos excelentes, mas recebidos de maneira fria
pela crítica, o Kiss resolve mostrar ao mundo a sua força motriz, os shows
cinematográficos que executavam.
Considerados como músicos limitados em disco, porém, capazes
de entreter qualquer plateia, a banda convence a gravadora a bancar o álbum (a
contragosto, pois era apenas o quarto disco do grupo, e a gravadora tinha
muitos receios).
Lembra dos “overdubs”
que mencionei? Diz a lenda que “Alive!”, tem vários deles. Mas sinceramente,
isso não importa, pois o espírito da banda está perfeitamente registrado na
gravação.
Os solos de Ace Frehley soltam faíscas de tão “rasgados”,
Paul Stanley mostra porque é um dos maiores performers de todos os tempos, Gene Simmons
faz sua voz soar mais pesada do que nunca, e até Peter Criss, soa “heavy” no
disco.
“Alive!”, demonstra porque o Kiss foi a maior banda
americana da década de 70. O Kiss era o maior espetáculo do Rock, e é um dos
maiores até hoje.
AC/DC – If You Want Blood... You’ve Got It, 1979.
O AC/DC talvez seja a banda mais honesta e mais Rock N’ Roll
da história do Rock. Nunca gravaram baladas, eram beberrões e mulherengos e
viviam o estilo de vida Rock N’ Roll por completo. Esse álbum registra o que
era um show dessa formidável banda de bar, sim o AC/DC assim como os Stones, é
uma banda de bar que ficou muito, mas muito famosa.
Digamos que desde que o AC/DC surgiu, todo fã de Rock sonha
em ver um show desses caras... QUALQUER fã... pode perguntar.
Escolhi esse álbum pois é um dos poucos registros ao vivo de um dos
maiores cantores de Rock N’ Roll que pisaram neste planeta, chamado Bon Scott.
A voz de Bon exala cerveja e whisky. Adoro Brian Jonhnson (o substituto de Bon), mas não existe comparação entre os dois.
É impossível ouvir “The Jack”, “Let There Be Rock”, “High
Voltage”, “Problem Child” e “Riff Raff” e não abrir uma cerveja gelada.
Crosby, Stills, Nash and Young – 4 Way Street, 1970.
Imagine um time de futebol com Messi, Pelé, Maradona e
Garrincha. Musicalmente, o CSNY é isso.
Quatro dos melhores cantores de todos os tempos, se unem e
gravam dois discos absolutamente essenciais na discografia de qualquer pessoa
que tenha ouvidos e um mínimo de bom gosto, saem em turnê, e registram os
melhores momentos dessa turnê em disco. Por anos, sonhei em poder ouvir esse
disco, me negando em ouvir no Youtube (certas coisas precisam ser feitas da
maneira correta, ou é melhor não fazê-las), até que um dia, um grande (e feroz) amigo me presenteou com o disco.
Eu imaginava que a audição do disco seria maravilhosa, mas eu não
tinha ideia do quanto! O disco é simplesmente perfeito, em todos os seus
detalhes.
Os pequenos erros (nota-se que não houveram correções por
overdubs), as vozes em sintonia dos quatro cantores, a beleza daquelas
composições... eu poderia listar 1.400 qualidades do disco.
O primeiro cd, inteiramente acústico e o segundo elétrico,
se complementam de uma maneira tão harmoniosa, que tenho certeza que se fossem
lançados separadamente, perderiam a metade de seu encanto.
Com certeza, “4 Way Street” é uma das grandes obras de arte
do século XX.
Muddy Waters – At Newport, 1960.
Só duas razões, ok?
Esse disco influenciou Eric Clapton e Jimmy Page a
aprenderem a tocar guitarra.
Muddy esfregou toda a sensualidade e a urgência do blues na
cara dos brancos quadrados e sem suingue.
Ponto final.
Ao vivo, o artista se despe na frente da audiência, e mostra
as canções como elas foram imaginadas. Discos ao vivo realçam a essência do
artista, e o apresentam desprovido de vaidade à platéia. Discos ao vivo são
bravos.
Discos ao vivo são corajosos.
E este texto é dedicado ao homem mais corajoso que eu
conheço, Rodrigo Ariel de Castro, o meu amigo Nica.
Abraço.
O meu amigo, muito obrigado pela dedicação, fico emocionado e muito feliz. Mas ressaltando, somos corajosos, pois tu me encoraja!!!
ResponderExcluirMuiiiito bom texto, vc como sempre passa todo seu conhecimento em forma de texto e eu adoro isso!!!
Escolhas bem diversas tmbm. Adorei como sempre!!!
Parabénssss
Obrigado, amigão. Nos encorajamos, então... Um abração.
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