Meu pai colocou TV a cabo na nossa casa por volta de 1995.
Um dos melhores anos musicais da minha vida. Só para se ter
uma ideia, essas eram as bandas de Rock que imperavam nas paradas de sucesso:
Oasis, Red Hot Chili Peppers, Alice In Chains, The Verve, Nirvana, entre outras
bandas legais.
Antes da TV a cabo, somente através de revistas mensais para
se ter notícias dos ídolos da música naqueles tempos.
Quando finalmente, tive acesso aos canais UHF (eram chamados
assim na época), o primeiro canal que acompanhei fielmente, foi a MTV Brasil, e
um dos programas da MTV Brasil, era o “Unplugged
MTV”, ou o famoso “Acústico MTV”, que era exibido nos Estados Unidos, e
alguns meses depois, a MTV Brasil exibia por aqui. Eu também não perdia as
reprises de Acústicos apresentados no passado.
Quantas noites esperei para ver minhas bandas favoritas
tocando em formato acústico? Quanta grana não gastei em fitas VHS para gravar
os programas, e depois, revê-los com os amigos? Bons tempos, definitivamente.
Quase sempre, esses Acústicos MTV viravam discos, que
posteriormente eram vendidos como parte da discografia da banda, mas por vezes,
os shows não viravam discos, e só podiam ser apreciados na TV.
Nesse texto, vou listar meus 5 Acústicos MTV favoritos (que
em nem todos os casos, saíram no formato de disco).
São eles:
Paul McCartney, 1991.
O primeiro da série de programas da MTV.
Paul revisita algumas canções dos Beatles, de sua carreira solo e até covers do Rock N’ Roll, de maneira alegre e despojada. Acompanhado de sua "bandaça', Paul coloca ainda mais charme e sentimento em canções imortais dos Beatles como “Here, There and Everywhere”, “Blackbird” e “And I Love Her”, e sobra espaço até para algumas surpresas, pois Paul canta a sua primeira composição, uma canção que ele escreveu aos catorze anos de idade, chamada “I’ve Lost My Little Girl”, além de uma performance do astro na bateria, durante a canção “Ain’t No Sunshine”, cover do grande Bill Whiters.
Paul revisita algumas canções dos Beatles, de sua carreira solo e até covers do Rock N’ Roll, de maneira alegre e despojada. Acompanhado de sua "bandaça', Paul coloca ainda mais charme e sentimento em canções imortais dos Beatles como “Here, There and Everywhere”, “Blackbird” e “And I Love Her”, e sobra espaço até para algumas surpresas, pois Paul canta a sua primeira composição, uma canção que ele escreveu aos catorze anos de idade, chamada “I’ve Lost My Little Girl”, além de uma performance do astro na bateria, durante a canção “Ain’t No Sunshine”, cover do grande Bill Whiters.
Outra curiosidade, é que este talvez seja o Acústico mais “acústico”
de todos, já que nenhum instrumento musical estava plugado a cabos, o som foi
totalmente captado através de microfones! Como sempre, Paul mostrando quem
manda.
Bob Dylan, 1995.
Esse Acústico foi uma espécie de “renascimento” na carreira
do Dylan, já que ele andava meio esquecido, e não fazia mais tantos shows assim.
Digamos que esse programa, serviu para “apresentar” Dylan as
gerações mais novas, e que desconheciam seu importante e fundamental trabalho
musical.
Junto de banda de apoio incrível, Bob despeja com sua peculiar “fúria”, em clássicos imaculados do Rock como “Tombstone Blues”, “All Along The Watchtower”, “Knockin
on Heaven’s Door” e “Like a Rolling Stone” (essas duas últimas, em versões que
fariam o Roberto Carlos falar “puta merda”, em público!).
Nunca vou esquecer também do meu espanto quando vi aquele “tiozinho”
tocando com aquele tesão todo.
E o cd deste Acústico, foi um dos primeiros álbuns de Dylan
que ouvi... e me arrebatou na hora.
Nirvana, 1994.
Considero este, o Acústico mais importante da MTV, não o
melhor, mas o mais importante.
Todos acharam que quando o Nirvana aceitou participar do
programa, o que se veria, seria uma barulheira tremenda, e uma espécie de “encontro
de amigos grunge”, já que Kurt Cobain, demonstrou interesse em levar amigos
músicos, como convidados especiais.
Mas o que se viu, foi uma banda coesa, centrada e até mesmo,
concentrada, buscando fazer um trabalho excelente, o que de fato, fizeram.
Li na biografia de Cobain, que ele estava em um péssimo estado
antes do início da gravação, já que o artista tinha sérios problemas estomacais
e com drogas, e teve uma espécie de “piripaque”, sentindo muitas cólicas. Mas
acredito que quando a gravação iniciou, Cobain ao menos, foi extremamente
profissional, fazendo um trabalho belíssimo, onde desde o repertório até o
cenário, tiveram diversas sugestões suas, aceitas
Misturando sucessos próprios (“Come As You Are”, “All
Apologies”, “Pennyroyal Tea”), com covers
inesperados e ótimos (The Man Who Sold The World”, “Platteau” e “Jesus Doesn’t
Want Me For a Sunbean”) e com convidados apropriados ao evento (os caras da
banda Meat Puppets, banda obscura, da qual Kurt era fã), o Nirvana com este
programa, deixou o seu “testamento musical”, em altíssimo nível.
Neil Young, 1993.
Algumas pessoas consideram Neil Young uma espécie de “deus”,
e isto é um absurdo.
Não sei se Deus conseguiria criar melodias e letras tão
maravilhosamente belas como Neil.
Neste Acústico, Neil está mais do que a vontade, já que sua
obra musical, sempre se dividiu entre o peso e a distorção das guitarras
elétricas, e a poesia e o lirismo melódico dos violões. Um cara que apresenta
músicas como “From Hank To Hendrix”, “Helpless”, “Harvest Moon”, “Mr. Soul”, “Pocahontas”
e tantas outras, de uma maneira ainda mais sublime e pungente, não tem como
errar... é simplesmente impossível.
O Acústico de Neil Young é maravilhoso do início ao fim, sem
falhas e nem momentos “menores”. Não conheço qualquer pessoa que tenha ouvido
ou assistido ao show e não tenha gostado.
A obra de Neil Young, é muito bem resumida neste Acústico, e
as pequenas alterações nas melodias das músicas, deram um toque especial a mais
nas composições (com exceção de “Like a Hurricane”, onde a mudança drástica da
melodia conduzida por órgão, ao invés da guitarra dá outra conotação a canção, a deixando ainda mais sublime).
Neil Young reina!
Kiss, 1996.
O melhor Acústico da MTV. Em todos os sentidos.
Musicalmente, o Kiss mostra toda a força das suas canções
com arranjos de extremo bom gosto, ressaltando toda a beleza de seu repertório.
Uma banda como o Kiss, que em 1996 tinha vinte e dois anos
de carreira, e com uma infinidade de músicas de sucesso, teve ter tido muito
trabalho para escolher um repertório que representasse bem a “cara” da banda, e
fizeram isso de maneira primorosa, cantando os sucessos, e até mesmo,
resgatando obscuridades que há muitos anos não eram tocadas ao vivo (em certos
casos, algumas canções nunca tinham sido executadas ao vivo durante toda a trajetória da banda).
“Plaster Caster”, “Goin’ Blind”, “Sure Know Something”, “Every
Time I Look At You”, “Beth” e como Paul Stanley fala no programa: “Países tem
seus hinos, e este é o Hino do Rock”, a clássica “Rock N’ Roll All Nite”, fazem
desse momento não, um programa, ou um show, mas uma celebração, uma festa, em
todos os sentidos possíveis..
Outro fator que torna a apresentação histórica, foi que
depois de quinze anos separados, os membros originais da banda se reuniram e
tocaram algumas canções juntos neste Acústico.
Esses são os meus Acústicos da MTV favoritos.
Espero que se possível, todos sejam vistos ou ouvidos, por
meus amigos leitores, pois eu garanto... é diversão da melhor qualidade.
Um abraço.