sexta-feira, 27 de junho de 2014

Trovando Sobre: ACÚSTICOS MTV.




Meu pai colocou TV a cabo na nossa casa por volta de 1995.

Um dos melhores anos musicais da minha vida. Só para se ter uma ideia, essas eram as bandas de Rock que imperavam nas paradas de sucesso: Oasis, Red Hot Chili Peppers, Alice In Chains, The Verve, Nirvana, entre outras bandas legais.

Antes da TV a cabo, somente através de revistas mensais para se ter notícias dos ídolos da música naqueles tempos.

Quando finalmente, tive acesso aos canais UHF (eram chamados assim na época), o primeiro canal que acompanhei fielmente, foi a MTV Brasil, e um dos programas da MTV Brasil, era o “Unplugged MTV”, ou o famoso “Acústico MTV”, que era exibido nos Estados Unidos, e alguns meses depois, a MTV Brasil exibia por aqui. Eu também não perdia as reprises de Acústicos apresentados no passado.

Quantas noites esperei para ver minhas bandas favoritas tocando em formato acústico? Quanta grana não gastei em fitas VHS para gravar os programas, e depois, revê-los com os amigos? Bons tempos, definitivamente.

Quase sempre, esses Acústicos MTV viravam discos, que posteriormente eram vendidos como parte da discografia da banda, mas por vezes, os shows não viravam discos, e só podiam ser apreciados na TV.

Nesse texto, vou listar meus 5 Acústicos MTV favoritos (que em nem todos os casos, saíram no formato de disco).

São eles:

Paul McCartney, 1991.














O primeiro da série de programas da MTV. 

Paul revisita algumas canções dos Beatles, de sua carreira solo e até covers do Rock N’ Roll, de maneira alegre e despojada. Acompanhado de sua "bandaça', Paul coloca ainda mais charme e sentimento em canções imortais dos Beatles como “Here, There and Everywhere”, “Blackbird” e “And I Love Her”, e sobra espaço até para algumas surpresas, pois Paul canta a sua primeira composição, uma canção que ele escreveu aos catorze anos de idade, chamada “I’ve Lost My Little Girl”, além de uma performance do astro na bateria, durante a canção “Ain’t No Sunshine”, cover do grande Bill Whiters.

Outra curiosidade, é que este talvez seja o Acústico mais “acústico” de todos, já que nenhum instrumento musical estava plugado a cabos, o som foi totalmente captado através de microfones! Como sempre, Paul mostrando quem manda.




Bob Dylan, 1995.




















Esse Acústico foi uma espécie de “renascimento” na carreira do Dylan, já que ele andava meio esquecido, e não fazia mais tantos shows assim.

Digamos que esse programa, serviu para “apresentar” Dylan as gerações mais novas, e que desconheciam seu importante e fundamental trabalho musical.

Junto de banda de apoio incrível, Bob despeja com sua peculiar “fúria”, em clássicos imaculados do Rock como “Tombstone Blues”, “All Along The Watchtower”, “Knockin on Heaven’s Door” e “Like a Rolling Stone” (essas duas últimas, em versões que fariam o Roberto Carlos falar “puta merda”, em público!).

Nunca vou esquecer também do meu espanto quando vi aquele “tiozinho” tocando com aquele tesão todo.

E o cd deste Acústico, foi um dos primeiros álbuns de Dylan que ouvi... e me arrebatou na hora.




Nirvana, 1994.
















Considero este, o Acústico mais importante da MTV, não o melhor, mas o mais importante.

Todos acharam que quando o Nirvana aceitou participar do programa, o que se veria, seria uma barulheira tremenda, e uma espécie de “encontro de amigos grunge”, já que Kurt Cobain, demonstrou interesse em levar amigos músicos, como convidados especiais.

Mas o que se viu, foi uma banda coesa, centrada e até mesmo, concentrada, buscando fazer um trabalho excelente, o que de fato, fizeram.

Li na biografia de Cobain, que ele estava em um péssimo estado antes do início da gravação, já que o artista tinha sérios problemas estomacais e com drogas, e teve uma espécie de “piripaque”, sentindo muitas cólicas. Mas acredito que quando a gravação iniciou, Cobain ao menos, foi extremamente profissional, fazendo um trabalho belíssimo, onde desde o repertório até o cenário, tiveram diversas sugestões suas, aceitas 

Misturando sucessos próprios (“Come As You Are”, “All Apologies”, “Pennyroyal Tea”), com covers inesperados e ótimos (The Man Who Sold The World”, “Platteau” e “Jesus Doesn’t Want Me For a Sunbean”) e com convidados apropriados ao evento (os caras da banda Meat Puppets, banda obscura, da qual Kurt era fã), o Nirvana com este programa, deixou o seu “testamento musical”, em altíssimo nível.




Neil Young, 1993.


















Algumas pessoas consideram Neil Young uma espécie de “deus”, e isto é um absurdo.

Não sei se Deus conseguiria criar melodias e letras tão maravilhosamente belas como Neil.

Neste Acústico, Neil está mais do que a vontade, já que sua obra musical, sempre se dividiu entre o peso e a distorção das guitarras elétricas, e a poesia e o lirismo melódico dos violões. Um cara que apresenta músicas como “From Hank To Hendrix”, “Helpless”, “Harvest Moon”, “Mr. Soul”, “Pocahontas” e tantas outras, de uma maneira ainda mais sublime e pungente, não tem como errar... é simplesmente impossível.

O Acústico de Neil Young é maravilhoso do início ao fim, sem falhas e nem momentos “menores”. Não conheço qualquer pessoa que tenha ouvido ou assistido ao show e não tenha gostado.

A obra de Neil Young, é muito bem resumida neste Acústico, e as pequenas alterações nas melodias das músicas, deram um toque especial a mais nas composições (com exceção de “Like a Hurricane”, onde a mudança drástica da melodia conduzida por órgão, ao invés da guitarra dá outra conotação a canção, a deixando ainda mais sublime).

Neil Young reina!



Kiss, 1996.


















O melhor Acústico da MTV. Em todos os sentidos.

Musicalmente, o Kiss mostra toda a força das suas canções com arranjos de extremo bom gosto, ressaltando toda a beleza de seu repertório.

Uma banda como o Kiss, que em 1996 tinha vinte e dois anos de carreira, e com uma infinidade de músicas de sucesso, teve ter tido muito trabalho para escolher um repertório que representasse bem a “cara” da banda, e fizeram isso de maneira primorosa, cantando os sucessos, e até mesmo, resgatando obscuridades que há muitos anos não eram tocadas ao vivo (em certos casos, algumas canções nunca tinham sido executadas ao vivo durante toda a trajetória da banda).

“Plaster Caster”, “Goin’ Blind”, “Sure Know Something”, “Every Time I Look At You”, “Beth” e como Paul Stanley fala no programa: “Países tem seus hinos, e este é o Hino do Rock”, a clássica “Rock N’ Roll All Nite”, fazem desse momento não, um programa, ou um show, mas uma celebração, uma festa, em todos os sentidos possíveis..

Outro fator que torna a apresentação histórica, foi que depois de quinze anos separados, os membros originais da banda se reuniram e tocaram algumas canções juntos neste Acústico.




Esses são os meus Acústicos da MTV favoritos.

Espero que se possível, todos sejam vistos ou ouvidos, por meus amigos leitores, pois eu garanto... é diversão da melhor qualidade.



Um abraço.



quinta-feira, 26 de junho de 2014

Trovando Sobre: DISCOS PARA ENTENDER O PUNK.



Ontem tive uma visão horrível. Um guri de uns 15 anos no máximo, me disse no Facebook que “é muito apaixonado por bandas punk”.

Esse guri é sobrinho de um grande amigo meu e me parece ser um guri bem legal.

Perguntei quais eram as bandas punk favoritas dele... e a reposta do moleque me fez  ter a tal “visão horrível”.

“Green Day e Charlie Brown Jr.”, foi a resposta. Quase caí da cadeira... literalmente.

Sei que em pleno 2014, esperar que um menino de 15 anos conheça bandas obscuras como Dead Boys e The Exploited, é pedir demais, e nem me assustou tanto o fato do guri citar o Green Day, banda que até tenho uma certa simpatia (apesar de os achar uma banda extremamente pop, com canções rasas e com péssimos músicos).

O que me fez “caírem os butiás do bolso”, foi o menino ter citado o Charlie Brown Jr.

Sempre detestei com todas as minhas forças essa coisa ridícula que alguns insistem em chamar de “banda”. Ao contrário do Green Day, o CBJ, tinha bons músicos que dominavam plenamente os seus instrumentos.

O grande problema do CBJ era o vocalista e “letrista”, o tal de Chorão.

Chorão escrevia letras extremamente ridículas, mascaradas com ares de “rebeldia juvenil e incompreensão”, misturados com um “sentimento patético de posição adolescente contra o sistema” e com uma pitada da mais baixa e rasteira fórmula de letras de “livros de auto - ajuda espíritas”. Exatamente o que a Pitty faz hoje em dia...

As letras do CBJ, parecem ter sido escritas por um menino de 14 anos que já tinha repetido a 5ª série duas vezes. Tenho certeza que o Danilo Gentili devia um ser um grande fã da banda na sua adolescência.

Por essas e outras, resolvi fazer uma pequena lista com cinco discos que acredito, possam ajudar para uma compreensão do que é o verdadeiro estilo musical punk, estilo que surgiu na contramão das horrendas bandas progressivas que surgiram nas décadas de 60 e 70. Enquanto os progressivos tocavam músicas (chatérrimas) com 15 minutos de duração, os punks, em 3 minutos, emulavam Elvis, Beatles, Beach Boys e todos aqueles que faziam música com o coração e com a pélvis, e não com o cérebro e partituras.

Meus discos punk favoritos são:


The Stooges, Fun House – 1970.


Esse grupo é uma espécie de “pré punk”, já que eram punks, antes do termo “punk” sequer existir.

Liderados por um dos maiores frontman da História do Rock, o genial Iggy Pop, os Stooges faziam um som cheio de raiva, angústia e descontentamento com o rumo da humanidade. Ao contrário do CBJ e do Green Day, os Stooges não aparentavam serem punks, eles literalmente viviam o estilo ao pé da letra. 

Drogas pesadas, sexo promíscuo, atitude, rebeldia e violência. Esses eram os ingredientes dessa banda seminal e extremamente influente no Rock. Os Stooges não apenas cantavam sobre a vida marginal, eles a viviam diariamente. Só por conter hinos como “Down on The Street”, “Loose”, “Dirt” e a maravilhosamente insana “T.V. Eye”, esse disco toda vez que fosse tocado, deveria ser ouvido de joelhos!

O primeiro disco da banda, auto intitulado, também é maravilhoso e altamente recomendável.


New York Dolls, 1971.


“As bonecas de Nova Iorque”. Só o nome da banda já é mais punk do que a Avril Lavigne jamais conseguirá ser.

Os Dolls, eram uma banda de caras que pareciam os travestis mais feios do planeta Terra, e que tocavam canções de 3 minutos com uma fúria e uma espécie de loucura que era contagiante. Esse é o primeiro disco dos caras e cheio de músicas essenciais como “Pills”, “Subway Train”, “Looking For a Kiss” e “Personality Crisis”. Só para se ter uma ideia do tamanho da influência dos caras, Morrissey foi presidente do 1º fã clube dos Dolls na Inglaterra, e já declarou que aprendeu o que era Rock com a banda.

É mole?






The Sex Pistols, Never Mind The Bolocks, Here’s The Sex Pistols - 1977.


Reza a lenda que disco vendeu mil cópias quando foi lançado, mas todas aquelas mil pessoas que o compraram, após ouvi-lo, formaram bandas.

Talvez o disco mais influente do punk, Never Mind... expressou em forma de música, toda a angústia e o desalento de ser jovem e sem perspectivas na Inglaterra em 1977.

Se tu fosse rico, seria cada vez mais rico, se tu fosse pobre, estaria ferrado para o resto da vida. Johnny Rotten através de suas letras, deu voz a todos aqueles jovens que se sentiam deslocados no mundo. Além disso, Rotten atacava a realeza britânica se dó e nem piedade, além de defender o aborto e o consumo de drogas. Isso em 1977. Isso é ser punk.

Outro fator positivo do disco é guitarra influente de Steve Jones, que influenciou desde o Noel Gallagher até o Slash.







The Clash, London Calling – 1979.


Considerado uma “bíblia do Rock”, por bandas e artistas como U2, Bruce Springsteen e The Strokes, London Calling é o disco mais politizado e, musicalmente falando, mais “universal” do punk.

As letras de Joe Strummer e Mick Jones falavam da miséria da classe proletária, dos sindicatos de trabalhadores, dos abusos sofridos pelas mulheres, dos altos impostos ingleses entre outros temas.

Esse disco é “universal”, pois pela primeira vez, guitarras rápidas e letras ácidas eram envoltas em influências de gêneros tão díspares como Reggae, Soul, Ska, Pop e R&B. O Clash expandiu todas as fronteiras musicais do estilo punk, o elevando ao status de música “respeitável”, o que não acontecia até então.

“Brand New Cadillcac”, “Jimmy Jazz”, “Lost in The Supermarket”, “Spanish Bombs",  “Clapdown” e "London Calling" são canções que foram escritas há 30 anos atrás e soam mais atuais que qualquer coisa que o Coldplay venha a lançar em sua patética carreira.








Ramones, Rocket To Russia, 1977.



Eu considero a influência musical dos Ramones quase tão abrangente e tão importante quanto a dos Beatles.

Futuros membros do Clash, dos Sex Pistols e do The Jam estavam no show que eles fizeram em Londres em 1976, e após esse show, todos formaram suas respectivas bandas.

Os Ramones influenciaram todos os grupos de Rock que vieram depois deles, e não falo só dos punks, mas dos de Rock em geral. Não eram excelentes músicos, mas os Ramones conseguiam atingir aquele nível de sentimento que os pioneiros do Rock N’ Roll atingiam... não eram excelentes de técnica musical, como eu disse, mas eram perfeitos na arte de SENTIR a música... de demonstrar tesão e vontade.

E como sabemos, a vontade (ou sentimento) sempre supera a técnica.

Esse disco é o terceiro da banda e o mais popular, contendo clássicos como “Surfin Bird” (cover do grupo Thrashmen), “Rockaway Beach”, "Cretin Hop”, “I Don’t Care”, “Sheena Is a Punk Rocker” e “Teenage Lobotomy”.

Os Ramones falavam pelos jovens americanos pobres (e entediados), só que falavam de um jeito, que o jovem inglês, africano, chinês, russo ou até marciano, pudessem entender e se identificar.





Espero sinceramente, que o sobrinho do meu amigo ouça, ao menos uma vez na vida, algum destes álbuns. É capaz de mudar alguns conceitos na cabeça do guri.

Oremos.





Abraço.



quarta-feira, 18 de junho de 2014

Trovando Sobre: FILMES PARA MEU BEBÊ.


Oi, bebê... espero que esteja tudo bem contigo aí, dentro da barriga da tua mãe.

Ela e eu estamos contando os minutos para te conhecer. Pensando nisso, resolvi seguir aquela linha dos discos que recomendei pra ti, então pensei em te recomendar alguns filmes também.

Eu já assisti a todos esses filmes, e acho que tu vai gostar de assisti-los, e é claro, que vou assistir todos novamente contigo.

Faço isso também, na esperança de que o tempo passe mais rápido e quanto mais cedo possível, tua mãe e eu vamos poder te abraçar e beijar milhares de vezes.

Os filmes que teu coroa selecionou pra ti são:




Deu a Louca nos Monstros, 1987.


Fiquei na dúvida entre “Os Goonies” e esse. Tua mãe, provavelmente vai assistir “Os Goonies” contigo, então optei por esse que acho tão bom quanto (na verdade, acho até melhor).

Um grupo de crianças que são amigas e vizinhas, se unem para enfrentar o Conde Drácula, que usa o Monstro da Lagoa Negra, o Lobisomem e a Múmia para se apoderar de um amuleto mágico que lhe dará  poderes infinitos.

Os amigos têm como aliado o “monstro” de Frankenstein (em uma bela atuação do ator que interpreta a criatura), o ator que interpreta o Drácula, também está muito bem, e o grupo de crianças não faz feio.

É muito legal ao assistir ao filme, ver tantos elementos que eu vivi na infância, e que tu certamente, também vai viver, como o grupinho de amigos inseparáveis, a “sede do clube”, as brincadeiras e aventuras na rua e em terrenos baldios, as voltas de bicicleta em grupo, enfim, coisas assim, que fazem parte da infância.

Acho que vamos ver o filme e dar umas voltas de bicicleta depois... que tal?





Babe, O Porquinho Atrapalhado, 1995.


Eu adoro bichos, e acho que tu também vai gostar muito (até porque, vou fazer com que tu tenha contato desde cedo com eles), então pensei em vermos esse filme muito bonito sobre a amizade e a nobreza dos animais.

Existe um livro de um autor chamado George Orwell, chamado “A Revolução dos Bichos”, onde a sociedade humana é simbolicamente retratada em uma fazenda, e os bichos, os membros dessa sociedade.

“Babe”, é levemente inspirado nesse livro. Acho que tu vai rir bastante dos bichos falando e vai gostar muito deles, em especial do porquinho Babe.

Depois, te levo na casa das tuas avós, pra brincarmos com a Minnie, com o Elvis e com a Pepê.




Os Trapalhões e o Mágico de Oróz, 1984.



De cara, pensei em citar o original (O Mágico de Oz), mas vou optar por essa sátira feita por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, os fantásticos “Trapalhões”, do clássico filme americano.

Lembro de ir com a escola, ver no saudoso Cine Independência, e rir bastante das piadas e das cenas muito engraçadas do filme... não esqueço do Didi tentando “caçar” urubus, usando um estilingue gigante, e se jogando ao ar, para pegar os bichos “à unha”.

Na época da minha infância, ver filmes dos Trapalhões era algo que toda criança fazia.

Mussum está demais como o Homem de Lata, e tenho certeza de que ele vai ser o teu preferido, assim como também é meu Trapalhão predileto. Os outros também são legais (principalmente o Didi), mas o “Kid Mumu” é impagável.

O filme tem umas cenas musicais muito legais, e acho que tu vai adorar essas partes, em especial.

Vamos rir muito das “trapalhadas” do quarteto em busca do temido “Oróz”.





A Fantástica Fábrica de Chocolate, 1971.


Esse aqui é uma espécie de “Kiss em forma de filme”, pois assim como acontece com a banda, não existe criança que não se encante com a história do menino Charlie, que sonha em encontrar o bilhete dourado em uma barra de chocolate para poder conhecer a fábrica dos deliciosos doces Wonka, que pertence ao excêntrico Willy Wonka.

Gene Wilder (o ator que interpreta Willy Wonka) nasceu para o papel, e a figura dele com a cartola, com o cabelo estranho e a roupa colorida, vai ficar na tua memória, com certeza.

O filme vai encantar também pela presença dos “Ooompas Looompas”, os anõezinhos cantores ajudantes do Willy Wonka no preparo dos chocolates e doces da fábrica.

Se a tu mãe bobear, comemos uns chocolates, bem de cantinho, assistindo ao filme...




Yellow Submarine, 1967.



Claro que eu dar um jeito de incluir algum filme dos Beatles aí nessa lista. E o mais adequado pra vermos primeiro, é esse desenho animado “psicodélico” de 1967.

Nesse desenho, os “malvados azuis”, tentam dominar os mares e depois mundo!

E quem poderá nos defender? (Isso é tema para outro texto...).

Os Beatles, é claro! A bordo de seu magnífico submarino amarelo, eles encaram os malvados azuis, embalados em canções imortais da maior banda de Rock que já existiu.

Vai ser muito legal assistir ao teu lado, e te explicando as imagens surreais, as falas enroladas dos personagens e a história em si.

Tenho certeza que vamos nos divertir demais. Quero muito ver quais músicas tu vai gostar mais, qual beatle vai ser o teu favorito, qual cena vai ser a tua preferida...

Não sei porque, mas sinto que tu vai gostar do Ringo, meu bebê... intuição de pai.




Meu bebê, te espero para que a nossa família possa se reunir na frente da TV pra vermos esses e muitos outros filmes legais.

Não tenha pressa, mas saiba que a espera está grande por aqui.

Um beijo.

Te amo.


Do teu pai, Sandro.


terça-feira, 17 de junho de 2014

Trovando Sobre: DISCOS INJUSTIÇADOS


Horríveis para uns, e excelentes para outros...

Geralmente quando bandas saem de sua “zona de conforto” e criam obras digamos, “diferentes” do que costumeiramente fazem, inevitavelmente, os fãs se dividem naqueles que rechaçam o trabalho, ouvindo-o uma ou duas vezes apenas, taxando o trabalho de ruim, e sem relação com a proposta da banda ou artista, e existem também, aqueles que ficam encantados com a audácia e com a ousadia da banda, ouvindo o trabalho muitas vezes antes de emitir opiniões.

Sou adepto da segunda opção.

Por esse motivo, listei aqui, alguns álbuns que merecem uma “terceira ou quarta ouvida” por parte dos fãs.

São eles:


Come Taste The Band – Deep Purple, 1975.


Saindo um pouco daquela forma hard rock, o Deep Purple incorpora elementos funk e até mesmo soul em suas canções, isto se dá, em grande parte graças ao ingresso do excepcional (e o melhor vocalista do Purple) David Coverdale, do grande guitarrista Tommy Bolin e de um dos maiores baixistas e cantores do Rock, o genial Glenn Hughes.

Hughes era um grande fã de funk, como qualquer baixista sério deveria ser, e trouxe elementos deste estilo ao som pesado do Purple, deixando assim, a banda com mais “suingue e groove”.

Os vocais de Coverdale e Hughes deixam o disco ainda mais especial, pois pela primeira vez, a banda tem cantores, e não um “gritador” (desculpa aí, Ian Gillan), mas canções como “Lady Luck”, “Dealer”, “Gettin’ Tighter” e “I Need Love” não me deixam mentir.

Acho esse disco um dos três melhores álbuns do Purple.





Odair José – O Filho de José e Maria, 1977.


Talvez a primeira (e única) “ópera Rock” brasileira.

Não sei se Odair se inspirou no álbum “Tommy”, do grupo inglês The Who, para criar este magnífico trabalho, mas o resultado ficou semelhante, com uma ressalva, os ingleses não tinham o ritmo e a ginga de Odair.

Inspirado na história de Jesus Cristo, Odair concebeu o disco como um projeto temático, onde o disco todo, seria norteado por um tema, apenas, o nascimento de Cristo.

Porém, Odair incluiu em sua “história”, críticas ferrenhas a igreja católica, e ao cristianismo, onde se posicionava totalmente a favor do divórcio, dos métodos anticoncepcionais e até mesmo do aborto!

Isto em 1977.

A igreja fez uma fervorosa campanha contra o disco, e a gravadora não se dispôs a divulgá-lo, por medo de represálias, e o álbum foi um fracasso de vendas.

Tremenda besteira! O disco é excelente do início ao fim, com letras muito boas e melodias melhores ainda.  Odair criou um dos maiores clássicos da música popular brasileira, e digo isso sem medo de errar ou exagerar.

Roberto Carlos teria de nascer de novo para criar algo parecido com esse disco.




(Music From) The Elder – Kiss, 1981.


Entre os fãs do Kiss, falar do The Elder, é quase uma heresia.

Nem a banda gosta do disco, e seus fãs, menos ainda (com exceções). Eu sou uma destas exceções.

Acho The Elder, um baita disco, e arrisco a dizer, que é um dos melhores da carreira do Kiss.

Com a saída de Peter Criss, e a entrada de Eric Carr, assumindo as baquetas, a banda estava “de fôlego novo”, e um desafio caía bem.

Coube ao produtor Bob Ezrin fazer o desafio. O Kiss era constantemente atacado pelos críticos especializados, por serem considerados músicos fracos, sem muito conhecimento e domínio de seus instrumentos e de  suas composições serem rasas e triviais.

Determinados a mudar essa concepção, o grupo resolve criar um álbum temático, onde o tema principal, seria a eterna luta do bem contra o mal (sugestão de Gene Simmons).

As canções do álbum foram meticulosamente trabalhadas e muito bem produzidas, onde pela primeira vez, se notava um preciosismo até então inédito na carreira do quarteto.

Com exceção de Ace Frehley, todos se empenharam muito no sucesso do projeto, o que não aconteceu, devido à má recepção dos fãs que queriam o “Kiss soando como Kiss”.

Eu considero o álbum um passo além na carreira dos caras, e canções como “Just a Boy”, “I”, “Dark Light” e “The Oath”, estão estre as melhores já feitas pelo Kiss.




Lulu – Metallica e Lou Reed, 2011


Para início de conversa, Lulu não é um disco do Metallica, é uma espécie de projeto de “poesia musicada”, entre a banda e o músico, poeta e gênio Lou Reed. A banda e o artista se conheceram em uma premiação de música, onde tocaram e juntos, e iniciaram uma amizade.

Reed mostrou umas poesias para a banda que as adorou, e então resolveram trabalhar juntos, onde o Metallica criaria as melodias (pesadíssimas) e Lou Reed “cantaria” de maneira despojada (na verdade, Reed declamava as letras, por cima da base musical).

Durante as sessões, o clima era dos melhores possíveis, e Reed, morreu feliz com resultado do trabalho, mesmo tendo chegado a receber ameaças de morte de alguns  fãs da banda de heavy metal. Quanta gente babaca existe nesse mundo, não é mesmo?

Acho as "poesias musicadas" do disco muito bonitas e profundas, e apesar de ser bem mais fã de Lou Reed do que do Metallica, ouço o disco sempre com muito prazer.

Dizem que quando tocaram no estúdio de gravação a canção “Junior Dad” pela primeira vez, onde Reed fala sobre um pai ausente, James Hetfield (vocalista do Metallica) foi as lágrimas.




Bob Dylan – Saved, 1980.


A fase mais criticada e menos ouvida de Dylan é a chamada “fase cristã”. E é uma das minhas “fases” favoritas. Acho que este período só perde em termos de qualidade, para a fase de transição dos anos 60 para 70.

Neste período, Dylan que havia renunciado o judaísmo, e abraçado o cristianismo com fervor (influenciado pela sua namorada na época, a cantora gospel Clydie King), frequentemente durante seus shows, discursava sobre a fé e importância de Deus.

Quando achava que não era levado a sério, ou que a platéia estava dispersa, constantemente dizia: “Isto é importante, e se vocês não compreendem o que estou dizendo, podem ir para um show do Kiss!”. Irônico, não?

Entretanto, Dylan nunca esteve tão inspirado musicalmente. Suas composições não tinham teor fanático ou de “pregação”, pelo contrário.

Dylan falava do amor, do respeito e a importância da fé e da espiritualidade, sob melodias lindas e tocantes.

Este álbum, em especial traz canções belíssimas como “What Can I Do For You”, “Covenant Woman”, “In The Garden” e “Saving Grace”.

Adquiri o álbum há alguns dias, e o ouço direto... e cada vez gosto mais.

Aleluia, Bob!




Estes foram os meus “injustiçados”, cito também os álbuns “Mob Rules” do Black Sabbath e “Pop” do U2, entre outros, que assim como os citados acima, também considero trabalhos excelentes, e que não obtiveram a devida atenção e o merecido reconhecimento.

Espero que tenham gostado.



Abraço.