terça-feira, 15 de julho de 2014

Trovando Sobre: O MELHOR DE MARLON BRANDO.


Marlon Brando foi o maior ator de todos os tempos na História do Cinema. Não apenas eu, mas De Niro, Pacino, Nicholson, Redford, Hoffman, e tantos outros o consideram a maior referência no quesito interpretação.

Foi ídolo de Elvis Presley, desafeto de Sinatra e amou e foi amado por deusas do porte de Ava Gardner, Marilyn Monroe, Vivien Leigh, Pier Angeli e Ursula Andress entre tantas.

Atualmente estou lendo a arrasadora biografia, “Brando - Canções Que Minha Mãe Me Ensinou”, sobre a vida do astro, (e co escrita por ele) e está sendo uma experiência muito prazerosa (apesar dos detalhes sobre o alcoolismo de sua mãe e o descaso de seu pai com a família).

Brando foi aluno do famoso "Actor’s Studio”, em Nova Iorque e teve aulas com a renomada e icônica professora da interpretação Stella Adler, a quem Brando demonstra profundo respeito e consideração. Brando foi pioneiro no “método”, criado por Constantin Stanislavsky e aperfeiçoado pela professora, que era, basicamente um método de atuação onde as emoções pessoais do ator eram transportadas e usadas na emoção necessária ao personagem.

Por exemplo, se o ator interpretasse um gari, ele trabalharia um mês como gari, para entender e buscar a emoção e os sentimentos básicos do personagem em sua própria personalidade.

Por esta leitura estar me proporcionando tanta satisfação, resolvi “celebrar” este momento, listando aqui, meus filmes favoritos do ator.

São eles:

O Selvagem, 1953.






















O filme que inspirou o visual clássico do Rock N’ Roll (jeans, camiseta e jaqueta de couro). Brando interpreta Johnny, o líder de uma gangue de motoqueiros chamada “Beetles”, nome que inspirou uma certa “bandinha” inglesa...

Brando coloca humanidade e até mesmo sensibilidade no papel, interpretando um delinquente, que por fora, aparenta brutalidade e violência, mas que por dentro, em seu íntimo, é apenas um cara desorientado na vida, que procura desesperadamente por afeto.

O filme não é, digamos, um primor de roteiro e direção, mas a atuação de Brando é imortal.






Uma Rua Chamada Pecado, 1951.
 

O papel que elevou Brando ao status de ícone de beleza e sensualidade masculina.  Ao interpretar o personagem Stanley Kowalski, que era um bruto, beberrão, que vivia ás turras, com a esposa, mas que se entendia com ela na cama, Brando imortalizou sua figura usando uma camiseta e gritando “Steeeeellaaaaaa!!!!” no meio da rua, em uma cena do filme.

Vivien Leigh que interpreta sua cunhada no filme, dizem que além de encenar uma forte atração pelo personagem, a sentiu na vida real pelo ator.

O filme foi o primeiro grande papel de Brando no cinema, já que há alguns meses, Brando interpretava Kowalski no teatro, e foi escolhido para representar o personagem na versão para o cinema.





Viva Zapata!, 1952.
 

Brando interpreta o líder revolucionário mexicano Emiliano Zapata, neste brilhante filme, que tem como seu coadjuvante, o também genial ator Anthony Quinn.

Sob o comando do grande diretor Elia Kazan (e parceiro em outros filmes), Brando consegue algo extremamente raro na arte da interpretação, ele se torna a figura de Zapata, literalmente. Já vi fotos e gravuras de Zapata em livros de História, mas para mim, quando penso no revolucionário mexicano, me vem a figura de Brando à cabeça.

Brando em uma atuação quase que “espírita”, interpreta Zapata desde a adolescência, até a vida adulta, de forma impecável.

A atuação de Brando é memorável, e ele sempre disse ter gostado muito de interpretar o papel.





Sindicato de Ladrões, 1954.






















Para mim, uma das maiores atuações de Brando e do Cinema. O ator encena a vida de Terry Malloy, um ex boxeador que agora trabalha de cobrador de agiotas, que comandam um sindicato de estivadores no porto da cidade.

A cena que Brando chega ao terraço onde cria pombos, e vê os mesmos mortos por vingança, e cai em um choro desesperado é indescritivelmente bela e pungente... todos os “atores” da Rede Globo deveriam ser obrigados a assistir esta cena 1400 vezes, antes de pensarem em atuar em frente a uma câmera.

A cena no carro, onde confronta seu irmão, que foi enviado para mata-lo é outro grande momento da História do Cinema, pois além de Brando, o estupendo ator Rod Steiger brilha junto com o astro.

A beleza “indecente” e a ótima atuação da atriz Eva Marie Saint, são outros pontos fortes do filme.

Sindicato de Ladrões é com certeza, um momento sublime na carreira do astro.





O Poderoso Chefão, 1972.















O ponto mais alto da carreira artística de Marlon Brando Jr.

Depois de um período nebuloso na carreira, e na vida pessoal, como uma fênix, Brando ressurge de suas próprias cinzas, neste que é considerado pelos críticos especializados, O Maior Filme Americano de Todos os Tempos.

Brando não foi a primeira opção do estúdio, mas o diretor Francis Ford Coppola, foi irredutível na preferência por Marlon Brando no papel de Vito Corleone.

Com fama de difícil e temperamental, Brando era “persona non grata”, em Hollywood na década de 70, mas para o bem da humanidade, ele pode demonstrar todo o seu talento dando vida ao mafioso mais conhecido (e amado) do Cinema.

Acho que todo ser humano tem o dever de assistir os três filmes da saga “O Poderoso Chefão”, ao menos uma vez na vida... é uma espécie de “manual para a vida”.



Marlon Brando era um homem cheio de incertezas e inseguranças, que durante a vida, amou de maneira intensa e sincera, apenas uma pessoa, a sua própria mãe. Não me coloco na posição de juiz moral do homem, me coloco apenas na posição de grande admirador da arte, deste, que mesmo com tantos defeitos e falhas em seu caráter, foi pioneiro na luta pelos direitos civis de negros, índios, judeus, e foi uma das primeiras personalidades públicas a defender causas ecológicas e criticar o culto sem limites a fama e a "indústria das celebridades”.


“Sempre fiquei admirado com as propriedades da natureza humana que conseguem transformar uma multidão numa corja. Por algum motivo, queiram ou não, certas celebridades são tratadas como se fossem messias e são transformadas em mitos que afetam os mais profundos anseios e necessidades das pessoas. Acho hilariante o fato de o governo americano ter colocado num selo o rosto de Elvis Presley, que morreu porque tomou uma overdose de drogas. Os fãs dele não mencionam isso porque não querem renunciar ao seu mito. Deixam de lado o fato de Elvis ter sido viciado em drogas e afirmam que ele inventou o Rock n’ Roll, quando na verdade ele o retirou da cultura negra; os negros já cantavam assim havia muitos anos, até que surgiu um branco que os imitou e se transformou em astro.
É claro que a formação de mitos não se limita às celebridades nem aos líderes políticos. Todos nós criamos mitos relacionados aos nossos amigos e também aos nossos inimigos; não podemos evitar isso. Não importa se se trata de Michael Jackson ou de Richard Nixon: nós acorremos instintivamente em defesa deles porque não queremos ver os nossos mitos destruídos.
Nós inventamos qualquer desculpa para conservar os mitos que gostamos muito, mas o inverso também é verdadeiro; quando não gostamos de uma pessoa resistimos inflexivelmente a mudar de opinião, mesmo quando alguém nos mostra a sua integridade, porque é de importância vital mitificarmos deuses e demônios de nossa vida”. 






Um abraço.

3 comentários:

  1. Como sempre incrível.
    É tão legal ver um texto seu de uma pessoa que vc fala tanto no dia a dia, legal ler um texto de um ídolo seu, me faz lembrar do texto do Elvis!!!
    O talento dele é assustador pra mim, encanta mas parece ser até meio psicótico, hahahaha
    Talento tmbm tem o amigo,que escreve como poucos. Parabéns pelo talento e por utiliza-lo tão bem!!!

    ResponderExcluir
  2. Valeu, pequena língua... um abraço do tamanho de Portão pra ti.

    ResponderExcluir
  3. Alem do talento grandioso da beleza estonteante sempre admirei a personalidade de Marlon brando ! Vivemos num tempo em que qualquer atorzinho meia boca eh posto num pedestal e aclamado como o grande astro ou que qualquer carinha insípida eh glorificada como sex symbol! Que falta brando faz! Ele Montgomery Clift Burt Lancaster Gregory Peck Steve McQueen atores de verdade homens de verdade!

    ResponderExcluir