Sábado, tivemos um grande temporal em São Leopoldo (e em
diversas cidades do RS), e como de costume, quando chove mais forte em São
Leopoldo, a cidade vira um caos. Apesar dos alagamentos, árvores caídas e
outros transtornos, tive apenas dois incômodos: Fiquei sem internet (por
algumas horas) e sem Sky (o domingo inteiro).
Sei que em vista dos enormes prejuízos que outras pessoas
tiveram, eu sequer, posso reclamar. Na verdade, esse incômodo da falta de TV
por assinatura, me ajudou a colocar em dia, alguns filmes que eu queria ver, mas
que não tinha tido como anteriormente, já que a TV lá em casa, é partilhada por dois
(logo, por três).
Assistimos três filmes, mas vou focar o post de hoje, sobre
dois filmes, apenas. Um excelente e subestimado, e outro, péssimo e extremamente
superestimado... o “luxo e o lixo’ do título.
O Luxo:
O Abutre.
Louis Bloom é um cara determinado e obstinado, além de boa
pinta, educado, de boa lábia e um tanto quanto observador. Louis também é um
psicopata nojento, asqueroso, sem nenhuma noção de moral, ética e caráter.
Louis parece um buraco negro, ele quer mais, mais e mais.
O cara vive de pequenos roubos, desde cercas de metal e fios
de cobre, a relógios e bicicletas. Louis vive sozinho, e vara as noites
cometendo pequenos furtos para faturar uma grana fácil e rápida. Uma noite,
presencia um acidente de trânsito fatal, e vê um homem filmando tudo o
ocorre durante a tragédia. Ao saber que este tipo de filmagem é vendido a
emissoras de televisão que procuram este tipo de brutalidade para exibir a telespectadores
cada mais sedentos por verem sangue e violência, enquanto tomam café da manhã,
Louis vê a oportunidade de construir uma carreira, registrado a podridão e a
sordidez humana.
O filme é um relato assustadoramente real e preciso do
fascínio da sociedade por violência gratuita e sensacionalista. Programas
policiais de quinta categoria e telejornais interessados apenas em audiência,
sem se preocupar muito em checar fontes, parecem ser “o que o povo quer ver”,
como se assistindo aquelas tragédias acontecerem com os outros, isso de certa maneira nos
reconfortasse... sabe aquele pensamento horrível: “Que bom que não é comigo...”.
Pois é.
Louis Bloom, interpretado com maestria pelo eterno Donnie
Darko, o soberbo e intenso ator Jake Gyllenhaal, se tornou referência para mim.
Nos últimos anos, não me lembro de ter visto uma atuação tão arrasadora como a
de Gyllenhhal. A expressão facial, e o olhar do ator, em momentos de cinismo,
raiva, ou até prazer em filmar acidentes fatais, incêndios e pessoas agonizando
a seus pés são assustadores. A cena onde
Bloom entra em uma mansão onde uma família foi assassinada, para filmar os
cadáveres e vê um homem agonizando e também o filma, sem demonstrar qualquer tipo
de compaixão, é incrível. Isso é só um pequeno exemplo das “peripécias” do cara.
Um filme brilhantemente escrito, dirigido e com excelentes atuações
coadjuvantes (Rene Russo está soberba, como a redatora chefe de um tele jornaleco
sensacionalista. O ator que interpreta o assistente de Bloom também está fantástico no papel).
“O Abutre” retrata o cada vez mais agravante isolamento
emocional dos seres humanos uns para com os outros. Um filme triste, perturbador e impactante.
O Lixo:
Garota Exemplar.
Noventa e nove por cento das críticas que li quanto a este
filme, adjetivos como “genial”, “inovador”, “surpreendente”, “inovador” foram
usados. Eu usaria outros, como “sem noção”, “inverossímil”, “chato”, “sem pé e
sem cabeça”, entre outros.
Não sei o que o excelente diretor David Fincher fumou,
cheirou ou bebeu enquanto dirigia esse quadro dos Trapalhões com duas horas e
meia de duração. Poucas vezes, eu vi um filme tão mal escrito, tão mal dirigido
e terrivelmente atuado com este.
Ben Afleck vinha em uma ascendente em sua carreira após
filmes excelentes como “Argo” e “Atração Perigosa”, por exemplo. Além disso, o ator será o novo Batman! Como é que o cara, depois de ver o filme pronto, não
implorou que todas as cópias fossem destruídas?
Esse samba do crioulo doido tenta ser um thriller de
suspense como “Sobre Meninos e Lobos”, e fracassa totalmente. A história é o
sobre o desparecimento de uma mulher chamada Amy, que inspirou uma série de
livros infantis, escritos por seus pais, chamada “Amazing Amy”, ou “Incrível
Amy”. O principal suspeito do desaparecimento, e provável homicídio é o marido
da moça, interpretado pelo Cigano Igor, opa, quer dizer Ben Afleck.
Um dos grandes mistérios da humanidade, é como a atriz
Rosamund Pike consegue trabalhos de atuação. Nunca vi sequer, um filme onde
essa moça (linda, por sinal) atua com um mínimo de naturalidade ou
desenvoltura. Suas caretas ao demostrar pânico, tesão, felicidade, ou espanto
me parecem aqueles olhares bovinos, de gado prestes a ser abatido. A mulher “chora”
de ruim.
As mil e oitocentas reviravoltas da história, servem apenas
para tapar os furos de um roteiro debiloide, feito sob medida para fãs de
baboseiras como “50 Tons de Cinza” e “Trapaça”.
Não lembro de ter visto recentemente, um filme tão inverossímil e tão pretensioso.
Esses foram o “luxo” e o “lixo” do final de semana. Espero
que venham muito mais “luxos”, como “O Abutre”, e tentarei cada vez mais,
evitar os lixos...
Espero que gostem.
Abraço.