sábado, 11 de julho de 2015

TRADUÇÃO: IN MY SECRET LIFE - Leonard Cohen.



Na Minha Vida Secreta.

Autor: Leonard Cohen.

"Eu te vi hoje de manhã
Tu estava apressada
Não consegui me desapegar do passado.
E eu sinto tanto a tua falta
Não há ninguém à vista
Na minha vida secreta...

Eu sorrio quando estou com raiva
Eu engano e eu minto
Eu faço o que é preciso
Para sobreviver
Mas eu sei o que é certo
E o que é errado
E eu morreria pela verdade
Na minha vida secreta...

Aguente firme, aguente firme meu irmão
Minha irmã, aguente firme
Eu finalmente tenho minhas ordens
E eu irei marchar até a manhã,
Através da noite,
Adentro das fronteiras
Da minha vida secreta.

Dei uma olhada no jornal
Senti vontade de chorar
Ninguém liga se as pessoas estão
Vivas ou mortas
E os trapaceiros querem que tu pense
Que tudo é “preto no branco”
Graças à Deus, as coisas não são tão simples
Na minha vida secreta.

Eu mordo o meu lábio
Eu finjo que acredito
Desde o último sucesso das paradas,
Até a sabedoria dos mais velhos
Estou sempre só
E meu coração é como gelo
E tudo é aglomerado e lotado,

Na minha vida secreta".


Um abraço.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Trovando Sobre: JOHNNY CASH – AMERICAN RECORDINGS.


Quando penso em uma palavra que possa definir John R. Cash, só consigo pensar em uma: “Lenda”.

A história de vida do cara rendeu um ótimo filme, onde um excelente Joaquim Phoenix deu vida ao “Homem de Preto”, e uma mediana Reese Whiterspoon viveu June Carter Cash (e ganhou um Oscar pelo trabalho) a segunda esposa e  amor da vida do astro.

Cash era um homem atormentado, isso é inegável. Desde quando era criança e “tinha de cantar muito alto, para espantar os pumas quando voltava à noite do trabalho para casa”, e também por decorrência do acidente que matou seu irmão mais velho (Johnny e o irmão Jack foram incumbidos de serrar lenha com uma serra elétrica de mesa, e Cash se recusou, indo pescar, deixando seu irmão sozinho no trabalho, que por sua vez, se acidentou, tendo sido praticamente serrado ao meio, e sofrendo muito, por uma semana, antes de finalmente falecer). Até o dia de sua morte, Johnny Cash se culpou pelo acidente, e dizia que esperava reencontrar seu irmão no céu. Fatos que moldaram a personalidade de Cash, tanto artística quanto pessoal.

Desde quando iniciou sua carreira na música, sendo contemporâneo de Elvis, Roy Orbison, Carl Perkins, e todos os heróis da era do Rock N’ Roll, Cash sempre foi um dos mais rebeldes entre todos eles, sendo preso certa vez na fronteira do México, com centenas de comprimidos de anfetaminas escondidos no violão. Cash penou durante anos contra o alcoolismo e o vício em drogas, só se livrou completamente com a ajuda de June e da fé, que o levou a ser tornar um cristão fervoroso.

Sua carreira correu bem durante a década de 60, quando chegou até a vender mais do que os Beatles, já que seu disco ao vivo “At Folsom Prison” foi um sucesso estrondoso de vendas, bem como “At San Quentin” e outros lançados pelo cantor. A década de 70 também não foi ruim, já que Cash se aventurou pelo cinema e lançou álbuns natalinos e de música religiosa (fracos, por sinal), mas que também venderam bem.

A década de 80 não foi boa para o artista, já que sempre fora desprezado pela crítica “especializada”, e breves recaídas com drogas ocorreram.

Mas a década de 90, em compensação, marcou uma espécie de “ressureição artística”, da carreira de Johhny Cash. Em 1994, o produtor Rick Rubin, especializado em Rap e Heavy Metal, contratou Johnny para seu selo, “American Recordings”, propondo que Cash “modernizasse” sua obra, gravando canções de compositores contemporâneos. E para a alegria de todos nós, Cash topou a “empreitada”.

O primeiro álbum decorrente da parceira, foi lançado em 1994 e apenas intitulado American Recordings, foi gravado na sala do cantor, com apenas um violão tocado pelo próprio Cash, acompanhando as letras de caras como Glenn Danzig e Tom Waits, e a voz de trovão de Cash, carregada de todos aqueles sentimentos que só ele sabia colocar em cada sílaba que saía de sua boca.


Em 1996, Unchained é lançado. A convite de Rubin, Tom Petty & Heartbreakers servem de banda de apoio para Johnny Cash cantar além de versões de canções do Soundgarden (Rusty Cage, em uma versão impressionante), Beck e composições do próprio Cash, como a pungente “Spiritual”, onde Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers participa. Tenho certeza, que os músicos convidados devem ter gravado com sorrisos estampados nos rostos, já que estavam ao lado de uma, como já disse antes, LENDA da música. Na boa, se eu fosse qualquer um dos músicos, gravaria de graça, ou até, pagaria para poder tocar ao lado do mestre Cash.


American III – Solitay Man, saiu em 2000, sob forte stress, já que Cash fora diagnosticado com diabetes e outros problemas sérios de saúde. Mas como todo grande mestre de sua arte, Cash canalizou este stress em interpretações que fariam até mesmo Chuck Norris sorrir de orelha a orelha. Cash simplesmente se apropriou de “One” do U2, de uma maneira, que parece que a canção foi composta por ele na noite da gravação da canção. “I Won’t Back Down” de Tom Petty se transformou em uma espécie de hino, entoado por um homem em cima de uma montanha. As regravações de “Solitary Man”, de Neil Diamond entre outras e composições próprias, fazem de disco, nada menos do que um poderoso documento artístico para a humanidade.


Aí vem a “cereja do bolo”, caros amigos... em 2002, Cash lança American IV – The Man Comes Around. Eu não consigo pensar em uma seleção de canções que atestem de forma impecável o que era Johnny Cash como ser humano.

O disco abre com a autoral “The Man Comes Around”, uma letra biográfica, que fala da fé de seu compositor. “In My Life” de Lennon & McCartney é a biografia de Cash em forma de música. A interpretação contida e melancólica, faria Jesus Cristo em pessoa, parabenizar Johnny Cash. “Bridge Over Troubled Water”, é transformada em algo tão lindo e tocante quanto a versão de Elvis Presley. Somente um intérprete brilhante como Cash, poderia melhorar canções excelentes, o que ocorre em “Personal Jesus”, do Depeche Mode e “Hurt” do Nine Inch Nails, que ganhou um vídeo clipe belíssimo, onde um Cash já idoso, ceia solitário e relembra momentos de sua vida. Pungente.


Rick Rubin tem grande mérito na feitura dos álbuns, já que sua produção minimalista ressaltou toda a beleza das interpretações de Cash (apenas “Unchained” conta com guitarras e baterias, os outros cinco álbuns da série American Recordings, são basicamente voz, violões e piano/teclado).

Mas a grande surpresa fica por conta de “I Hung My Head”, composta por Sting. Nunca fui um grande fã das composições do britânico, mas inegavelmente ele compôs uma música extremamente perfeita para Cash. A canção fala de um homem arrependido de seus pecados e crimes, sendo julgado. Não tenho como descrever o que sinto cada que vez que ouço esta obra - prima... epifania seria um bom adjetivo.

Johnny ainda lançou mais dois volumes da série “American Recordings”, American V – A Hundred Higways e American VI – Ain’t No Grave, de 2006 e 2010, respectivamente. Ambos os álbuns são póstumos, com gravações realizadas antes do falecimento de Cash, em 2003.


Ainda não tive a oportunidade de ouvir completamente os álbuns póstumos, mas ainda os ouvirei (e os terei), e isso é uma promessa.

Johnny Cash foi um dos maiores pilares da música popular mundial. Tenho certeza que estes álbuns e outros, de sua carreira transmitem com exatidão toda a importância deste artista soberbo que deixou a sua marca neste mundo.


"Hello, I'm Johnny Cash".



Um abraço.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Trovando Sobre: MONSTERS TOUR – ESTÁDIO DO ZEQUINHA, 30/04/2015.


No último dia do mês de abril deste ano de 2015, Porto Alegre foi palco de um evento de proporções monumentais. Uma espécie de “mini festival”, que trouxe a capital do RS, três atrações clássicas e icônicas do mundo do Rock.

Acho que qualquer fã de Rock que se preze, sonharia em ver o Motorhead, o Judas Priest e Ozzy Osbourne na mesma noite! E para muitos rockers, esse sonho se tornou realidade. Este que vos escreve, incluso.

As três atrações me agradam muito, mas o evento tinha um “gostinho especial”, pelo menos, para mim, já que depois de sucessivos problemas de saúde, (que inclusive causaram problemas no show de São Paulo), eu teria a oportunidade de ver o grande Ian “Lemmy” Kilmister, ao vivo.

Lemmy é uma das figuras mais representativas e importantes do Rock N’ Roll (ouvir “we are Motorhead, and we play Rock N’ Roll", do próprio cara, foi algo surreal). Desde o início dos anos 70, quando Lemmy fundou o Motorhead, o cara se mostra autêntico as suas raízes, e sempre produzindo trabalhos até hoje relevantes no cenário musical.


O show em si, foi mais cadenciado, com músicas mais lentas, porém pesadas devido aos problemas já citados e a idade avançada de Lemmy. Os clássicos apareceram, e “Ace Of Spades”, “Overkill”, “Stay Clean”, entre outras canções, botaram o Zequinha abaixo, tamanho o poderio de suas execuções... destaco o fenomenal baterista Mikkey Dee, que além de muito carismático, fez um solo de bateria monstruoso.

As pessoas sorriam, pois sabiam que presenciavam algo importante. O show do Motorhead foi exatamente isto: um acontecimento importante. Me orgulho de poder dizer: “Motorhead? Sim, os vi ao vivo”.


O próximo show era uma incógnita. Conheço pouco da obra do Priest, mas admiro muitíssimo o trabalho, a coragem e os dotes vocais do grande Rob Halford. Eu esperava ver um show, no mínimo, legal e competente, mas eu não estava preparado para o que acabei vendo.

O Priest não apenas fez o melhor show do evento, mas um dos melhores shows que esta cidade e este estado já viram. Era como ouvir um cd da banda, tamanha a competência técnica dos músicos (o som estava maravilhoso para o público, em todas as apresentações), e suas performances. O guitarrista novato Richie Faulkner deu um show de carisma e empolgação. O cara arrebentou nos solos e na interação com o público.

Rob Halford não é deste planeta... não pode ser. Um senhor sexagenário, cantando do jeito que aquele cara cantou, não é talento, nem técnica, comprovei que se trata de um dom divino, aquela voz que Halford emite de sua garganta. Além de tudo isso, o cara entrou pilotando uma Harley Davidson no palco! Não tem como ser mais fodão do que isto... um dos melhores shows que já vi na vida!


Daí veio o Ozzy. Já vi o Ozzy em três ocasiões, duas em turnês solo, e uma com o Black Sabbath. Os shows de Ozzy são sempre sobre a mesma coisa: diversão. O cara tem uma penca de hits, é divertidíssimo no palco, e convenhamos... ele é o Ozzy! O comedor de morcegos e pombas, o doidão, o louco, um dos pais do heavy metal, influência de dez, entre dez músicos que fazem som pesado.

Ozzy não costuma mexer muito no setlist de seus shows, mas ouvir a clássica “Shot in The Dark”, valeu o preço do ingresso. Se Ozzy tivesse cantando só essa música, eu já teria ido para casa feliz da vida. Mas ouvir “Mama, I’m Coming Home”, “Mr. Crowley”, “No More Tears”,War Pigs” e “Paranoid” ao vivo, é sempre maravilhoso. A abertura com “Bark At The Moon”, foi um dos pontos altos do show.


Os pontos negativos, ficaram por conta da péssima organização do evento, que mesmo sendo o Zequinha localizado no centro da cidade e com fácil acesso, não conseguiu evitar filas quilométricas e lentas para o acesso aos portões do estádio. Banheiros em pouca quantidade e colocados em locais de péssimo acesso também dificultaram a noite de quem pagou salgados R$ 200,00 (no mínimo) pelo ingresso. Além de que as heinekens custavam exorbitantes R$ 12,00! Mas ao menos, estavam geladas.

Mas enfim, no final das contas, tudo valeu a pena e meu parceiro de shows Rodrigo e eu, pudemos ter mais uma daquelas noites “para contar para os filhos e netos”.


Vida longa ao Rock N’ Roll!


Um abraço.



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Trovando Sobre: OS PERSONAGENS MAIS RIDÍCULOS DO FACEBOOK.

Depois de umas merecidas férias, o blog volta à ativa. Férias merecidas e maravilhosas, diga-se de passagem, onde pude ver filmes, ouvir meus discos e fazer o que mais amo nesse mundo, que é ficar com meu filho Vicente, o cara mais bonito, engraçado e cheiroso desse mundo.

Durante as férias, pensei em muitos temas que poderiam figurar neste espaço, mas um tema em especial, não me saía da cabeça. Que tal listar os tipos mais ridículos, cafonas e sem noção do Facebook? Como passei muito tempo em casa, pude acompanhar mais a rede social, e em certos momentos, me arrependi disto. Vi (e ainda vejo) adultos criando situações espetaculares de “vergonha alheia”, situações onde as pessoas deveriam, no mínimo, ter uma postura condizente com a idade mental que tem.

As criaturas mais bizarras do “feicibuque”, na minha opinião, são estas:


O pobre de direita;














Esse é de dar dó. Sabe aquela pessoa que nunca conseguia adquirir bens materiais como uma geladeira decente, uma TV nova, trocar de carro, ou até mesmo a casa própria e vive reclamando do “socialismo brasileiro”, ou dizendo que “o Brasil virou Cuba”? Pois é.

Além destes benefícios, que somente o capitalismo pode proporcionar, o pobre de direita esquece que talvez pela primeira vez na sua existência, ele possa colocar seus filhos na faculdade, desfrutando de benefícios sociais até então inéditos em Cuba, opa, quer dizer, Brasil. Além disso, o pobre de direita, odeia o Bolsa Família, o auxílio reclusão e em certos casos, apoia uma “linchamentinho básico” (mas somente se o meliante for negro) e acha a redução da maioridade penal, a solução dos problemas do país. O pobre de direita acha que batendo panelas, seu patamar se iguala ao dos ricos de direita, os popularmente conhecidos como “coxinhas”.

O pobre de direita se recusa a ouvir argumentos contrários aos seus, mesmo que sejam baseados e fundamentados em provas concretas, o pobre de direita só acredita e ouve o que quer. Um perfeito revoltado on line... ou retardado on line, como preferir.




O paparazzo de comida;







Por vezes engraçado, por vezes constrangedor, este espécime tem um senso de ridículo tão minúsculo quanto o vocabulário da Andressa Urach. Em contrapartida, o paparazzo de comida tem a auto estima elevadíssima, já que em sua mente, acredita firmemente que outros seres humanos (além dele), por algum motivo que seja, se interessariam pelo que ele vai comer ou beber.

E o paparazzo de comida geralmente fotografa os melhores ângulos de seus alimentos, pois sempre privilegia a marca, ou o rótulo na hora de imortalizar para humanidade o que vai mandar para dentro do bucho. Este personagem também aprecia escrever longas e profundas legendas nas fotos, dando assim, um ar ainda maior de vexame ao ato em si.

Outro problema gravíssimo deste exemplar: Estamos em 2015, em pleno século XXI, mas o paparazzo de comida ainda não aprendeu a deixar recados “inbox” no facebook!

Detalhes do preparo, do aroma, e do sabor (não raro, o paparazzo gosta de revelar até o valor pago pelo rango ou trago), também tornam este personagem de facebook em motivo de piada certa.




O sempre certo;


















Esse personagem também é peculiar e interessante. O sempre certo, ou a sempre certa, é uma pessoa mega popular, cultíssima, super ultra hype, que vive sempre cercada de um séquito de adoradores formados na arte do puxa saquismo incondicional, que somente se manifestam em comentários para elogiar ou concordar com o sempre certo. Qualquer um que ouse discordar com o sempre certo, está invariavelmente errado, e merece ser execrado para sempre de seu convívio virtual.

O sempre certo vive em um mundo alternativo, onde por exemplo a Madonna é uma artista revolucionária, que além de baluarte dos direitos das mulheres, é mais cantora do que a Aretha Franklin. O sempre certo discorre teses longuíssimas sobre a qualidade infinitamente superior da Comunidade Ninjitsu sobre os Foo Fighters, por exemplo. O sempre certo assiste o The Voice Brasil, e encontra ali possíveis futuros ícones musicais. O sempre certo prefere o Bon Jovi ao Bob Dylan.

O sempre certo é arredio, mas sempre pura diversão para os outros usuários do facebook.




O ostentador nato;












Esse é um dos preferidos da casa, já que o tipo rende boas risadas para seus admiradores.

Se a figura compra um tênis, se compra um relógio, se troca de carro, se faz um churrasco, se tomou uma cerveja de R$ 4,00, se ganhou um presente, se obturou os dentes, se foi comer um xis, se está usando o convênio médico... é foto certa no facebook.

O ostentador nato, devido a sua auto - estima do tamanho do cérebro da Rachel Sheherezade, acredita que “ter”, o torna “ser”. Agravando ainda mais a sua condição de pé rapado, o ostentador nato gosta de atenção, chegando por vezes a compartilhar seus próprios posts, para que assim, o maior número possível de seres humanos, se curvem ante as suas posses. Quando posta fotos de carro (que considera um membro da família), roupas, presentes, comidas, bebidas e afins, o personagem entrega toda a sua simploriedade, para a alegria da galera.

O ostentador nato tem formação superior em tudologia, já que assim como o personagem sempre certo, ele sempre entende tudo sobre todos os assuntos, e suas coisas são sempre melhores do que as dos demais, que são no máximo, “legalzinhas”. O ostentador nato aprecia frases de auto ajuda mais rasas que feijão de restaurante de beira de estrada, pois crê que as palavras devem ser usadas apenas  para "elevar", "elogiar", e "ajudar" o seu semelhante... como diz meu pai, um tremendo "chato de galochas".





O hipócrita;


















O meu personagem favorito. Não sei o que mais me fascina neste tipo... seria a cara de pau quilométrica? Seria a total falta de bom senso? Seria o desconhecimento do significado da palavra “coerência”? Não sei dizer, são muitos fatores “interessantes”.

O hipócrita é o famoso “duas caras”, o “mascarado”, que quando conversa contigo pessoalmente, fala uma coisa, porém, no mundo do facebook, fala outra totalmente inversa.

O hipócrita também usa o “inbox” do facebook de maneira estranha, já que lá, destila toda a sua homofobia, o seu racismo, o seu machismo e todos os seus preconceitos nojentos, mas suas postagens, para o público em geral, pregam o amor, a igualdade e a compreensão.O hipócrita adora citar a bíblia e usa frequentemente o nome de Deus, se dizendo um servo de nosso Senhor, colocando o controle de sua vida, nas mãos Dele. O hipócrita tem traços gritantes de psicopatia, uma coisa meio “Richtofeniana”.

Por vezes, o hipócrita gosta de variar, e demonstra todo o seu descontrole emocional no facebook, quando fala de futebol, postando indiretas covardes e até mesmo agressivas, mas quando encontra o destinatário destas mensagens, o hipócrita se mostra aparentemente dócil e até mesmo coerente em suas opiniões futebolísticas.  Falar mal de determinado time ao vivo, e on line elogiá-lo, também é prática comum do hipócrita.

Há também o hipócrita que sofre de “coitadismo”, aquele que despeja veneno pelos poros (e dedos, no caso do facebook), mas que ao ser confrontado, faz a linha “ai, meu Deus... por que tu é agressivo comigo? Sou uma pessoa de bem... não quis dizer isso.”.  Como eu disse antes, uma criatura de hábitos realmente fascinantes (e repulsivos).


Então tá... estes foram os personagens mais ridículos do facebook. Eles estão por aí, em todos os cantos, para nos divertir, e também para nos embrulhar o estômago.



Um abraço.

terça-feira, 31 de março de 2015

Trovando Sobre: A MONTANHA DOS SETE ABUTRES.

Existem muitas coisas que me dão um prazer danado. Os sorrisos do meu filho, a risada da minha esposa, achar um disco clássico que eu ainda não tenha bem baratinho no Mercado Livre, comer pizzas, beber heinekens e Jack Daniel’s, enfim, a lista é grande.

Um outro grande prazer que tenho na vida, é encontrar na internet, algum filme clássico (com boa imagem e legendas coesas) que sempre quis ver mas não havia encontrado em locadoras.

Sábado passado, tive novamente esse prazer. Encontrei no sensacional blog “Toca dos Cinéfilos”, o clássico de 1951, “A Montanha dos Sete Abutres”, com Kirk Douglas.

O filme fala sobre o desejo insaciável das pessoas por más notícias, sobre como a mídia parece buscar nos despejar tragédias, para que possamos saciar o nosso gosto pela desgraça alheia. Creio que ao lermos, ou assistirmos sobre os problemas dos outros, nos sentimos aliviados, pois percebemos que apesar de termos problemas, alguém lá fora tem problemas maiores do que os nossos... Sadismo puro.

Douglas interpreta o repórter inescrupuloso Charles “Chuck” Tatum, que conseguiu a façanha de ser demitido de 11 jornais diferentes, por 11 motivos diferentes. Chuck Tatum é muito semelhante ao personagem de Jake Gyllenhaal, no filme de 2014, “O Abutre”, já que ambos creem que “más notícias vendem, e que boas notícias não são notícias de verdade”.


Tatum chega ao Novo México, onde consegue emprego no jornal local. Certo dia, seu editor, o envia junto de um jovem fotógrafo, a uma cidade próxima, para cobrir uma caçada a cobras. No meio do caminho, quando param para abastecer, descobrem que o dono do posto de gasolina chamado Leo Minosa, procurando relíquias indígenas em uma caverna por hobby, foi parcialmente soterrado, já que Leo foi vítima de um soterramento.

A partir do momento que Tatum chega ao local, ele vislumbra o potencial daquela situação, e sua boca quase saliva, ao perceber que pode transformar o acidente de Leo em um “acontecimento”.

Em poucas horas, o que seria um acidente, até simples por assim dizer, se torna (literalmente) em um circo. Tatum discorre tanto sensacionalismo e tanto drama em suas palavras no jornal local, que chega a pensar que se tivesse “apenas mais alguns dias daquilo, se tornaria o repórter número um da América”. Ao que, Tatum, realmente consegue alguns dias mais, já que convence aos envolvidos no resgate, que todos se beneficiariam com um resgate mais lento, já que Leo era saudável, e até ele mesmo sairia ganhando, já que o seu posto de gasolina e sua lanchonete estavam faturando alto, com os "turistas” que prestigiavam o acontecimento. O salvamento que levaria 16 horas para ser concluído, se transforma em uma epopeia de seis dias, sendo já notícia por todo o país.


O diretor Billy Wilder mostra precisamente como a mídia e a sociedade são fascinadas por desgraças. Pessoas viajam de todas as partes dos Estados Unidos para acompanharem de perto o desenrolar da situação de Leo. Bandas country vendem discos com músicas sobre ele, lembranças do local onde ocorreu o soterramento são vendidas e até um circo é montado para entreter os "turistas"!

Praticamente, uma cidade de trailers e barracas surge no local do acidente.

A esposa de Leo, uma ex dançarina de cabaré fria e insensível, que estava prestes a abandoná-lo, é aconselhada por Tatum, a interpretar a “esposa desesperada”, para que as vendas do comércio do casal só aumentem. O que a mulher, prontamente faz.

Chuck Tatum manipula a tudo e a todos, criando uma atmosfera, onde ele controla absolutamente tudo o que acontece no salvamento, desde quem pode se aproximar da vítima, até que veículos da imprensa podem ter acesso aos fatos. A coisa é tão surreal, que até uma espécie de “oficial da lei” ele se torna, pois tem o corrupto xerife da cidade do seu lado.

Sempre considerei Kirk Douglas um mestre, um tipo de ator que assim como Brando, Pacino, De Niro, Burton e Olivier, sempre encarnou seus personagens de forma extremamente convicente e com total credibilidade. Sua personificação de Chuck Tatum cria um dos personagens mais desprezíveis e sacanas do cinema. Ao mesmo, tempo, já quase no final do filme, onde um desfecho trágico ocorre, vemos Chuck Tatum perceber o quanto suas atitudes foram baixas, imorais e criminosas.


Para não entregar muito apenas revelo que Leo era um homem ingênuo, que confiava em Tatum, e em suas palavras e que literalmente, coloca a sua vida nas mãos do novo “amigo”. O ator que interpreta o pai de Leo, também está soberbo em uma atuação de quebrar o coração de quem assiste o filme, já que apenas deseja ter seu filho de volta, são e salvo, depositando assim, toda a sua confiança em Tatum, tendo a certeza de que este, só pensa no bem estar do seu filho que sofre no fundo de uma caverna.

“A Montanha dos Sete Abutres” e certamente, um filme sobre o lado obscuro da mídia, mas não pude deixar que perceber que o filme também mostra que sempre quem escreve, tem a sua visão e a sua opinião dos fatos, mesmo que subconscientemente. E invariavelmente a opinião de quem escreve aparece nas palavras impressas. É praticamente impossível sermos neutros sobre qualquer notícia que lemos. Geralmente pessoas que se dizem “imparciais”, já escolheram um lado, e na maioria das vezes, escolheram o lado errado.

Foi extremamente prazeroso ter tido a oportunidade de assistir a esta obra prima do cinema.




Um abraço.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Trovando Sobre: WOLVERINE – O VELHO LOGAN.

Aconteceu há 50 anos. Não se sabe quem organizou, durante quanto tempo foi planejado, ou onde iniciou, o que se sabe é que todos os vilões se uniram e atacaram simultaneamente os heróis. Alguns vilões atacaram heróis que nunca haviam enfrentado, para dificultar a reação do herói atacado.

Todos os heróis foram mortos. Ao menos, 95% deles. Apenas alguns aqui e acolá escaparam, mas para protegerem suas vidas, vivem no completo anonimato.

Wolverine foi um dos sobreviventes. Hoje, é um pacato fazendeiro, que devido a uma tragédia ocorrida no dia do ataque dos vilões, não usa as suas garras e nem se envolve mais em brigas desde a fatídica data.

Essa é a premissa de “Wolverine – O Velho Logan”. Quando essa história saiu originalmente, não dei muita bola pra ela. Mancada das grandes...

Muito tempo depois, tive a oportunidade de poder ler a revista (uma edição luxuosa, de capa dura e com extras), e senti muito prazer e ao mesmo, me senti um Zé Mané, por ter perdido tanto tempo para fazer isso.

Como eu disse antes, Wolverine agora, é um fazendeiro (que está a cara do Will Munny, ou melhor, Clint Eastwwod no filme “Os Imperdoáveis”, que inclusive, foi uma das inspirações para esta história do nanico), que vive com sua esposa e seu casal de filhos, plantando, colhendo e criando animais. Porém, Logan e sua família não os donos das terras, elas pertencem a família/gangue Hulk.


Com o passar dos anos, Bruce Banner, o alter ego do Hulk, enlouqueceu, devido a efeitos da radiação gama, e se tornou um homem frio e sádico. Juntamente com a sua prima, a Mulher Hulk, criaram uma família incestuosa e canibal. Coisa pesada.

Aliás, essa foi, sem sombra de dúvidas, umas das histórias em quadrinhos mais violentas que já li na minha vida.

Hulk agora é dono não apenas das terras onde Logan e sua família moram,  mas do inteiro Estado onde vivem. Os Estados Unidos foram divididos em áreas, sob o comando do Rei do Crime, Doutor Destino, Caveira Vermelha e o supracitado, Hulk.

Como imensas dificuldades financeiras, Logan precisa de dinheiro para pagar seu aluguel, e além disso, manter a si próprio e a família vivos.

Já de início, um Logan sem reação toma uma sova na frente da família, por não ter o dinheiro do aluguel do mês. Sua esposa entende suas razões e até o admira, por sua complacência e passividade, já seu filho, não compreende a sua “calma”. Logan tem um mês para pagar dois aluguéis, ou ele e sua família sofrerão as consequências.

Até que um já cego Gavião Arqueiro aparece nas terras de Logan, com uma proposta: Logan ajuda o Gavião a fazer um entrega do outro lado país, e recebe uma bolada por isso. Logan imagina se tratar de uma entrega de drogas, mas não liga, e aceita a proposta, pois precisa desesperadamente pagar aos Hulks.

A dupla embarca no “Aranhamóvel”, e parte em sua jornada. Essa jornada é muito legal, pois além de ressuscitar o veículo criado por Reed Richards especialmente para o Homem Aranha, ainda nos deparamos com a neta do Aracnídeo, que vem a ser filha do Gavião Arqueiro!

Imagens de uma gangue de Motoqueiros Fantasmas e de um “tiranossauro Venom”, ainda completam a aventura dos ex heróis.

Até que em certo momento, em um bar, após uma piada homofóbica, um Logan tenso e preocupado com sua família quase degola um homem, mas é contido pelo Gavião, que pergunta o que levou Logan a abdicar de suas garras.

O motivo é embasbacante e as imagens, ainda mais.

Quando os X Men foram atacados na noite em que os vilões venceram, o vilão Mysterio, um mestre do ilusionismo, engana Logan, o fazendo acreditar que seus amigos eram vilões, e estavam o atacando ferozmente, quando na verdade, Logan lutava (e assassinava) o grupo de mutantes um a um... brutalmente.

Eu fiquei pasmo quando li e vi isso. Achei incrivelmente cruel e genial.

Mysterio destroça a alma de Logan, de tal maneira que ele tenta o suicídio, para aplacar a dor que sente e que carregará para o resto de seus dias.

Mas graças ao Gavião, Logan consegue manter a sua promessa de nunca mais ferir ninguém.

Até que a dupla finalmente, consegue chegar ao destino, entretanto, descobrem que sua viagem foi em vão, pois tudo não passava de uma armadilha do Caveira Vermelha. A mando do Caveira, o Gavião Arqueiro é assassinado na frente de Logan.

Mas isso não faz Logan soltar suas garras... após uma luta épica contra o Caveira Vermelha, onde este chega a recordar como matou o Capitão América com as próprias mãos, Logan derrota o vilão, o decapitando usando o escudo do falecido Capitão. Mas sem usar as garras, ok?

Munindo de uma mala de dinheiro roubada do Caveira, Logan volta para a sua casa o mais rápido possível, chegando duas semanas antes do prazo estipulado para o pagamento dos aluguéis. Mas quando entra em sua casa, Logan vê seu mundo desmoronar.

Sua esposa e seus filhos estão mortos.

Um vizinho, conta para Logan que os Hulks não quiseram esperar o pagamento, pois estavam “entediados”.

Não tenho como descrever o que senti quando, no penúltimo capítulo, pela primeira vez, Logan se transforma em Wolverine, e solta as suas garras. É uma das cenas mais icônicas da história dos quadrinhos, na minha modesta opinião.


A partir daí, de caça, Wolverine volta a ser “O” caçador. Wolverine invade a propriedade dos Hulk, e vai os matando, um por um, como um predador dizima suas presas. Até que finalmente, o encontro entre Wolverine e Bruce Banner acontece.

Banner ironiza o rival, dizendo que matou a família dele apenas para tirá-lo da inércia e fazê-lo reagir, pois sentia falta de uma boa briga.

A luta entre eles é espetacular. Banner mesmo idoso, tem uma força descomunal, outro efeito da radiação gama. Com uma certa dificuldade, Wolverine consegue cravar suas garras no peito de Banner, o deixando muito, mas muito nervoso.

E a gente sabe o que acontece quando Bruce Banner fica puto da vida, certo?


O velho Bruce Banner se transforma, em um Hulk ainda mais monstruoso e gigantesco, que literalmente DEVORA o Wolverine. Sim, é isso mesmo, o Hulk come o Wolverine como uma simples "refeição".

Talvez por esquecimento, ou por estar cego pela loucura, o Hulk se esquece de que Wolverine tem um poder muito especial... o seu fator de cura. Digamos apenas, que este fator de cura, causa uma intensa indigestão no mostrengo verde... uma indigestão que literalmente, o rasga de dentro pra fora.

Só posso dizer que esta história, já está entre uma das minhas preferidas do mutante canadense. Wolverine nunca foi tão legal, violento e fodão como mostrado nesse gibi. É uma leitura obrigatória para fãs de quadrinhos, uma experiência incrível.

Seria demais sonhar com filme do personagem nestes moldes, onde Wolverine é o Wolverine DE VERDADE e não um fã dos Los Hermanos? Será que é pedir demais?


Espero que leiam



Abraço.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Trovando Sobre: ÁLBUNS TRIBUTO.


Geralmente, quando se fala em álbuns tributo, se pensa em picaretagem. “A gravadora deve estar querendo faturar uns pilas, botando esse monte de gente para cantar as músicas dos fulanos...” é a primeira coisa que vem à cabeça.

Mas as vezes, exceções ocorre, e o álbum tributo se transforma em um trabalho de valor artístico relevante.

Confesso que sempre torço o nariz para versões de clássicos, e que majoritariamente, prefiro os originais, mas por vezes, as bandas ou artistas, conseguem acertar a medida de inovação/respeito, dando uma nova personalidade a música revisitada.

Hoje vou citar cinco acertos. São eles:





Concert For George, 2002.


Realizado um ano após o falecimento do “beatle quieto”, este mega evento foi uma espécie de memorial à vida e a obra deste que foi um dos maiores guitarristas, compositores e cantores da história deste planeta. Junto com os Beatles, ou em sua brilhante carreira solo, George Harrison mudou a música.

O concerto organizado por Eric Clapton (Clapton também foi o diretor musical do evento) é algo surreal em termos de qualidade no quesito convidados. Paul McCartney, Ringo Starr, Tom Petty, Jeff Lynne, Billy Preston, Ray Cooper, Jim Keltner, além do Monty Python e do filho e clone de George, Dhani Harrison.

As versões das canções de Harrison são de um bom gosto, de uma qualidade e de uma carga emocional contagiantes.  “Isn’t a Pitty”, “All Things Must Pass”, “Here Comes the Sun”, “Give Me Love”, “My Sweet Lord”, e “While My Guitar Gently Weeps” são alguns dos “tesouros” de George tocados na celebração.




Last Man Standing – 2006.

O primeiro punk da história, um senhor quase octogenário resolvendo lançar um disco de covers/tributo a grandes canções do Rock N’ Roll? Hum, será que poderia dar certo? Será que o “Killer” ainda pegada?

Pensei nisto quando antes de ouvir este disco na época de seu lançamento.
Deu muito certo. O “Killer”, AINDA tem mais pegada do que QUALQUER banda “mudééérna hype” atual. As flatulências de Jerry Lee são mais rockeiras do que o Avenged Sevenfold jamais será em sua carreira.

O que este senhor faz com “Rock N’ Roll” (Led Zeppelin), “Pink Cadillac” (Bruce Springsteen, “I Saw Her Standing in There” (Beatles), “Travelin’ Band” (Creedence) e “Evenig Gown” (Mick Jagger, só para citar algumas músicas do disco, deveria ser obrigatoriamente estudado por qualquer pessoa que pense saber do que se trata o Rock N’ Roll.

Jerry Lee Lewis pegou canções de seus “alunos”, e as incorporou de tal forma, que ele as tomou para si, como se ele mesmo as tivesse escrito. E alguns desses “alunos’ convidados do disco são Neil Young, Ringo Starr, Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood, Rod Stewart, Willie Nelson, Robbie Robertson e Jimmy Page. Alguns “professores”, do mesmo quilate de Jerry Lee também foram chamados como BB King, Mavis Staples, Merle Haggard e Little Richard. Não tenho nem noção do quanto prestígio esse senhor tem para reunir um time desses para participar de um álbum.

Tenho um dvd, onde Jerry executa as canções do disco ao vivo, e é simplesmente lindo ver o orgulho dos “alunos” e colegas, sendo regravados pelo “professor”.




We’re a Happy Family: A Tribute to Ramones, 2003.


Um time peso pesado prestando homenagem a terceira banda mais influente do Rock (depois de Beatles e Stones).

U2, Red Hot Chili Peppers, Kiss, Metallica, Green Day, Pretenders, Marilyn Manson, Eddie Vedder, Rob Zombie e Tom Waits, são alguns dos participantes deste álbum, contendo covers excelentes dos músicos punks de Nova Iorque.

Hinos como “Beat on a Brat”, “Havana Affair”, “Do You Remember Rock N’ Roll Radio”, “53rd & 3rd”, “Outsider”, “Something to Believe In”, “The KKK Took My Baby Away” e “I Believe in Miracles” sendo tratadas com o devido respeito e a devida reverência, e com a dose certa de tesão dos envolvidos é algo muito legal de se ouvir.

Não há sequer, uma música ruim no álbum.




Nativity in Black: A Tribute To Black Sabbath, 1994.


Eu estava no segundo grau, quando saiu este disco. Eu estudava no centro de São Leopoldo, colégio Visconde, e eu estava em uma das fases mais rebeldes e selvagens da minha juventude. Diversão era o meu mantra.

Lembro que meu grupo de amigos e eu, gostávamos do Sabbath, e ainda mais do Ozzy na sua fase de carreira solo, mas quando “N.I.B.”, saiu, foi uma unanimidade. Todo mundo gostou e todo mundo tinha, seja em cd, ou gravado em fita K7. Todo mundo ouviu.

Alguns amigos, inclusive, acharam, por exemplo, que as versões do Megadeth para “Paranoid”, do Bruce Dickinson para “Sabbath Bloody Sabbath”, do Sepultura para “Sympton of The Universe” e do Type O’ Negative para “Black Sabbath”, superavam as versões originais. Um tremendo exagero, apesar das versões destas bandas serem realmente excelentes.

Para muitos, este disco foi a porta de entrada para um conhecimento mais aprofundado da obra magnífica dos pais do heavy metal.
E isso por si só, já é um tremendo feito.




Spaghetti Incident, 1993.


“Uma grande canção pode ser encontrada em qualquer lugar. Faça um favor a você mesmo, e procure as canções originais”.

Esta frase está escrita no encarte do último disco de estúdio da formação clássica do GNR. Demonstra grande humildade e respeito da banda com seus homenageados.

Considerado pela crítica, como um álbum fraco, desnorteado e perdido, frequentemente Spaghetti Incident é taxado como “fiasco” por alguns “entendidos”. Quem pensa assim, provavelmente, considera o Coldplay “Rock”, e acha que a Madonna realmente escreve suas (risíveis) canções.

Spaghetti Incident é um fenomenal álbum de Rock, um trabalho de um patamar altíssimo, onde o Guns mostra suas raízes de maneira íntegra e precisa.

Das treze canções do disco, nove são covers de bandas punk. Contrariando alguns “espertos”, que consideram o punk inferior, ou que o Guns era uma limitadamente, uma banda de Hard Rock. Neste disco, o Guns mostrou ser bem mais do que rotulagens burras.
Reza a lenda, que a banda queria lançar o Spaghetti Incident, logo após o álbum de estreia, o clássico Apetitte For Destruction, ou seja, antes dos igualmente clássicos Use Your Ilusion I e II.

A voz de Axl Rose em “Ain’t It Fun” (que conta com Michael Monroe, vocalista do Hanoi Rocks nos backing vocals) nunca soou mais rasgada e raivosa. “Down on The Farm” (UK Subs), “Black Leather” (The Professionals), e “Hair of The Dog” (Nazareth) são outros exemplos do grande momento que Axl Rose vivia como cantor.

“Since I Don’t Have You” foi o grande sucesso comercial do disco, sendo uma regravação do grupo The Skyliners, lançada originalmente e, 1958.

Duff McKgan brilha cantando “Attitude” dos Misfits, “New Rose” do The Damned e especialmente em “You Can’t Put Your Arms Around a Memory”, uma belíssima balada escrita por seu maior ídolo, o guitarrista Johnny Thunders, falecido membro do New York Dolls.

Slash e Gilby Clarke formavam uma combinação perfeita de entrosamento entre guitarristas, já que eram amigos há muito tempo, e ainda são até hoje, tocando a até mesmo, fazendo turnês juntos. Os guitarristas deitam e rolam em canções como “Buick Makane/Big Dumb Sex”, dobradinha de T. Rex com Soundgarden e “Human Being” dos New York Dolls.

A mancada do disco ficou por conta da regravação da baladinha insossa “Look at Your Game Girl”, composta pelo maníaco homicida Charles Manson. Axl se arrependeu da “cagada”, e as novas edições do disco, não contém a faixa.


Estes foram os melhores álbuns tributos na minha opinião.



Espero que os ouçam, mas não se esqueçam: Procurem sempre os originais.


Abraço.