Certas coisas são improváveis de acontecerem neste mundo.
Algum ator/atriz brasileiro (a) conseguir convencer em um papel
sério. Jair Bolsonaro se tornar um ser humano com um mínimo de respeito ao
próximo e as diferenças. A Madonna lançar, sequer, um disco que preste. A Angelina
Jolie ficar feia.
Hoje o canadense Neil Young completa 69 anos de idade. E
isto também é algo improvável, após uma vida repleta de altos e baixos,
realizações e decepções, conquistas e derrotas.
Neil Young é um dos últimos gigantes do Rock a ainda pisar
na Terra. Sua importância e sua influência são incomensuráveis. Penso que
somente dois outros homens ainda vivos se igualem à grandeza de Young: Paul
McCartney e Bob Dylan.
Eu considero a obra do cara essencial para qualquer um que
queira ouvir e compreender a história do Rock e o que o estilo tem de melhor. E
qualquer músico de Rock que se preze, tem que conhecer suas letras e suas melodias.
Raros artistas conseguem ser mestres em criar letras e melodias. Neil Young
criou algumas das mais emblemáticas letras de canções da história (“Ohio”, “On
The Way Home”, “Thrasher”), e algumas das melodias mais marcantes e imortais
do Rock (“Cortez The Killer”, “Rockin’ in The Free World”, “Harvest Moon”).
Rebelde e contestador, o jovem Neil Young começou sua
carreira na década de 60, com o grupo Buffalo Springfield, que lançou apenas
três discos (recomendadíssimos, por sinal), mas onde Young era coadjuvante,
pois pouco cantava e mais tocava guitarra. Suas composições também não tinham muito destaque.
Em 1968, lançou seu primeiro disco solo (auto intitulado),
que chamou a atenção da crítica pela qualidade musical, e por suas letras
belas, apaixonadas e políticas. Críticos o taxaram de “o novo Bob Dylan”. Neil
nunca negou a “mega” influência do genial Dylan.
É impossível relatar ou descrever a importância e influência
de álbuns como Everybody’s Knows This is Nowhere (1969), After The Gold Rush
(1970), Harvest (1972), Tonight’s The Night (1973), On The Beach (1974), Zuma
(1975), Comes a Time (1978), Rust Never Sleeps (1979), Freedom (1989), Ragged
Glory (1990) e Harvest Moon (1992). Só posso afirmar que são obras primas, “somente”
isto.
Em contrapartida, também lançou discos horríveis, como Trans
(1982), Landing on Water (1986), Mirror Ball (1995) e o seu mais novo álbum, de
2014, chamado Storytone.
Em meados da década de 70, juntou-se a Graham Nash (ex The
Hollies), David Crosby (ex The Byrds) e Stephen Stills (seu companheiro de
Buffalo Springfield), no “super grupo”, Crosby, Stills, Nash & Young. O grupo
lançou álbuns fantásticos, fez turnês imensas, e cheirou metade da Bolívia em
cocaína.
Neil teve sérios problemas com cocaína e álcool em certos
momentos de sua vida. Quando perdeu o parceiro e guitarrista Danny Whitten para
uma overdose de heroína, em alguns divórcios e separações, e no nascimento de
filhos com deficiência mental, o que por outro lado, o mobilizou a criar o
Bridge School Concerts, que é um festival, organizado pelo artista, onde
grandes nomes da música são convidados a se apresentarem para angariarem fundos
para a Bridge School, que é uma escola/fundação criada por Neil e sua ex esposa
Pegi, para crianças com deficiências físicas e mentais. David Bowie, Pretenders, Tom
Petty, Eric Clapton e o Guns N’ Roses (versão atual) são alguns dos nomes que já se apresentaram
em benefício a Bridge School.
Para muitos, é o pai do grunge, estilo musical (riffs de guitarra com distorções e efeitos) e estético (calças jeans rasgadas, bermudas e camisas de flanela) que fez sucesso nos anos 90, já que Kurt Cobain (Nirvana), Layne Staley (Alice in Chains) e Eddie Vedder (Pearl Jam) sempre citaram Neil Young como influência máxima.
Seus shows costumam ser incendiários, com uma energia incrível, onde Neil quando tocava violão e cantava criava atmosferas lindas e comoventes, já com a guitarra, o cara tocava o maior "foda-se" do planeta. O show do artista no Rock in Rio III em 2001, foi algo além do imaginável. Liam Gallagher (Oasis) e Mike Mills (R.E.M.), que assistiram o show na lateral do palco, disseram ter presenciado o maior espetáculo de suas vidas.
Ferrenho defensor do meio ambiente, Neil dá palestras, e é
ativista pro Amazônia (a canção “Natural Beauty”, é sobre a floresta).
Eu sou um amante da arte deste senhor, e o admiro
imensamente. Acho que sua relevância, sua importância e sua Arte são serão
eternas. Daqui há 300 anos, quando as pessoas falarem sobre ícones musicais da
história, com certeza, Neil Young será citado e sua obra, reverenciada.
Meus parabéns, Neil. Muitas felicidades pra ti, e muito
obrigado.
“É melhor queimar do que desaparecer.”
Um abraço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário