sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Trovando Sobre: SHOWS QUE EU GOSTARIA DE TER IDO.


Volta e meia me pego assistindo a meus dvd’s de shows de bandas e artistas que gosto, e penso, “puxa, como seria legal se eu tivesse visto isso ao vivo!”. Não é raro de isso acontecer, esse “arrependimento” que sinto.

Para o texto de hoje, resolvi dizer para vocês, meus amigos, quais os shows mais legais do Rock, que eu queria muito, mas muito mesmo ter ido.

São eles:


Ziggy Stardust and The Spiders From Mars, 1973 – David Bowie.


Esse show capta a fase áurea da carreira de David Bowie. Ziggy Stardust era o personagem alienígena, assexuado, drogado e estrela do Rock, criado pelo cantor em 1969, e que teve sua “morte” decretada nesse show. A banda que acompanha Bowie é um desbunde...

O grande guitarrista e fiel escudeiro de Bowie por anos, Mick Ronson é um show à parte, pois toca seu instrumento com uma paixão e fúria sem iguais. O repertório é embasbacante, pois canções como “Rock N’ Roll Suicide”, “Ziggy Stardust and The Spiders From Mars”, “Hang on To Yourself”, “Changes”, “White Light/White Heat”, e “All The Young Dudes”, são simplesmente a cartilha que moldou o pop dos anos 70 até como ele é hoje em dia.

Imagino, como deve ter sido, estar nesse show e presenciar tamanha grandeza em forma de Arte, já que Bowie sempre, no sentido literal da palavra, foi um Artista inovador e à frente de seu tempo.






...There And Then, 1995 – Oasis.


Já vi dois shows do Oasis, mas nenhum em pleno auge da “Oasismania”, que assolou o mundo na década de 90, quando eram considerados a maior banda do mundo. Lembro da loucura que era em 94/95/96, com os clipes sendo exibidos repetidas vezes na MTV, e o rádio tocando Oasis direto.

Esse dvd apresenta canções de três shows, mas para mim, o show realizado em Maine Road, estádio do Manchester City, clube de futebol de coração dos irmãos Gallagher, é especial. Além de ser no estádio do clube que os caras torcem e por ser na cidade natal deles, é uma espécie de “beijinho no ombro” em forma de espetáculo de Rock, já que eles estavam tocando para “conhecidos” e "dentro de casa". Esse show é uma afirmação de vitória dos Gallaghers. Eles mesmos disseram isto.

Wonderwall”, “Some Might Say”, “Roll With It”, “Acquiesce”, “The Masterplan” são apenas alguns dos hinos compostos pelo gênio Noel Gallagher, que foram tocados naquela noite mágica.





Live at Wembley, 1986 – Queen.


Gigante. O Queen sempre foi um gigante do Rock, e nesse show, o gigante está oito vezes maior.

Banda nascida para tocar em estádios e arenas, para os integrantes do Queen (Freddie Mercury, em especial), tocar seus clássicos na frente de cem mil pessoas, era o mesmo que tomar café da manhã. Astros do Rock, como se não se vê mais hoje em dia.

Eu acho esse show de uma grandiloquência, de uma magnitude sobrenatural, já que a banda torna o estádio de Wembley, na sala da casa de Mercury, tamanha a desenvoltura, a descontração e a energia colocadas na apresentação. Eu babo vendo “A Kind of Magic”, “Hammer To Fall”, “Tie Your Mother Down”, “Bohemian Rapsody”, “Under Pressure” e todas as demais canções do show.

Tenho certeza de que, quem estava nesse show, tinha a certeza de estar presenciando grandeza.




Live at Royal Albert Hall, 2003 – The Who.


Não tem fã de Rock que assista esse dvd e não comece a suar.

Anualmente, o vocalista do The Who, Roger Daltrey, organiza um concerto beneficente, em Londres, para angariar fundos para o Teenager Cancer Trust, organização que pesquisa a cura do câncer e auxilia pessoas enfermas pela doença. Daltrey sempre chama uns “bruxos” para dar uma canja. Em 2003, ele se superou.

Noel Gallagher, Eddie Vedder, Paul Weller e Bryan Adams foram os “bruxos” da vez. Assistir os caras do Who, com 60 anos de idade nas costas, mandarem balaços do quilate de “My Generation”, “Won’t Get Fooled Again”, “Behind Blue Eyes”, “Drowned” e “Who Are You” com ou sem os convidados é de cair o queixo...

Desafio qualquer fã de Rock assistir e ouvir a primeira música, “I Can’t Explain”, e não sentir vontade de beber uma cerveja gelada... só se o cara estiver morto e não sabe!






That Was Rock!, 1964/65 – Vários Artistas.


Imagine o seguinte: Tu consegue ingresso para um show televisivo, onde tu poderá ficar na plateia e ver ao vivo e em sequência, alguns artistas "mornos", como os Rolling Stones (formação clássica), James Brown, Chuck Berry, Ray Charles, Smokey Robinson and The Miracles, The Supremes, Marvin Gaye, The Ronettes, Ike & Tina Turner e Bo Diddley. Só esses “peixes pequenos.”

Este dvd é uma coletânea de dois programas de TV, que passaram nos EUA, em 1694 e 1965, o The T.A.M.I. Show, e o Big TNT Show.

Só para contextualizar: Eu daria 1/3 da minha alma, para estar na plateia, em qualquer uma dessas noites. Só tenho isto a dizer sobre estes dois momentos únicos, reunidos em um único e especial dvd.





Esses foram os shows imperdíveis, que eu “perdi”. Ainda bem, que vi outros shows maravilhosos, e que encheram o meu coração de alegria.


Espero que gostem.


Abraço.




quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Trovando Sobre: SERPICO, PACINO E LUMET.




Sábado passado assisti ao filme “Serpico”, de 1973, onde Al Pacino interpreta o policial nova iorquino Frank Serpico (primeiro papel do ator após “O Poderoso Chefão”).

O filme tem duas foras e dez minutos de duração, e da primeira vez que assisti, o horário era desfavorável, pois começou bem tarde, lá pelas onze horas da noite, então eu não tinha, digamos, absorvido as pequenas “joias” do roteiro e da interpretação do elenco, pois talvez o cansaço, tenha me impedido. Na época talvez, eu não tenha compreendido a magnitude da obra. Eu não tinha me dado conta do quanto o filme é genial.

“Genial” é um ótimo adjetivo para este filme.

Como sempre, Al Pacino dá total credibilidade aos papéis que interpreta, e nesse filme, isto não é diferente. Frank Serpico é um ítalo americano, récem formado na academia de Polícia, com um forte senso de justiça e uma vontade imensa de fazer “a diferença” dentro da corporação, já que como ele mesmo conta em uma cena, “desde criança, admirava demais muito aqueles caras de uniforme azul”.

O filme mostra gradativamente, a perda da fé de Serpico na polícia (e nos homens), já que a maioria esmagadora de policiais (de todos os escalões) recebem propina e são facilmente subornados com dinheiro, e até com comida, para fecharem os olhos para muitas coisas. Donos de lanchonetes até traficantes, tem uma relação digamos, “amigável” com qualquer policial do distrito.

Aos poucos, como se recusa a receber qualquer tipo de propina e demonstrar um interesse legítimo em fazer o seu trabalho de forma íntegra e correta, Serpico vai sendo visto com um pária, uma anomalia dentro de um sistema “perfeito”, onde “é impossível confiar em um tira que não recebe algum”, como diz um de seus colegas.

Até transferências a departamentos forenses e de policiais à paisana, o personagem tenta, mais é ainda mais soterrado por práticas desonestas e de descaso com o trabalho policial.

O filme é assustadoramente atual.

Quando o personagem se une a um outro raro policial honesto como ele que trabalha na área burocrática da força policial, e decide denunciar seus colegas corruptos, Serpico sofre diversas represálias e é constantemente isolado e desrespeitado diariamente em seu local de trabalho. 

A vida pessoal do personagem igualmente desmorona, já que em constante paranoia, por sofrer seguidas ameaças de morte, Serpico se torna instável, agressivo e isolado até mesmo com os amigos de fora da polícia e com a sua namorada, que o ama, mas que o abandona, por não aguentar a vida que levavam.

Em um dos momentos mais sublimes do filme, esta namorada chega a sugerir que Serpico talvez devesse aceitar a corrupção, e até mesmo tomar parte dela, já que assim, ele seria aceito pela maioria. Ela conta uma história de um rei que vive em total harmonia com seu povo, e que no reino deste rei, havia uma fonte com uma água cristalina e deliciosa, onde todos os seus súditos bebiam. Um dia, uma bruxa envenena esta fonte, e após beberem a água, os súditos enlouquecem, sendo que o único a não beber da fonte, é o próprio rei. O feitiço faz com que os súditos se voltem contra o rei, alegando que é o monarca quem está louco, e começam a persegui – lo. Até que um dia, o rei decide por vontade própria, beber da fonte, deixando assim, todos felizes, vivendo e compartilhando da mesma insanidade.


Eu não disse que o filme era genial? Eu não disse que o filme era atual?

Qualquer ator com menos talento não teria condições de conduzir a cena de forma tão brilhante como é conduzida no filme, sendo que Pacino nada fala, apenas com o olhar, demonstra todos os sentimentos e a tentação que rondam a cabeça do personagem. A atriz que está em cena com Pacino está excelente, mas quem brilha, é Al Pacino.

Não existem mais atores do nível desse cara, mas não mesmo!

As cenas de explosões de raiva, de insegurança e de reflexão são  aulas de interpretação. Frank Serpico não é um personagem digamos, convencional já que era um policial meio hippie, que ostentava um longo bigode, ou uma espessa barba, cabelos compridos, usava brinco e roupas “modernas”, e até fumava maconha. O ator empresta trejeitos e movimentos marcantes a Frank Serpico (o filme é baseado em fatos reais, o Frank Serpico verdadeiro é vivo até hoje), de tal forma, que Al Pacino desaparece completamente, e só vemos Serpico ali.

Sidney Lumet é simplesmente um dos maiores diretores da história do cinema. Polêmico e corajoso, teve o peito de realizar em pleno ano de 1975, novamente com Al Pacino como astro, o filme “Um Dia de Cão”, sobre um ex combatente do Vietnã (Pacino), casado e com filhos, que assalta um banco para pagar a operação de mudança de sexo do amante. Um ex militar gay! Um ex militar americano gay! Em 1975!

Dá para imaginar o peito e a coragem de captar os recursos financeiros necessários para a realização do projeto, e também convencer atores a participarem de um filme com uma temática dessas?

Penso que Serpico também não deve ter agradado a alguns, e que deve ter tido um "parto" difícil, pois trata-se de um filme um tanto quanto polêmico, que deve ter provocado alguns "vigias da moral e dos bons costumes".

Serpico é um retrato de como o senso comum e a “maioria” nos engole no dia a dia, se assim permitirmos. Apesar do final triste e até melancólico, Serpico é um filme que demonstra que se tu vai lutar por algo, ou contra algo, é bom saber que certas lutas devem sempre ser encaradas, mesmo que não existam possibilidades de vitória. Pelo menos, vitória a curto ou a médio prazo...

Lumet, Pacino e Serpico, pessoas que sempre foram na contra mão do senso comum, do establishment e da maioria. Rebeldes, visionários ou talvez doidos? Sei lá...

Eu gosto de chamar pessoas assim de Heróis.



Espero que gostem.


Um abraço.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Trovando Sobre: FELIZ ANIVERSÁRIO, NEIL YOUNG!




Certas coisas são improváveis de acontecerem neste mundo.

Algum ator/atriz brasileiro (a) conseguir convencer em um papel sério. Jair Bolsonaro se tornar um ser humano com um mínimo de respeito ao próximo e as diferenças. A Madonna lançar, sequer, um disco que preste. A Angelina Jolie ficar feia.

Hoje o canadense Neil Young completa 69 anos de idade. E isto também é algo improvável, após uma vida repleta de altos e baixos, realizações e decepções, conquistas e derrotas.

Neil Young é um dos últimos gigantes do Rock a ainda pisar na Terra. Sua importância e sua influência são incomensuráveis. Penso que somente dois outros homens ainda vivos se igualem à grandeza de Young: Paul McCartney e Bob Dylan.

Eu considero a obra do cara essencial para qualquer um que queira ouvir e compreender a história do Rock e o que o estilo tem de melhor. E qualquer músico de Rock que se preze, tem que conhecer suas letras e suas melodias. Raros artistas conseguem ser mestres em criar letras e melodias. Neil Young criou algumas das mais emblemáticas letras de canções da história (“Ohio”, “On The Way Home”, “Thrasher”), e algumas das melodias mais marcantes e imortais do Rock (“Cortez The Killer”, “Rockin’ in The Free World”, “Harvest Moon”).



Rebelde e contestador, o jovem Neil Young começou sua carreira na década de 60, com o grupo Buffalo Springfield, que lançou apenas três discos (recomendadíssimos, por sinal), mas onde Young era coadjuvante, pois pouco cantava e mais tocava guitarra. Suas composições também não tinham muito destaque.

Em 1968, lançou seu primeiro disco solo (auto intitulado), que chamou a atenção da crítica pela qualidade musical, e por suas letras belas, apaixonadas e políticas. Críticos o taxaram de “o novo Bob Dylan”. Neil nunca negou a “mega” influência do genial Dylan.

É impossível relatar ou descrever a importância e influência de álbuns como Everybody’s Knows This is Nowhere (1969), After The Gold Rush (1970), Harvest (1972), Tonight’s The Night (1973), On The Beach (1974), Zuma (1975), Comes a Time (1978), Rust Never Sleeps (1979), Freedom (1989), Ragged Glory (1990) e Harvest Moon (1992). Só posso afirmar que são obras primas, “somente” isto.

Em contrapartida, também lançou discos horríveis, como Trans (1982), Landing on Water (1986), Mirror Ball (1995) e o seu mais novo álbum, de 2014, chamado Storytone.

Em meados da década de 70, juntou-se a Graham Nash (ex The Hollies), David Crosby (ex The Byrds) e Stephen Stills (seu companheiro de Buffalo Springfield), no “super grupo”, Crosby, Stills, Nash & Young. O grupo lançou álbuns fantásticos, fez turnês imensas, e cheirou metade da Bolívia em cocaína.

Neil teve sérios problemas com cocaína e álcool em certos momentos de sua vida. Quando perdeu o parceiro e guitarrista Danny Whitten para uma overdose de heroína, em alguns divórcios e separações, e no nascimento de filhos com deficiência mental, o que por outro lado, o mobilizou a criar o Bridge School Concerts, que é um festival, organizado pelo artista, onde grandes nomes da música são convidados a se apresentarem para angariarem fundos para a Bridge School, que é uma escola/fundação criada por Neil e sua ex esposa Pegi, para crianças com deficiências físicas e mentais. David Bowie, Pretenders, Tom Petty, Eric Clapton e o Guns N’ Roses (versão atual) são alguns dos nomes que já se apresentaram em benefício a Bridge School.

Para muitos, é o pai do grunge, estilo musical (riffs de guitarra com distorções e efeitos) e estético (calças jeans rasgadas, bermudas e camisas de flanela) que fez sucesso nos anos 90, já que Kurt Cobain (Nirvana), Layne Staley (Alice in Chains) e Eddie Vedder (Pearl Jam) sempre citaram Neil Young como influência máxima.

Seus shows costumam ser incendiários, com uma energia incrível, onde Neil quando tocava violão e cantava criava atmosferas lindas e comoventes, já com a guitarra, o cara tocava o maior "foda-se" do planeta. O show do artista no Rock in Rio III em 2001, foi algo além do imaginável. Liam Gallagher (Oasis) e Mike Mills (R.E.M.), que assistiram o show na lateral do palco, disseram ter presenciado o maior espetáculo de suas vidas.

Ferrenho defensor do meio ambiente, Neil dá palestras, e é ativista pro Amazônia (a canção “Natural Beauty”, é sobre a floresta).

Eu sou um amante da arte deste senhor, e o admiro imensamente. Acho que sua relevância, sua importância e sua Arte são serão eternas. Daqui há 300 anos, quando as pessoas falarem sobre ícones musicais da história, com certeza, Neil Young será citado e sua obra, reverenciada.

Meus parabéns, Neil. Muitas felicidades pra ti, e muito obrigado.


“É melhor queimar do que desaparecer.”



Um abraço.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Trovando Sobre: MÚSICAS PARA VICENTE – PARTE II.


Oi, cara... tudo bem contigo? Bah, estamos super ansiosos aqui, só esperando pela tua chegada.

A tua mãe me mandou hoje, um lindo vídeo, que mostra como é que tu está, e como está sendo a tua vida aí, dentro da barriga dela. Nem preciso te dizer que me derreti, né... tu me conhece e, sabe como sou bobo por ti.

Penso em ti direto, e até conversamos, né? Já inventei apelidos pra ti, e a tua mãe também fala direto contigo, não é mesmo? É que a gente te ama muito, e a ansiedade, como eu disse antes, está grande.

Pois então, vendo o vídeo que ela mandou, comecei a me lembrar de canções que me fazem pensar em ti, e te adianto que não são poucas as  músicas que me fazem te imaginar aqui, conosco.

Listei mais cinco “músicas do Vicente”. São essas:


Toquinho – “O Filho Que Eu Quero Ter”.

“De repente eu vejo se transformar num menino igual à mim
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar um porque que não tem fim...”






U2 – “Miracle Drug”.
“A liberdade tem um perfume,
Como o topo da cabeça de um bebê recém nascido...






Neil Young – “I Am A Child”.

"Gostaria de saber o que você aprendeu.
O céu é azul e assim também é o mar."





The Beatles – “Real Love”.

“Todos os meus pequenos planos e esquemas
Perdidos como sonhos esquecidos,
Parece que tudo o que eu estava realmente fazendo
Era esperar por você...







Elvis Presley – “Pocketful Of Rainbows”.

“Eu não me preocupo mesmo quando os céus estão cinzentos,
Tenho um bolso cheio de arco-íris
Tenho um coração cheio de amor...





Mais algumas canções que o teu coroa aqui, dedica pra ti, meu filho. Espero que tu goste, e tenho certeza que ouviremos essas e outras músicas juntos, e vou aprender muito contigo, e quem sabe, também te ensinar algumas coisas... aprenderemos juntos. Sempre juntos.

Te amo muito.


Do teu pai, Sandro.