Eu admito que gosto muito de coisas velhas. Discos, livros,
gibis, roupas (em certos casos), whisky e filmes, entre outros. Tenho a certeza
que tudo que foi produzindo, pensado e imaginado no passado, foi muito melhor.
Ás vezes, eu acho que minha idade mental é de 12 anos, mas em outras vezes,
penso que já nasci velho... A Graci
sempre me diz isso.
Um exemplo desse meu gosto saudosista (sou, e não nego!) são
os filmes de monstros que o estúdio americano de cinema Universal lançou a
partir da década de 1930.
A história do lançamento destes magníficos
filmes, começa em 1931, com o primeiro lançamento da Universal, o filme “Drácula”.
É o meu preferido entre todos os outros. Bela Lugosi foi, é
e será para sempre, o melhor Conde Drácula retratado nas telas de cinema e
palcos de teatro (o ator foi chamado para o filme, após o diretor Todd
Browning, o ver encenando o personagem no teatro). Lugosi era húngaro, e mal
sabia falar inglês, por isso decorou suas falas sem necessariamente, saber o
que elas realmente significavam! Impressionante.
Lugosi tinha o porte e o tipo físico perfeito para retratar
a dualidade da personalidade do Conde, ora amável, gentil, cavalheiro e
sedutor, ora um sádico, que sentia prazer em torturar psicologicamente donzelas
e matá-las, sem o menor sinal de remorso.
Bela Lugosi atuava da maneira mais simples, e ao mesmo tempo,
complicada de todas. Ele usava todo o seu corpo na sua performance. As cenas
onde ele se movimenta para morder suas vítimas e também nas cenas onde seus olhos são fechados em close , demonstram toda
a maestria deste grande mestre do
cinema.
O lançamento seguinte foi “Frankenstein”, também em 1931.
É quase tão maravilhoso quanto “Drácula”, pois Boris Karloff
faz uma coisa incrível com sua atuação sem falas. Ele humaniza o monstro.
A atuação de Karloff beira o sublime na cena onde o monstro, ingenuamente, brinca com uma menina, de atirar pétalas de flor em um rio, e vendo que as pétalas boiam, também arremessa a menina que tragicamente, morre afogada.
A atuação de Karloff beira o sublime na cena onde o monstro, ingenuamente, brinca com uma menina, de atirar pétalas de flor em um rio, e vendo que as pétalas boiam, também arremessa a menina que tragicamente, morre afogada.
Colin Clive que interpreta o Dr. Henry Frankenstein, também
dá uma aula de interpretação. A cena onde vê que sua experiência de “ressuscitar
os mortos” deu certo, e histericamente grita: “Agora eu sei como é se sentir
Deus!”, é uma das cenas mais marcantes da História do Cinema Mundial. A
entonação da voz, o olhar e a expressão corporal do ator são perfeitas.
Em seguida, em 1932, Boris Karloff dá vida ao sacerdote egípcio Imnhotep, no clássico “A Múmia”.
Aqui Karloff também dá um show de interpretação. Foi o
primeiro DVD da coleção que eu tive, e eu não sei quantas vezes eu assisti...
Acho que parei de contar na 259636ª vez.
Uma história de amor clássica que atravessa gerações, pois Imnhotep é mumificado por se apaixonar pela esposa do Faraó, que é mumificada junto à ele. Então, ele jura que voltará para ressuscitar sua amada. É claro que nesse meio tempo, ele mata alguns humanos idiotas que atravessam no seu caminho....
Uma história de amor clássica que atravessa gerações, pois Imnhotep é mumificado por se apaixonar pela esposa do Faraó, que é mumificada junto à ele. Então, ele jura que voltará para ressuscitar sua amada. É claro que nesse meio tempo, ele mata alguns humanos idiotas que atravessam no seu caminho....
Na sequência de
lançamentos, vem “O Homem Invisível”, de 1933. Talvez o mais fraco de
todos eles, pois o filme é inovador nos efeitos especiais, avançadíssimos para
a época, mas sem atuações marcantes e outros destaques, além da voz marcante do
mediano ator Claude Rains. Escrevendo esse texto, me lembrei de sua risada
maquiavélica.... Brrrr!
Depois deste filme, vem a única sequência que vale a pena
nesse pacote, que é o fantástico “A Noiva de Frankenstein”, de 1935. Muitas pessoas afirmam que esta continuação é
superior ao primeiro filme. Eu discordo totalmente. Apesar de Elsa Lanchester
estar estupenda como “A Noiva”, é
imperdoável que o monstro FALE. Não, mil vezes, não!!!! O próprio Karloff quase
se recusou a atuar na produção, sob o argumento de quê o monstro não poderia falar, pois “quebraria
seu encanto”. O grande diretor James Whale também foi contra, mas os “espertos”
produtores da Universal não abriram mão desta exigência. E o Dr. Pretorius, rival do Dr. Henry Frankenstein, é um mala.
Aí temos “O Lobisomen”, em 1941. Outro filme perfeito, sem
erros. O excelente ator Lon Chaney Jr. interpreta Lawrence Talbot, que em uma
noite de lua cheia é mordido por uma "criatura", e sofre a maldição de virar o “homem-lobo”. Aqui,
a atuação de Chaney é muito dramática, pois como ele disse em uma entrevista,
anos depois, ele encarava a maldição do Lobisomen, como a sua própria maldição,
o alcoolismo. Chaney explicou que o monstro sofria, quando se transforma, que
mudava, que virava outra pessoa, que agredia, que ia para um lugar muito
sombrio e solitário de sua mente, exatamente como um alcoólatra (Chaney morreu
em decorrência do alcoolismo que o afligiu por anos). Triste semelhança.
Por fim, o último grande lançamento da Universal foi “O Mostro da
Lagoa Negra”, de 1954. Na história, um grupo de pesquisadores na Floresta
Amazônica, é “atacado” por um monstro meio homem, meio peixe. Na verdade, além de defender o seu lar dos invasores, o
monstro se apaixona por uma das cientistas, que era, mesmo para os padrões da
época, uma coisa de louco... A cena onde ela nada no rio, usando um maiô branco justíssimo ao corpo, me dá “coisas”,
como diria o Dr. Chapatin... Uma espécie de Cléo Pires da década de 50.
O filme é uma grande crítica ao avanço desmedido da civilização,
e as inúmeras agressões ao meio ambiente
das espécies animais... Isto em 1954! O filme não tem grandes atuações individuais, mas no contexto geral, é um ótimo filme.
Outro destaque importante são os extras dos DVD’s. Cada disco
traz como bônus, um documentário explicando muitas coisas sobre o filme,
entrevistas com atores, compositores, roteiristas, críticos e pesquisadores de
cinema, além de fotos e imagens de pôsteres da época de lançamento dos filmes.
É coisa para assistir ajoelhado.
Eu lembro quando eu era guri, e meu pai assinou a “novíssima
e moderníssima” NET. Na época, no meio dos anos 90, a NET transmitia o canal da
Universal, e todo sábado de manhã, passava um destes clássicos. Eu tenho ótimas
lembranças de acordar e correr pra frente da TV para poder assistir a um destes
filmaços.
Hoje filmes de terror são desculpas para mostrar tetas,
bundas e mutilações, além de baldes de sangue. Eu adoro tetas, bundas, mutilações e baldes de sangue, mas tem de haver um contexto mínimo na história
pra que a gente, como telespectador veja e assimile isso. Sem uma história boa, uma boa
direção e boas atuações, tudo vira uma espécie de “Roberto Carlos Especial”,
uma coisa sem pé e nem cabeça, que é requentada há 40 anos.
Outras sequências foram lançadas, mas nada relevante.
Eu amo esses filmes, e os assisto sempre que posso.
Espero que gostem.
Um abraço.
Muito obrigado por reescreve-lo meu irmão.
ResponderExcluirAbs...
De nada, irmãozinho.
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