quarta-feira, 24 de julho de 2013

Trovando sobre: FILMES PARA ABRIR A CABEÇA

Vivemos em tempos perigosos.... Todo mundo se ofende com qualquer coisa, todo mundo ofende por qualquer coisa, "minorias" são "maiorias", qualquer pessoa com internet é "Tudólogo", ou seja entende de todos os assuntos, seja sobre astrofísica ou a vida sexual do Caio Castro... Vivemos em um mundo onde todos tem opinião (nem sempre fundamentada) sobre tudo. 

Pensando nisso, resolvi indicar alguns filmes que talvez, possam nos ajudar a questionar melhor, já que parece que todo mundo tem a resposta para tudo nestes tempos estranhos...   


A Onda.

Excepcional filme alemão que conta (baseado em fatos reais) uma experiência social em uma sala de aula, que mostra a profundidade da escuridão que os jovens vivem nos dias de hoje. O tema subconsciente é aceitação, pura e simples. Um professor tenta provar que o fascismo é algo muito fácil de ser "semeado" em cabeças cheias de músicas do Black Eyed Peas, e um senso crítico baseado nos filmes de Steven Spielberg.

Chega a ser assustadoramente real. Imperdível.




 A Estrada.

Somos "civilizados", certo? E se ficássemos uma semana sem banho? Sem escovar os dentes? Sem luz? Sem água? Sem comida? E se os recursos naturais se esgotassem, o que seria da nossa "civilidade"? No que nos transformaríamos? À que seríamos reduzidos... Esta obra de arte responde a todas estas perguntas e ainda coloca mais algumas na nossa cabeça. Não é um filme fácil... Mas é recompensador.





Stigmata.

Este filme é baseado no (verdadeiro) Evangelho de São Tomé, aquele mesmo, aquele Santo que só acreditava vendo....

Este filme não questiona  a fé, pois a fé é inquestionável, é parte da alma do ser humano, é a ligação do homem à Deus, mas questiona a Igreja como elo de ligação do homem à Deus, algo como: " Se eu creio Nele, e rezo para Ele na minha casa, no meu banheiro, ou aonde quer que seja, eu realmente devo crer que a Igreja é a casa de Deus e Sua representante, ou devo acreditar que Deus vive dentro de  mim, e então, eu posso falar com Ele, se eu assim quiser em qualquer lugar, sem um mediador entre nós...".

O filme propõe a reflexão sobre o que é a Igreja e sobre o que é Deus. Sobre o que é sagrado (fé) e o que não é (fanatismo).

O Evangelho de São Tomé diz algo, mais ou menos assim: "O reino de Deus está dentro de você e a sua volta; não em prédios de madeira ou pedra. Rache uma lasca de madeira e Eu estarei lá..."



Espero ter colocado perguntas na cabeça de alguém.


Abraço.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Trovando sobre: JOHNNY CASH - "AT FOLSOM PRISON"



Clássico, definitivo, básico e vital. Estes adjetivos são pouco para descrever este disco ao vivo do ícone americano Johnny Cash. Cash começou como cantor gospel, mas logo enveredou pelo "lado negro da força", e simplesmente virou um dos maiores cantores e compositores do Rock N' Roll. O ano de 1967 foi péssimo para o artista, já que ele passou o ano inteiro se recuperando de um pesado vício em anfetaminas e seus álbuns vinham sendo um tanto quanto inconsistentes. Um dia, no fim daquele ano, olhando uma pilha de cartas de fãs enviadas à ele, Cash notou que muitas delas foram enviadas de presidiários de diversas penitenciárias dos Estados Unidos. Desde 1955 quando lançou a clássica "Folson Prison Blues", Johnny se tornou um espécie de modelo para os desajustados, para aqueles homens que viviam à margem da sociedade, como presidiários, drogados e tipos assim. Nas letras, o cantor parece ser um daqueles desajustados (e ele era mesmo!), que ele retratava em suas canções. Foi aí, que o cantor teve uma ideia que mudaria sua carreira definitivamente.

A ideia era gravar um álbum ao vivo na cadeia de Folson, sem cortes, sem muita produção, um álbum cru, direto e sem firulas (Cash soube inclusive, que os presos tinham direito a fazer um pedido por ano, para sua festa de natal, e podiam pedir qualquer coisa, até mesmo strippers, mas era comum pedirem um show de Johnny Cash no xilindró).

Com isso em mente ele convenceu os executivos da gravadora (tarefa árdua, já que os caras achavam que o projeto seria um fracasso), e foi para Folson gravar o álbum ao vivo. Bom, e o que saiu daí, foi talvez, o maior álbum ao vivo da História da música pop. É impressionante o domínio do cantor sob os presos, e a impressão  que se tem, é que se o Johnny quisesse  ele facilmente lideraria uma rebelião, pela empolgação dos caras da platéia, mas em outros momentos, poderia se ouvir uma agulha cair no chão, tamanho o silêncio e o respeito demonstrados ao cantor durante a execução do show. 




O setlist é perfeito, com momentos mais agitados como "Cocaine Blues", "25 Minutes To Go", e a já citada "Folson Prison Blues", e momentos ternos e pungentes como "I Still Miss Someone", "Send A Picture Of Mother" e até momentos engraçados como "Flushed From The Bathroom Of Your Heart", ou em tradução livre algo como: "Jogado na Privada do Banheiro do seu Coração", e outro momento muito engraçado, é quando Johnny diz no microfone: "Estamos gravando, então vocês já sabem, não podem dizer, merda, inferno e coisas assim". É hilário imaginar os executivos da Columbia Records ouvindo isso no disco...

Enfim, ao contrário da expectativa da gravadora, e totalmente indo de encontro ao que o artista pensava, o disco foi um sucesso imediato de vendas, vendendo na  época mais do que o álbum branco dos Beatles! 

É difícil descrever a importância deste álbum que influenciou todos os (bons) artistas da música posteriores ao seu lançamento. 

É o meu disco ao vivo favorito de todos os tempos. 



Espero que tenham curtido.

Abs.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Trovando sobre: BLACK SABBATH - "13"


Sempre fico meio "ressabiado" quando a crítica baba um disco logo de cara... e esse "ressabio" não foi diferente com o novo álbum do Black Sabbath chamado "13".

Convenhamos... tinha tudo, não digo pra dar errado, mas para ser um trabalho morno, pois sem o baterista original Bill Ward, e o grande Tony Iommi se recuperando de um câncer e o Ozzy... bom o Ozzy é o Ozzy.

Quando soube que o disco estava sendo produzido, pensei que tinha tudo para ser um projeto digamos, "desorientado". Mas errei feio, errei rude (como diria o "Porta dos Fundos").

O álbum é excelente do começo ao fim. Lembra (e muito) os trabalhos da década de 70, com apenas uma exceção, as músicas são mais longas, privilegiando a melodia e o peso, ao invés da velocidade.

A produção do "mega" produtor Rick Rubin foi na medida certa também, pois me parece que ele deixou os "tiozinhos" bem à vontade no estúdio para que a música fluísse em um clima meio de "ensaio profissional". A gravação realmente parece ao vivo no estúdio, ou seja, os três membros originais (Ozzy, Iommi e Geezer), mais o soberbo baterista  Brad Wilk tocando juntos, na mesma sala, como DEVE SER.




Mas de nada iria adiantar produção, se a música não fosse de alta qualidade. As letras de Geezer soam sombrias como nos discos clássicos do Sabbath, e o rei dos "riffs" pesados, Tony Iommi faz um trabalho muito inspirado. Os riffs de músicas como "God Is Dead", "Loner", "Live Forever" e "End Of The Beginning" são de sua melhor safra. A música "Zeitgeist" é irmã gêmea da obra de arte "Planet Caravan", do essencial e clássico disco "Paranoid" de 1970, só  para se ter ideia da coisa...

Enfim, adorei o disco e não consigo para de ouvir... Recomendadíssimo para quem quer ouvir M-Ú-S-I-C-A de qualidade, nesse mundo de sertanejos "universotários" e funks "ostentação".

Que outubro chegue logo, para que eu possa ver esses músicos fantásticos em ação em Porto Alegre.







Abraço.