2016 começou triste, menos criativo e bem menos artístico. No décimo dia do mês, o inigualável David Bowie decidiu deixar este planeta e retornar para as estrelas, para o espaço sideral... quem sabe rever o major Tom.
É difícil falar de um artista como Bowie, pois quase tudo já foi dito sobre ele. Na minha opinião, a importância de um artista é medida pelo seu legado, ou seja, a influência que o seu trabalho exerce em outras pessoas, e musicalmente a influência de David Bowie com certeza, se compara à de Beatles, Stones e Ramones. Bowie influenciou TODOS que vieram depois dele. Bono, Slash, Paul Stanley, Mick Jagger, Madonna entre outros deram depoimentos emocionados após a sua partida, mencionando a sua tão importante iinfluência.
Mas o trabalho não se limitou à música, onde transitou por estilos como Rock, Folk, Kraut Rock, Pop, Drum N' Bass, Electro, Industrial, só para citar alguns... Bowie foi um bom ator de cinema, atuando em excelentes filmes como "Fome de Viver" e "Furyo". Era também pintor, entusiasta de arquitetura (foi muito fã de Oscar Niemeyer), artista gráfico entre outras "cores" de sua personalidade camaleônica.
Um outro aspecto importante da personalidade do "Camaleão do Rock", foi a sua alma corajosa, desprendida de preconceitos e sempre à frente do seu tempo. Bowie foi a primeira estrela do Rock a assumir-se homossexual, ainda em em 1972! Dá pra imaginar o poder e o tamanho disso, pra um guri ou guria gay, oprimido por aqueles tempos? David Bowie foi um grande ativista gay, o primeiro do mundo do Rock, pelo menos. Além da destemida decalração, compõs canções como "Rebel Rebel" e "Oh, You Pretty Things!", de claro teor gay.
Admiro o trabalho de David Bowie desde o início dos anos 90, quando ouvi uma coletânea de suas músicas na casa de uma ex namorada. "Ziggy Stardust", "All The Young Dudes", "Sorrow", "Changes", "Life on Mars", entre outras canções daquele cd me fisgaram imediatamente. A partir daí, comprei outros discos do cara e até hoje, ouço e admiro muitíssimo o seu trabalho.
A maior qualidade artística de David Bowie foi a sua constante evolução e busca por desafios. Não entendo pessoas que idoltram artistas que lançam sempre o mesmo disco, que fazem sempre a mesma coisa, qe dizem sempre as mesmas besteiras em entrevistas, que se vestem sempre do mesmo jeito... Bowie a meu ver, devia ser um homem humilde, pois segundo relatos de músicos que trabalharam como ele, Bowie quando se interessava por um estilo, se aproximava dos melhores músicos daquele determinado estilo e dizia: "Me ensine isso.". Bowie nunca se acomodou, sempre buscou desafios para si próprio e para a sua arte. Seu último (e excelente) álbum, "Blackstar", tem elementos jazzistícos e eletrônicos, um primor sonoro que parece ter sido composto e criado com o vigor de um cara de vinte e poucos anos, e não um senhor de 69 anos.
No fim, o que David Bowie deixa para o mundo como seu testamento é o exemplo de um artista revolucionário, cuja arte e legado serão sempre reverenciados e apreciados.
"Nunca tive medo de começar do zero".
Um abraço.