quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Trovando Sobre: DAVID BOWIE.



2016 começou triste, menos criativo e bem menos artístico. No décimo dia do mês, o inigualável David Bowie decidiu deixar este planeta e retornar para as estrelas, para o espaço sideral... quem sabe rever o major Tom.

É difícil falar de um artista como Bowie, pois quase tudo já foi dito sobre ele. Na minha opinião, a importância de um artista é medida pelo seu legado, ou seja, a influência que o seu trabalho exerce em outras pessoas, e musicalmente a influência de David Bowie com certeza,  se compara à de Beatles, Stones e Ramones. Bowie influenciou TODOS que vieram depois dele. Bono, Slash, Paul Stanley, Mick Jagger, Madonna entre outros deram depoimentos emocionados após a sua partida, mencionando a sua tão importante iinfluência.

Mas o trabalho não se limitou à música, onde transitou por estilos como Rock, Folk, Kraut Rock, Pop, Drum N' Bass, Electro, Industrial, só para citar alguns... Bowie foi um bom ator de cinema, atuando em excelentes filmes como "Fome de Viver" e "Furyo". Era também pintor, entusiasta de arquitetura (foi muito fã de Oscar Niemeyer), artista gráfico entre outras "cores" de sua personalidade camaleônica.



Um outro aspecto importante da personalidade do "Camaleão do Rock", foi a sua alma corajosa, desprendida de preconceitos e sempre à frente do seu tempo. Bowie foi a primeira estrela do Rock a assumir-se homossexual, ainda em em 1972! Dá pra imaginar o poder e o tamanho disso, pra um guri ou guria gay, oprimido por aqueles tempos? David Bowie foi um grande ativista gay, o primeiro do mundo do Rock, pelo menos. Além da destemida decalração, compõs canções como "Rebel Rebel" e "Oh, You Pretty Things!", de claro teor gay.

Admiro o trabalho de David Bowie desde o início dos anos 90, quando ouvi uma coletânea de suas músicas na casa de uma ex namorada. "Ziggy Stardust", "All The Young Dudes", "Sorrow", "Changes", "Life on Mars", entre outras canções daquele cd me fisgaram imediatamente. A partir daí, comprei outros discos do cara e até hoje, ouço e admiro muitíssimo o seu trabalho. 



A maior qualidade artística de David Bowie foi  a sua constante evolução e busca por desafios. Não entendo pessoas que idoltram artistas que lançam sempre o mesmo disco, que fazem sempre a mesma coisa, qe dizem sempre as mesmas besteiras em entrevistas, que se vestem sempre do mesmo jeito... Bowie a meu ver, devia ser um homem humilde, pois segundo relatos de músicos que trabalharam como ele, Bowie quando se interessava por um estilo, se aproximava dos melhores músicos daquele determinado estilo e dizia: "Me ensine isso.". Bowie nunca se acomodou, sempre buscou desafios para si próprio e para a sua arte. Seu último (e excelente) álbum, "Blackstar", tem elementos jazzistícos e eletrônicos, um primor sonoro que parece ter sido composto e criado com o vigor de um cara de vinte e poucos anos, e não um senhor de 69 anos.

No fim, o que David Bowie deixa para o mundo como seu testamento é o exemplo de um artista revolucionário, cuja arte e legado serão sempre reverenciados e apreciados.



"Nunca tive medo de começar do zero".



Um abraço.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Trovando Sobre: DESCANSE EM PAZ, LEMMY.



Eu conheci o Motorhead por causa de uma camiseta. Essa camiseta:

Eu devia ter uns 16 anos, e um colega de escola chamado Pablo (o cara que me apresentou o Kiss), tinha essa camiseta:

Eu nunca havia tido uma camiseta de banda... nem sabia que vendiam camisetas tão legais! Eu era um  guri revoltado e usar uma camiseta dessas, atestava essa revolta pra todo mundo ver, demostrava quem eu era, pelo menos na minha cabeça.

Essa camiseta me identificava. 

Através desta camiseta eu fui atrás dos discos do Motorhead, e adorei o som. Aquele peso, aquela velocidade, e aquele vocal, que parecia um trator com o escapamento estourado me cativaram na hora. Como sempre fui curioso, comecei a ler revistas sobre aquela banda e sobre o cara com a voz de "trator com escapamento estourado". O cara se chamava Lemmy, era uma figura intimidadora, que tinha sido roadie de Jimi Hendrix, e que inspirou e influenciou "apenas" bandas como Metallica, Slayer, Guns N' Roses, Anthrax, Megadeth e milhares de outras. 


O que me chamou a atenção no som daquela banda era a velocidade do punk, misturada ao peso do metal... uma combinação improvável, mas que deu muito certo. Outro ponto que me atraiu foi a personalidade de Lemmy, sempre bem humorado e cruelmente sincero em suas respostas em entrevistas (certa vez, telefonou para o ex baterista do Guns N' Roses, Matt Sorum, e lhe pediu para substituir seu baterista, que estava doente, ao que Sorum perguntou: "Por quê eu?", e Lemmy mandou: "Porquê o Dave Grohl está ocupado.". 

Lemmy foi um verdadeiro rebelde, na minha opinião, por um simples motivo: Viveu como quis. Nunca se desculpou ou sentiu vergonha por jamais ter casado (mas teve dois filhos), por viver em bares de strip tease, por consumir álcool diariamente e por gostar de usar drogas e fumar. Lemmy envelheceu aos nossos olhos, mas jamais amadureceu. Se existiu alguém que literalmente viveu o slogan "Sexo, Drogas e Rock N' Roll", esse alguém foi Ian Frasier Kilmister.



Lembra que eu falei que Lemmy era uma figura "intimidadora"? Pura impressão errada. O cara era extremamente gentil com colegas músicos, com sua equipe técnica e com qualquer fã ou pessoa que se aproximasse dele para conversar, pedir um autógrafo ou foto. 

Tive a honra de presenciar um show do Motorhead em Porto Alegre, no mês de maio do ano passado, e mesmo debilitado em função da maldita doença que o vitimou, Lemmy, junto de seus companheiros de banda, Phil Campbell e Mikkey Dee, deram 100% de si, em um show fantástico e inesquecível para qualquer fã que teve a sorte de estar presente  naquela noite mágica, no estádio do Zequinha.



Assistindo ao funeral do cantor ao vivo pelo Youtube, e vendo astros do naipe de Slash, Dave Grohl, Lars Ulrich chorando emocionadíssimos, pela enorme perda do amigo e ídolo, tive uma certeza... Junto de Lemmy, se vai uma parte da história do Rock N' Roll, uma parte da história, de quando o Rock era perigoso, divertido e inspirador. Em um mundo "Schincariol choca" onde Coldplays e Muses, são bandas de "Rock", Lemmy foi uma garrafa de Jack Daniel's (com um pouquinho de Coca Cola).

Lemmy faleceu no dia 28 de dezembro de 2015, e suas cinzas foram depositadas junto de seu grande amigo Ronnie James Dio.




P.S.acabei comprando ou trocando com o Pablo aquela camiseta, que usei até que ela literalmente se desmanchasse.




Abraço.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Trovando Sobre: OS MELHORES DE 2015.

Oi.

Depois umas "férias sabáticas", estamos de volta. Para o primeiro texto de 2016, vamos falar de 2015, mais precisamente dos melhores de 2015, em determinadas categorias artísticas. 


Melhor Disco: Meliora - Ghost.

























Em 2015  grandes bandas de Rock lançaram álbuns muito bons (Slayer, Iron Maiden, Marylin Manson, Motorhead), o Ghost superou a todos eles. Explico o por quê: O Ghost ainda é uma banda relativamente nova, e precisa provar a que veio, por isso, me parece que a banda dá 100% de si em cada disco que lança. Em Meliora, é notória a evolução em relação ao excelente disco anterior, Infestissumam. 

A banda soa mais madura, com arranjos e melodias elaboradas e um som de bateria mais pesado, o que agradou muito aqueles que acusam o Ghost de ser "pop", além de letras excelentes. Canções como "Cirice", "From The Pinacle To The Pit", e a melhor canção de 2015, "He Is", atestam que o Ghost veio para ficar.

Ah, e o trabalho gráfico no encarte, capa e contracapa do disco é muito bonito.



Melhor Filme: O Quarto de Jack.
















Pela primeira vez na história deste blog, vou mudar uma escolha e modificar um texto. eu havia eleito "O Regresso" como o melhor filme de 2015, mas felizmente, acabei de assistir não só, o melhor filme de 2015, como um dos mais belos filmes que já assisti em toda a minha vida. "O Quarto de Jack", é um filme TRANSFORMADOR, como diz o cartaz promocional. Brie Larson está irretocável como Joy "Ma" Newsome. Mas o destaque do filme é o menino Jacob Tremblay, cuja atuação acabou comigo... por diversas vezes (como agora), me emocionei vendo o menino interpretar de forma belíssima, Jack Newsome. Faça um favor a si mesmo, e veja agora essa obra de arte.



Melhor Programa de TV/Seriado: Narcos.














Me surpreendi positivamente com Narcos. Imaginei que os produtores e o diretor José Padilha talvez tentassem, "romantizar" demais a vida de Don Pablo Pascobar, um dos maiores chefes do narcotráfico mundial, que posava de "Robin Hood" por vezes, mas que não passava de um covarde e sanguinário bandido. Wagner Moura interpreta de forma convincente (e assustadora), o homem que por vezes, doava casas aos pobres, mas que podia, sem pestanejar, mandar que seus capangas assassinassem um bebê a tiros.

O elenco de apoio é fraco, mas a direção, o roteiro bem escrito e a atuação segura de Moura dão credibilidade ao seriado.



Livro: Somos Azuis, Pretos e Brancos.

















Este livro não é apenas um livro sobre um clube de futebol. Este livro é um documento histórico que faz justiça onde por anos, imperou a injustiça. O autor, Léo Gerchmann pesquisou por oito anos, os arquivos do Grêmio Futebol Porto Alegrense, como acesso irrestrito, a verdadeira história por trás dos boatos e das fofocas criadas pelo rival. Como foi bonito e como me deu orgulho saber que desde 1912, o Grêmio já tinha negros em seu elenco futebolístico. Saber que que o Grêmio, clube amado por Lupicínio Rodrigues, foi totalmente a favor da inclusão da "Liga da Canela Preta" (liga exclusivamente formada por negros) na liga profissional de futebol gaúcho (o rival foi contra... irônico, não?).

Em Coligay, já tivemos a alegria de saber que o Grêmio foi o primeiro clube a ter e reconhecer uma torcida homossexual como parte do grupo de torcidas organizadas filiadas ao clube, e em Somos Azuis, Pretos e Brancos, esta alegria se duplicou.




Estes foram os melhores de 2015 na opinião do blog.



Abraço.