Seguindo a linha de recomendação de discos, como as dadas para o dia dos namorados, resolvi recomendar discos apropriados para se ouvir nesse feriadão chuvoso... Então, vamos à eles:
Scott Walker - Scott 4
Grande ídolo de David Bowie, este obscuro cantor da década de 60, foi me apresentado ao acaso. Um dia, em uma visita à melhor loja de discos que conheço, a JAM Sons Raros, em Novo Hamburgo. Cheguei lá um dia, e este disco soberbo estava tocando nos alto-falantes. Perguntei quem era esse cantor de voz grave e timbre belíssimo, e então, pude compreender melhor esta obra de arte. O disco é lindo do início ao fim... Canções como "Angel of Ashes", "Boy Child", "Duchess" e a maravilhosa "The World's Strongest Man", são canções únicas e lindamente interpretadas por este grande cantor que lança discos esporadicamente e é recluso ao showbizz. É um disco triste, porém belo... Perfeito para se ouvir à noite, bebendo algo.
The Smiths - The Queen is Dead
Sou um grande fã dos Smiths, e poderia recomendar facilmente, QUALQUER disco desta grande banda de Manchester.
Mas, opto por este que é, reconhecido pela crítica especializada, como o melhor trabalho de Morrissey e Cia. O disco já começa bem pela capa, linda, contando com a foto do grande ator francês Alain Delon. O tom de tristeza e solidão é determinante em todo o disco, até por tratar-se do último trabalho do grupo, que já estava esfaçelado por brigas internas, vícios, e egos gigantescos. Clássicos como "The Boy With the Torn in His Side", "Bigmouth Strikes Again" e as pungentes "There Is a Light That Never Goes Out" e "I Know It's Over", dão o tom e ditam o real sentimento do álbum. E as letras de Morrissey, inspiradas no poeta britânico Oscar Wilde são de um lirismo ímpar na música pop. Ouça e lembre, pense, reflita, arrependa-se...
The Doors - L.A.Woman
"Vamos fazer um disco de Blues"... Jim Morrison teria disto em 1970, um ano antes de falecer em Paris, em 1971, aos 27 anos. E realmente sua vontade foi atendida. Último disco do grupo, traz clássicos como "Cars Hiss By my Window", "Hyancth House", "The Wasp", "Riders on the Storm", e um cover de John Lee Hooker, o blues matador chamado "Crawling King Snake". O disco é muito bom, apesar de não ser uma unanimidade entre os fãs da banda. Mas, para ouvir em um dia "cinza", é perfeito. Ah, e a música "L.A. Woman", dá para ouvir no carro, indo buscar umas cervejas (ou vinho), e uns salgadinhos.
R.E.M. - Up
Conheço vários fãs de R.E.M. que "torcem o nariz" para este álbum, pois o acham "eletrônico demais". Sou um baita fã do R.E.M. e, gosto de praticamente todos os discos lançados pelo trio americano. Este, pelo menos para mim, é especial pois acho um dos melhores trabalhos da banda. O disco realmente, tem a característica citada acima, sendo inclusive, o disco em que mais vezes recursos eletrônicos foram usados. Todavia, isto não tira o brilho de canções como "At My Most Beautiful", Sad Professor", "Why Not Smile", "Daysleeper" e "You're In the Air", que tocam as profundezas da alma humana, nos colocando em contato com sentimentos por vezes, nostálgicos. Apesar do título "Up" (para cima), o tom do disco é a melancolia.
E ainda por cima, a voz de Michael Stipe é um pingo de som, em um oceano de ruído.
Radiohead - The Bends
"O Radiohead hoje em dia não faz mais música para seres humanos"... Costumo dizer isso aos meus amigos, pois o trabalho da banda, hoje em dia, pelo menos, para mim, é tão "avant garde "tão pra frentex", "tão mudérno", que não me diz mais absolutamente nada. Acredito sinceramente, que nem os próprios membros da banda se compreendem ou compreendem a música que criam... Música para E.T..
Mas no início não era assim. Até o terceiro e aclamdo disco "Ok Computer", o Radiohead era uma ótima banda de Rock. Este disco selecionado é o meu preferido da banda, e também o melhor, na minha opinião. Canções como "High And Dry", "Nice Dream", "Black Star", "Bullet Proof... I Wish I Was", e o mega hit (porém, não menos bela) "Fake Plastic Trees" são pequenas pérolas... jóias forjadas em uma era muito, muito distante e longínqua, os anos 90.
Um álbum melancólico, um tanto quanto frio e triste... ou seja, perfeito para se ouvir embaixo do cobertor, só olhando a chuva cair.
Espero que gostem das minhas dicas.
Bom feriadão à todos.