quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Trovando sobre: BRUCE SPRINGSTEEN NO ROCK IN RIO 2013


Paixão, alegria, entusiasmo, sinceridade, gratidão, atitude, tesão. Todas estas palavras  definem sentimentos. Mas, é realmente possível descrever sentimentos?

Todas estas palavras (ou sentimentos)  podem descrever o que foi o show de Bruce Springsteen no Rock In Rio 2013. Não pude assistir sábado passado ao vivo, pela TV, pois estava no histórico show do Sebastian Bach em nossa cidade, na Sociedade Orpheu, então assisti a reprise do show de quase 03 horas de duração (em São Paulo, o show durou inacreditáveis 3 horas e 40 minutos!). Até deixei o Grêmio de lado, para poder conferir o show mais elogiado dos últimos anos no Brasil.

Eu já tinha visto um show do cantor em DVD, o maravilhoso “Live At Barcelona”, onde a platéia dá show e BERRA TODAS as letras das músicas do setlist.

Mas o que eu vi ontem ultrapassou todos os limites do possível, do bom gosto, do carinho, do respeito à música e da "entrega". O show iniciou com a canção “Sociedade Alternativa”, do maior compositor brasileiro de todos os tempos, chamado Raul Seixas, em uma versão não menos que brilhante (cantada TODA em um português melhor do que o Latino é capaz de pronunciar) e encerrou com uma versão que arrancaria um sorriso do próprio John Lennon, de “Twist And Shout”.

Não vou falar do setlist. Me nego. Como definir em palavras o repertório de um artista que em sua discografia NUNCA lançou um álbum fraco, e apresenta ao vivo, obras de Arte do porte de “Bobby Jean”, “Hungry Heart”, “Dancing in The Dark”, “I’m On Fire”, “Waitin’ On A Sunny Day”, “My City Of Ruins”, “Thunder Road”, “The Rising”, entre outras, não pode ser classificado como outra coisa, se não epifania. Talvez o melhor adjetivo para definir o que eu vi ontem, seja esse mesmo.... Epifania. Em certo momento do espetáculo, o artista pergunta: “Vocês estão sentindo o astral?”. Porra, Bruce! Meu avô que morreu há 6 anos podia sentir o astral!!! 

Nunca vi um artista com tanto amor pela música e respeito pelo público. Ver aquele senhor de 64 anos no palco, com uma alegria (sincera) de criança na cara, durante toda a apresentação, entregando o seu coração em cada canção, interagindo com a platéia, passando sua guitarra nas mãos dos fãs, abraçando e carregando outros fãs no colo, passando o microfone para um menininho cantar um trecho de “Waitin’ On A Sunny Day”, foi de arrancar lágrimas de alegria.  E de mim, o senhor Bruce Springsteen arrancou estas lágrimas. Fazia anos que não eu não via um show tão perfeito, tão humano.... tão de verdade.

Bruce trata as pessoas (fãs, ou não) como ele gosta (ou deve gostar)  de ser tratado.

A “E Street Band” é outro show à parte. Além de todos serem músicos do mais alto nível, é visível o clima de amizade e camaradagem entre os seus integrantes e o “The Boss”. Bruce brinca  com os caras, se comunica com eles em diversas vezes, apenas com olhares, como se estivessem dando seu primeiro show. Isto é muito bonito, raro e até mesmo puro, já que, especialmente nos dias de hoje, bandas são EMPRESAS, sim é isto mesmo! EMPRESAS! Black Sabbath, Bon Jovi, Rolling Stones, Slayer, Iron Maiden, Roupa Nova...  Todos estes exemplos e mais um milhão de outros. Não estou criticando estes grupos, na maneira como conduzem suas carreiras (cada membro com SEU empresário, com SEU camarim, com SUAS exigências), mas ver um grupo de AMIGOS tocar, me fez lembrar dos sonhos que qualquer um tem quando forma uma banda... Fazer música e vencer junto dos amigos. É pena que o sucesso, na maioria das vezes, nos transforma em seres individualistas e egocêntricos. E isto é muito comum, especialmente com músicos...

Jurei a mim mesmo, que se Bruce Springsteen vier ao Brasil novamente e tocar no coração da Amazônia, estarei lá. Preciso ver aquilo de perto. Preciso sentir aquilo de perto. Preciso vivenciar de corpo presente o que vi ontem pela TV.

Ontem Bruce Springsteen fez com que eu me lembrasse do porque eu amo a música. Do porque eu compro cd’s e dvd’s. Do porque eu vou a shows. Do porque eu compro camisetas de bandas. 

Do porque eu escrevo textos neste blog que pouquíssimas (e especiais) pessoas leem.

Eu faço tudo isto porque eu não me adapto a este mundo. E acho que nunca vou me adaptar. 

Graças ao senhor Bruce Springsteen eu pude ver, que eu não sou o único que pensa desta maneira.

Não estamos sozinhos. Ainda existem heróis neste mundo. Bruce Springsteen é um deles.

Deus te abençoe Bruce. Muito obrigado, do fundo do meu coração.




Um abraço.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Trovando sobre: OASIS


Minha vida mudou em 1995. Minha vida melhorou em 1995. Em 1995, minha vida era incompleta e eu não sabia... Só soube graças ao meu grande amigo Eduardo Vieira.  Em 1995, o Eduardo foi passar férias em São Paulo, mais precisamente, em Capivari, na casa do igualmente grande amigo, Andreas Campaci. Pois bem, um dia, esses dois malucos dando uma banda, resolveram alugar uns filmes, umas “fitas”, pra ser mais exato (não esqueçam que o ano era 1995).

Não sei por que cargas da água, o Eduardo resolveu alugar uma fita de um show de um grupo de Rock inglês chamado Oasis. A fita era o inacreditavelmente maravilhoso show “There And Then”. O Eduardo pirou com aquilo. Imagino que deve ter sido como um baque, um susto, ver que aquela banda sintetizava TUDO o que tu gosta em termos musicais. Muito esperto que é, meu amigo Eduardo resolveu fazer uma cópia da fita, usando dois vídeocassetes (imagino a mão que deve ter sido), para que ele pudesse trazer uma cópia na volta da viagem.

Um dia toca o telefone da casa do meu pai, e era o Eduardo. Não me lembro das palavras dele, mas deve ter sido algo mais ou menos assim: “Daí seu merrrrrda, cheguei de São Paulo, vem aqui em casa beberrrr umas!”. Lógico que eu fui na mesma hora.

Chegando lá ele me pergunta se eu conhecia Oasis, e digo que não, pois eu nem tinha ouvido ainda o mega sucesso “Wonderwall”. Pois bem, o cara então, pega duas cervejas, e coloca o show pra rolar na TV. Enlouqueci na hora. Sério, foi uma sensação de descoberta que mudou algo dentro da minha alma.

O significado do Oasis na minha vida é muito importante. Foi a primeira banda da qual fui fã mesmo, do tipo seguidor, de comprar revistas, de recortar reportagens, de ir na Unisinos só pra imprimir fotos, de gastar todo o pagamento com os caríssimos cd’s importados. Eu via no Oasis, tudo o que eu gosto na música (som e atitude).

Noel Gallagher foi o maior compositor dos anos 90 (desculpa, Cobain), canções como “Wonderwall”, “Champagne Supernova”,  “Some Might Say”, “Don´t Look Back In Anger”, “Live Forever”, “Acquiesce”, “Supersonic”, são hinos e não meras músicas... E eu poderia, facilmente, citar mais uns vinte hinos compostos pelo grande compositor, cantor e guitarrista.

Liam Gallagher era uma mistura de John Lennon, Johnny Rotten, e Joe Strummer. O cara era a atitude em pessoa. A presença de palco beirava o surreal, tamanho o carisma e a coragem do cara.  Eu me vestia como ele, andava como ele, tentava ter a mesma atitude na minha vida, de não ter medo de nada, de viver o hoje, de aproveitar a vida. De poder “viver para sempre”.

Tive o privilégio de ver dois shows da banda em 2001 (no Rock In Rio 3) e 2009 em Porto Alegre,  sendo que em 2009 foi realizada a última turnê da banda, que acabou por causa das clássicas brigas dos irmãos. Até que durou muito, pois o Eduardo e eu sempre soubemos que um dia, o Oasis chegaria ao fim por este motivo.

O Oasis nunca lançou nenhum disco ruim. Nunca. Alguns discos não são tão maravilhosos quanto outros, mas todos tem músicas maravilhosas. Pode conferir.

Ainda é uma das minhas bandas preferidas, e eu ainda me emociono ouvindo ou vendo, pois me traz  recordações de uma época muito boa, em que viver era só me divertir, sem pensar muito no futuro. Uma época de viver o “hoje” e só.

Obrigado Liam, Noel, Eduardo e Andreas.

Vocês vão viver para sempre no meu coração.





Abraço.