sábado, 17 de março de 2012

Trovando sobre: O PODEROSO CHEFÃO







Esta semana se completam 40 anos do lançamento do "Maior Filme Americano de Todos os Tempos", segundo a revista Rolling Stone. Para mim, este título é totalmente merecido e justo. Neste exato momento, o canal TCM está passando esta obra-prima do diretor Francis Ford Coppola e do genial escritor Mario Puzo, que escreveu o livro que originou o roteiro do filme. 

Estou assistindo pela 989ª vez e todas as vezes que assisto, percebo detalhes e nuances que antes me passaram despercebidos. Em primeiro lugar, este é um filme com atores simplesmente soberbos. A atuação de Marlon Brando (que ganhou o Oscar, e o recusou) como o patriarca e "fundador" da famíla = império Corleone é uma epifania. Toda a satisfação de possuir o poder de mandar matar ou deixar viver, de ter toneladas de dinheiro, de ser respeitado por TODOS, o astro passa com uma naturalidade excepcional, bem como a angústia de ter de fazer sacríficios e ter de viver sempre "mantendo seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda". Mas ao contrário do que todos pensam, Vito Corleone não é o grande "Padrinho", da família. Vito é um coadjuvante, pois o grande personagem do filme, e um dos maiores personagens da História do cinema chama-se Michael Corleone, interpretado pelo ícone da 7ª arte chamado Al Pacino.



Michael é um herói de guerra, militar condecorado e de futuro promissor na política, mas que, devido a necessidades que surgem (o irmão Sonny é cabeça quente e não separa negócios de assuntos pessoais, e o irmão mais velho Fredo é um fraco), é obrigado assumir a liderança da família, quando Vito adoece e posteriormente, falece. Para mim, o que torna o personagem tão completo, tão humano e tão admiráel, é que Michael é um tipo de herói (sim, herói) perfeito. Eu acredito que um grande herói, um verdadeiro herói, é aquele que sacrifica QUALQUER coisa por um bem maior, que no filme, vem a ser a sobrevivência e expansão da família. Michael precisa ser forte, pois os demais são fracos, e ele não pode se dar à este luxo. Em sua jornada de vitórias profissionais e derrotas pessoais, Michael comete dois erros fatais em sua trajetória. O primeiro é se casar com aquela coisa insossa e chatérrima chamada Kay Parker. No início da trama ela se casa com Michael e desde o pricípio, ele deixa claro o que faz, e de que necessita de seu apoio, principalmente quando as adversidades surgirem, mas quando estas adversidades surgem, ela abandona o marido e ainda por cima aborta o terceiro filho do casal (a cena onde ela conta pro Michael que fez um aborto porquê não queria pôr outro membro "daquela família" no mundo, e Michael reage intempestivamente, vale por pelo menos, umas seis aulas na faculdade de Cinema).

O outro erro fatal é, após ser traído e sobreviver a um ataque arquitetado pelo irmão Fredo, em sua própria casa, Michael decide mandar matar o próprio irmão, causando um grande mal dentro de sua própria família. Fredo deveria ter sido banido, e pronto. A atuação de Pacino nestas cenas e em inúmeras outras, é algo que nunca foi ou mesmo, será visto outra vez na História da atuação. O mais engraçado é que a princípio, a Universal Pictures não queria de jeito nenhum, que o iniciante Al Pacino interpretasse Michael. O estúdio queria Robert Redford, Warren Beatty, Paul Newman e até mesmo, James Caan (que interpreta Sonny, irmão mais velho de Michael).

Mas o que "amarra" o filme, além das ótimas atuações, é roteiro brilhantemente escrito. Nunca um filme trouxe tantas falas que se tornaram clássicas e icônicas, frases que as pessoas repetem até hoje, e nem sabem que estas frases, são retiradas do "Poderoso Chefão".

Citar minhas cenas preferidas é impossível, pois são tantas... Mas agora está passando a maravilhosa cena do batismo do sobrinho  e afilhado de Michael, onde enquanto os inimigos da família são exterminados um a um, Michael recebe a hóstia e "renega o Demônio e renega o Mal".... Soberbo é um adjetivo minúsculo para definir isto! Essa cena mostra a gênese de todos os seres humanos: Ninguém é totalmente bom, ou totalmente mau. Somos santos e demônios, depende do ponto vista.

A parte II da trilogia, é considerada simplesmete a melhor continuação de todos os tempos e foi a primeira sequência a ganhar Oscars (11 ao total!).

A parte III, apesar de ser indiscutivelmente, a mais fraca da saga, na minha humilde opinião é muito boa, o filme todo vale pela poética, e ao mesmo tempo melancólica cena da morte de Michael Corleone.

Coppola tem o mérito de ter tido a coragem de fazer o filme da maneira que quis, da maneira que Mario Puzo e ele sentiam que devia ser feito, ao contrário de "cineastas" atuais, que mais visam a bilheteria ou então tentam ser ser "profundos", fazendo coisas chatas e monótonas, na desesperada tentativa de ganhar o Oscar (prêmio que pra mim, assim como o Grammy, valem tanto quanto uma lata de Skol quente).

Todo homem deve assistir a trilogia, ao menos uma vez na vida. É transformador. Eu sei por experiência própria.


Grande Abraço.




sexta-feira, 2 de março de 2012

Trovando sobre: DOCUMENTÁRIOS SOBRE ROCK

Amigos,

Para este post, pensei em citar alguns de meus documentários preferidos sobre Rock

Falarei de filmes sobre o tema ou personagens deste estilo musical que eu amo profundamente. 

 Então, vamos lá:


Bob Dylan - No Direction Home











Filme idealizado e dirigido por Martin Scorsese, um imenso fã de Dylan, que sempre sonhou em tentar desvendar a alma do bardo, que à princípio sempre se mostrou arredio a entrevistas e "interrogatórios", sempre preferindo deixar que seu público tirasse suas próprias conclusões. O filme é extremamente revelador e mostra situações completamente absurdas.

 Cito dois exemplos: Quando Dylan resolveu "eletrificar" seu som, após ser muito influenciado pelos Beatles, Dylan vai a um festival de música folk, onde tinha apresentação marcada e sem se importar com opiniões, críticas, ou qualquer coisa assim, o cara leva uma banda completa!!! E toca como se o mundo fosse acabar!! Pete Seeger, um dos "pais" do movimento folk enlouqueceu e queria cortar os cabos de eletricidade com um machado, enquanto Dylan ria histericamente... O outro "causo", se refere, quando um repórter (a imprensa naqueles tempos, ainda não estava acostumada com a revolução proveniente da contra - cultura, achava que os artistas tinham resposta para tudo), pergunta pro Bob: "Quantos cantores de protesto como o Sr., labutam nos dias de hoje?", Dylan olha pro repórter e diz: "Quantos?", e o repórter: "É, quantos?", no que Dylan manda com a cara mais deslavada do mundo: "116". É de chorar de rir...

Além de mostrar também, trechos do mitológico show em Manchester, na Inglaterra em 1966, onde um fã exaltado e injuriado por Dylan ter aderido à guitarra elétrica, o chama de "Judas"... Sabem o quê o mestre faz? Diz pro cara algo assim: "Você é um mentiroso... Eu não acredito em você!" com voz de choro.... Não satisfeito, vira-se para a banda e diz: "Toquem MUITO alto!!!" G -E-N-I-A-L.


Elvis Presley - Elvis É Assim

Elvis no auge da forma física. Treinava com um campeão de boxe. Era faixa preta de Karatê.

Estava sem fazer shows ao vivo há cerca de 9 anos. Resumidamente, o cara estava com gana, com "sangue nos olhos". É uma aula, simplesmente. 

Se um ser humano na vida um dia, pretender cantar na frente de outra pessoa, aqui está o passo à passo. O domínio de palco e platéia, o carisma, a qualidade dos músicos e principalmente a voz do maior cantor do século XX em plena perfeição, são fatores que fazem deste documentário indispensável pra qualquer fã do gênero. O documentário mostra os ensaios para o show, além de cenas de bastidores e momentos de descontração. De arrepiar do início ao fim.





The Beatles - Anthology


A bíblia dos Beatles. Confesso que o livro é bem melhor (por ser mais detalhado e trazer fotos incríveis), mas esse documentário se faz necessário por um motivo gigantesco... nos extras, os três Beatles remanescentes tocam juntos na casa de George Harrison!!! Algo que os Beatlemaníacos como eu esperaram por mais de 30 anos!!! Além disso, é emocionante ouvir as histórias dos caras (o encontro com Elvis em 1965, as sacanagens na época de Hamburgo, a maneira tocante como Paul conta como conheceu John, em 1958 em uma quermesse de igreja). 

Apesar de mascarar e muito, as histórias mais "cabeludas", como o envolvimento de John com heroína, a interferência (negativa) de Yoko Ono na sinergia da banda, a tensão visível entre Paul e George durante as filmagens mais atuais, o documentário vale por esses motivos e outros motivos como ouvir Paul falar ao fim das 10 horas de duração de filme: "Éramos apenas um bandinha boa..."  com uma humildade extraterrestre, é único.





The Last Waltz











Olhem para o cartaz... Olhem quem dirige. Olhem quem toca. 

The Band, foi a banda que durante muito anos, acompanhou Bob Dylan, este filme, é um documento sobre o encerramento das atividades da banda, após vinte anos juntos. Martin Scorsese dirigiu o filme de graça, pois nem existiria filme se não fosse o amor do diretor pelo trabalho da banda. O filme é um desfile da nata do Rock N' Roll. Gente do calibre de Ron Wood, Eric Clapton, Van Morrison, Muddy Waters, Ringo Starr, Ronnie Hawkins, The Staple Singers e Neil Young (completamente alucinado sob o efeito de cocaína), são alguns dos nomes que se apresentam e prestam tributo aos caras. 

Bob Dylan, antigo líder encerra a festa de maneira emocionada e tocante. É um marco na história da música e do cinema. Básico.





A História do Rock N'Roll

Raul Seixas amava este documentário criado pelas revistas Time/Life, e em sua última entrevista em vida o citou como essencial para qualquer adolescente que quisesse entender o "bicho". Pré - História, História e atualidade (até 1995) do Rock N' Roll. 

O filme mostra desde os primórdios do que viria a ser o Rock (Bluegrass, Folk, Blues, Country & Western, Rhythm and Blues, Jazz), até as influências modernas (Rap, Música Eletrônica, MTV). Depoimentos de Elvis, Bono, John Lennon, Tina Turner, Paul Stanley (Kiss), Mick Jagger, David Bowie. Iggy Pop, Joe Strummer (The Clash), Robert Plant (Led Zeppelin), Ozzy Osbourne, entre outros, tornam este documentário absolutamente perfeito. Recomendo aos todos os amigos que quiserem se aprofundar no tema. 

São doze horas de filme que passam como se fossem duas.



Abraço a todos.