domingo, 15 de abril de 2012

Trovando sobre: POR QUÊ COMPRAR MÚSICA HOJE EM DIA?

Pode parecer estranho mas, a MTV já tocou música em 80% de sua programação, e os VJ's REALMENTE conheciam as bandas. Em 1992, 93, por aí, a internet ainda não havia chegado até nós, então, meus amigos, quem não tinha TV à cabo, e queria saber, ouvir ou ter acesso ao que tocava nas rádios, nas novelas, nas festas, tinha de sair de casa e comprar o LP, a fita K7, ou os novíssimos (e caros) Compact Discs, os populares CD's.

Se tu queria entender o que as bandas, cantores ou cantoras cantavam, tu tinha três opções: cursinho de inglês, comprar as maravilhosas revistas BIZZ, e ir na seção central, que era "BIZZ - Letras Traduzidas", ou tentar traduzir com um dicionário de inglês, lendo o encarte (se no encarte estivesse encartado as letras, porquê as vezes, as gravadoras, por questão de economia, não encartavam as letras).

Eu lembro de ir de ônibus Central (ão), até NH, no Taj Mahal, no paraíso dos CD's e LP's, a loja JAM SONS RAROS. Eu também me aventurava a ir até Porto Alegre, mas lá era um lance diferente, os vendedores de Porto Alegre, são arrogantes e preguiçosos (a maioria), mas na JAM era e ainda é diferente.... Tu entra lá e se tempo não for problema, pode esperar, tu vai ficar na loja pelo menos, uma hora batendo papo e ouvindo algo que os vendedores estiverem ouvindo. Eu entrava lá e pedia, Oasis, por exemplo, os caras falavam de Oasis, e mostravam outras bandas, bandas que influenciaram Oasis, eram contemporâneas ao Oasis, coisas raras do Oasis... Era uma aula.

Depois voltar pra casa (sem um pila no bolso), mas doido pra chegar e abrir a embalagem e ouvir aquilo que as vezes demorou dois meses pra chegar no Brasil, ou se o CD era "bootleg", (na época a gente chamava de "pirata") então o disco não era oficial, era um show, ou algo que eles tocaram informalmente, esses particularmente, eram caríssimos, mas tu praticamente tinha exclusividade naquilo ali, tu não tinha o 4Shared para baixar o show que os caras fizeram ontem, e vinte  minutos após o fim do espetáculo o áudio esta lá disponível para download, pra quem quiser baixar (com um som horrível, se for ao vivo).

E o ritual naquelas priscas eras, meu Deus, o ritual.... Eu sempre ouvia a primeira vez sem fones, para ter uma noção, e depois ouvia com os fones, para então realmente ouvir e perceber os detalhes... Recomendo à todos ouvirem o Sgt. Peppers, dos Beatles e o The Bends, do Radiohead!!! (sim, eu já gostei do Radiohead.... ) usando fones, sem ler, sem fazer nada, apenas "saboreando", o disco  como ARTE, e não como um produto do jeito que é hoje... Ou vão me dizer que as letras do Black Eyed Peas, são Arte.... são um produto, sua finalidade é uma só, tocar na festas e vender shows com playback (bah, acho que desde  1993 ninguém ouve a voz da Madonna ao vivo). Ainda que hoje em dia, eu duvido que algum artista  ganhe disco de ouro, de diamante, de latão por vender CD's originais, exceto os padres, bispos, apóstolos, ou missionários cantores As próprias gravadoras vazam as músicas, para divulgar e é isto. 

Antigamente, em festas o que tocava (tu tinha que levar os CD's, o que era terrível, pois se tu bebesse demais, ou algum malandro estivesse por lá, tu podia perder, arranhar, ou esquecer os disquinhos), eram coisas dançantes, mas era orgânico, quatro ou cincos caras, que tocaram juntos, compuseram aquilo ali, e botaram algum sentimento ali... Como seria hoje em dia, se o Iggy Pop aparecesse e conseguisse uma audição com uma gravadora? Iggy, provavelmente, seria humilhado e motivo de chacota. Artistas como A-ha e Technotronic, eram dançantes e até bregas, mas convenhamos que, dançar A-ha  ao invés de Britney Spears, é beeeem diferente.

Enfim, acho que se tu te propõe a gastar teu dinheiro para comprar um CD (original, diga-se de passagem), tu é uma pessoa que, (não importa o estilo musical) apóia uma cultura, saudosista, até pode ser,  pois a pirataria é ótima, acabou com o coronelismo das gravadoras, gravadoras estas que elegem como "Diretor e Produtor Artístico", "experts"como o Sr. Rick Bonadio, que acha que é um deus, um criador de gênios (gênios como Latino, NX Zero e Restart,  contratados de seu casting, que já contou com ET e Rodolfo, Rouge, B'roz e aquela aberração, chamada Belo). Mas pior do que isso, é ver caras como o Lars Ulrich, que acham certo cobrar exorbitâncias por um CD, o que eu acho um absurdo, pois se uma loja vende um CD que custou 4,00 para prensar, gravar e colocar encarte, e quer vender a R$ 30,00 é óbvio que o cara vai no pirata, ou vai baixar. O grande lance, resumidamente, é que hoje em dia, segundo o Neil Young, é que não se pára, para ouvir música. Ela não é o principal elemento de lazer na tua casa, na festa  que tu vai, ou quando tu está na internet, ela fica em segundo plano. Neil Young diz que, no futuro, as pessoas vão ter CD's, ou LP's em casa, como quem tem uma estátua, ou um adereço na mesa da sala.

Sou saudosista, sou idealista, posso ser tudo isso (e outras delicadezas), mas adoro ir na JAM até hoje, ou achar uma raridade no Mercado Livre ou em algum sebo por R$ 15,00...
sou inocente e puro, fazer o quê?


"Quando estamos sozinhos, completamente sozinhos, a música é nossa única amiga."
Keith Richards.



Abraço.