domingo, 26 de fevereiro de 2012

Trovando sobre: GEORGE HARRISON



Hoje, se estivesse vivo, o "Beatle quieto", ou como também era conhecido, o "Beatle gentil", faria 69 anos. George Harrison foi o cara que junto com John Lennon e Paul Mccartney, criou o Rock (sem o "Roll", pois o "Rock" abrange as milhares de influências que estes caras introduziram, influências de música indiana, de música clássica, barroca, experimentações eletrônicas, e por aí vai). Os Beatles começaram como um grupo de Rock N' Roll, mas acabaram sendo o primeiro grupo de Rock da história, muito graças a genialidade deste que pra mim, depois de John Lennon, era  "O cara" dos Beatles. George era o Beatle mais jovem, e através de Paul, que era seu colega de escola, foi apresentado a John e foi aceito por este no grupo, por saber tocar a música "Raunchy", do início ao fim, além de sua mãe permitir ensaios na casa da família.

George no inicio, da carreira, quando começava a compor as primeiras canções, foi muito influenciado por John Lennon, que afirmava tê-lo ensinado a compor (John não era um cara muito modesto).

Se isto realmente for verdade, o aluno aprendeu muito bem a lição. Canções como "Norwegian Wood" (a primeira canção de Rock da história a usar o instrumento de cordas indiano, chamado cítara), "Don't Bother Me", "I Need You", "While My Guitar Gently Weeps", "Here Comes The Sun" e "Something" são alguns exemplos dos clássicos atemporais que o artista criou apenas enquanto esteve com os Beatles. George sempre foi, apesar de fama de quieto um cara bastante comunicativo e de humor ácido e sarcástico. Tinha um temperamento difícil e era extremamente mulherengo. Quando os Beatles filmaram "Help", em 1965, George conheceu um grupo de músicos indianos que participavam do filme, começando aí, seu interesse pela cultura em  geral e pela religiosidade daquele povo. Em 1971, George organizou o primeiro mega show beneficiente da história, chamado "Concert For Bangladesh",  para angariar fundos para ajudar a Índia, que havia sofrido um terremoto gigantesco que deixou o país em um completo caos.

A carreira solo do cara também é um desbunde... O que dizer deste disco:

All Thing Must Pass - 1970




Considerado por fãs e crítica especializada, o melhor disco solo de um ex integrante dos Beatles, lançado meses após a separação, disco este, que incluía várias canções rejeitadas por Lennon e Mccartney, além do produtor George Martin. O álbum traz canções como "My Sweet Lord", "All Thing Must Pass", e "Beware Of Darkness", que tem versos assim:

"Cuidado agora... se cuide
cuidado com os trapaceiros de passos sorrateiros,
Dançando pelas calçadas
Enquanto cada sofredor inconsciente
vaga desorientado...
Cuidado com a tristeza,
Ele pode te atingir
Ela pode te ferir
te afligir e além do mais,
não é para isso que você está aqui."

Outros discos como "33 & 1/3", "Cloud Nine", "Living In The Material World" e "Brainwashed", são maravilhosos também. Gosto tanto da carreira solo do George, quanto do seu trabalho com os Beatles.

Este ano será lançado um documentário sobre a vida do músico, dirigido e produzido por Marin Scorsese, chamado "Living In The Material World", olhem só o trailer:


Entre todas as histórias que são contadas, uma me chamou a atenção. O grupo de comediantes Monty Phyton, teve uma idéia muito interessante para um filme, mas não conseguia financiamento para a realização da obra, pois o filme se tratava de um cara que nasce ao lado de Jesus em uma manjedoura, e só se ferra a vida toda, pois é constantemente confundido com o Messias. O grupo passa o filme inteiro tirando sarro com os cristianismo e seus dogmas, e foi e é até hoje, considerado por muitos como blasfêmia. George hipotecou sua mansão para financiar o filme! No fim das contas, o filme "A Vida de Brian", saiu por quê George disse que "queria ver esta história sendo contada", ou seja, ele pagou o ingresso de cinema mais caro da história!!!

Eu recomendo pra qualquer pessoa ouvir qualquer disco de George Harrison, com ou sem os Beatles, pois com certeza, alguma coisa boa sempre se tira da obra deste genial cantor, compositor, produtor e guitarrista.





Hare Krishna.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Trovando sobre: U2 - ACHTUNG BABY


Na música, especialmente no Rock N' Roll, uma banda corajosa, é a coisa mais rara do mundo. Mas, pergunto, o que é coragem? Usar calça roxa? Dar entrevista bêbado, pagando de "muso"? Pra mim uma banda, ou artista corajoso, são aqueles artistas que saem da zona de conforto, que se reinventam, que chegam a um ponto, onde para que o jogo fique interessante, é preciso se arriscar e mudar as coisas, criar novidades, para que a banda mantenha o interesse e o tesão, e para que os fãs tomem aquela sacudida, que questionem a arte que lhes é apresentada, que os fãs amem ou odeiem, mas que falem a respeito, que reflitam. Eu acredito cegamente que este é o propósito de qualquer expressão artística de dignidade, fazer quem aprecia a obra, refletir. Os Beatles gravaram 11 discos, TODOS diferentes uns dos outros. O U2 aprendeu a lição dos mestres, ao lançar este disco absolutamente clássico e diferente de tudo que já haviam lançado antes. Tiveram colhões de arriscar tudo com o jogo ganho.

Façamos uma pequena retrospectiva: Na década de 80, não havia grupo mais famoso, que mais vendia, que tinha mais fãs, que era mais rico que o U2. Os shows eram cultos, onde fãs eram seguidores e adoradores daquela banda com o vocalista messiânico que queria salvar o mundo. A banda já tinha ganhado muito dinheiro, já havia conhecido e tocado com seus heróis, já tinham composto canções maravilhosas, e lançado álbuns antológicos como "War", "The Unforgettable Fire" e  "The Joshua Tree", só para citar alguns. Chegaram em 1988, após anos de turnês initerruptas, exaustos, mas com um senso de dever cumprido. Entretanto, dúvidas e incertezas rondavam a banda...

Para onde se vai, quando se chega ao topo? Você segue requentando canções, posturas, opiniões e ideias? Ou joga tudo pra cima e se arrisca? (Que graça teria a vida sem um pouco de ousadia?). Graças a Deus, o U2 optou pela ousadia.


A primeira medida tomada foi,  ir para a Alemanha em 1991, mais precisamente para os estúdios Hansa, em Berlim, onde nunca haviam gravado, mudar os ares, ou como Bono disse, "se inspirar por aquela sala enorme, onde Bowie, Lou Reed, e outros de nossos heróis estiveram...". Bono disse que, toda e qualquer idéia, por mais maluca que fosse, seria ouvida. A única regra era: Se parecer com U2, não se grava! Dá pra ter noção da coragem e do peito desses caras?

Ok, tudo muito bom, muito legal, mas e aí? As idéias que surgiam eram insuficientes, ninguém conseguia compor, um clima estranho rondava os integrantes, pois o baterista Larry Mullen Jr. estava notoriamente incomodado por certas "experimentações eletrônicas" de Bono e The Edge.

Até que uma noite, Bono e Edge tocando violão no estúdio tem uma ideia e compõem esta que na minha opinião, é uma das obras de arte mais fantásticas do século XX: "One."

                     

Este foi o norte do álbum. A primeira música escrita. Bono nunca esclareceu do que realmente a letra fala, existem duas histórias que frequentemente são apontadas como "verdadeiras". A primeira fala que a música retrata o fim do casamente de 12 anos de The Edge. A outra versão diz que a letra é uma conversa de um filho, morrendo de AIDS, com seu pai repressor, preconceituoso, mas que no leito de morte do filho, pede perdão. Bono sempre diz que acha um horror quando esta música é associada à romantismo, por isso, creio que a segunda versão seja a verdadeira.      
   
O disco já abre te dando uma porrada na orelha... Para quem, assim como eu passou anos ouvindo U2 da fase anos 80, ouvir a música "Zoo Station", de cara é de se estranhar, e muito. A voz distorcida, a letra sarcástica e irônica, parece dizer: "É... Chutamos o pau da barraca mesmo, porra!"

As experimentações com efeitos e timbres novos de guitarra geraram canções como "Even Better Than The Real Thing" e "Mysterious Ways", canções estas que tinham uma ginga, um balanço, que era inimaginável sequer sonhar que o U2 poderia ousar criar.

As melodias de todas as canções são lindas (exceto "Acrobat", que de longe, é a única música dispensável do disco), mas as letras de Bono estavam diferentes, parece que ele tinha aberto mão da inocência, do sonho, e estava mais pé no chão, mais sarcástico, mais ácido... Enfim, o cara mudou, e isto refletiu na arte dele. Ah, isto é um outro "detalhezinho pouco importante"... Para quem é artista, é vital  ser sincero com a sua arte, mas principalmente consigo mesmo, ou como diz a letra de "The Fly": 'Todo artista é um canibal, todo poeta é um ladrão, todos matam sua inspiração e cantam sobre a dor...'.

Letras como a de "Who's Gonna Ride Your Wild Horses", que diz: 'Uma mulher precisa de homem, assim como um peixe precisa de uma bicicleta....' deixam bem claro que a banda tinha revisto e mudado vários de seus conceitos sobre Deus, amor, sexo, vida e morte.

Canções como "Love Is Blindness", "Ultra Violet", "So Cruel", eram estranhas, soturnas, mas apontando que a mudança, ás vezes é boa, tu não deve esquecer do teu passado, e deve-se até mesmo, reverenciá-lo, mas na vida, é vital que sempre se olhe pra frente, que se vislumbre o futuro. Parece que antes, eles eram preto e branco e agora, eram coloridos (sem referência ao Restart, ok?), estavam modernos, no melhor sentido da palavra. Nos shows da turnê do álbum, Bono encarnava o personagem "The Fly", com sua roupa preta, dos pés à cabeça (clara referência à Elvis Presley) e seus óculos de mosca, ou Mr. Machpisto, o Diabo em pessoa!!! Tem noção do que era isto ao vivo?


Sem contar que, a turnê do disco, a "Zoo TV Tour", era um espetáculo à parte, virou referência em como se apresentar ao vivo e como criar palcos magníficos. O palco era um show à  parte (característica mantida até hoje), com iluminação de carros supensos, telões que exibiam frases como: "Tudo que você sabe está errado", "Assista mais TV", "O sucesso roe as unhas do fracasso", dançarinas do ventre entre outras maluquices.


Enfim, o disco é uma marco na carreira do U2, na música em geral (gente como Noel Gallagher considera o disco uma bíblia), e é meu disco preferido do U2 até hoje. É um trabalho divisor de águas, na carreira e na vida dos caras. É uma aula para certos "grupos" como Coldplay, Keane e outras porcarias, que só requentam as mesmas músicas (ruins, por sinal). Eu não me importo de rever conceitos, mas eu tenho de acreditar no que é proposto, eu tenho que comprar a tua idéia, eu preciso ver o sangue nos teus olhos. Eu sou assim. Eu gosto de gente assim. Eu gosto de filmes assim. E eu gosto de música assim.






Um abraço.