Dia 7 de novembro de 2010 foi um dos dias mais importantes da minha vida. Depois do meu casamento, foi a data em que fiquei mais nervoso e apreensivo em toda a minha existência. Por quê? Paul Mccartney se apresentaria em Porto Alegre. Não vou falar aqui, de como o show foi maravilhoso, de como, pela primeira vez na minha vida, chorei em um show de Rock, de como aquelas músicas são importantes para mim, da emoção de ver homens com a idade do meu pai, chorando de alegria. Não, não vou falar disso tudo. Vou lhes contar a história de como foi difícil conseguir os ingressos para este, que foi o show mais importante que já vi...
Bom, os ingressos começaram a ser vendidos em uma quinta-feira de manhã, e meu primo, Marcos foi lá comprar ingressos para ele, para a minha tia Geni (mãe dele), para a Graci e para mim. A Graci e eu, decidimos que, íamos passar um semana sem comer e que deixaríamos de pagar as contas do mês, para poder comprar o salgado ingresso VIP (R$ 500,00). Até aí, tudo bem, só que, depois de perder a manhã em uma fila gigantesca, quando finalmente, chegou a vez do meu primo, quando ele iria poder comprar quatro ingressos para todos nós, e pronto, fim da história, certo? ERRADO... Ele só consegue dois!!!!
Meu primo teve um problema com a operadora do cartão de crédito, e só conseguiu o ingresso dele e da minha tia.
Eu estava trabalhando, e obviamente, estava nervoso ao extremo, ligando de cinco em cinco minutos para saber se eu podia comemorar a aquisição do meu passaporte da felicidade, até que lá pelas 16:00 horas, meu mundo caiu, quando recebi a trágica notícia de que nem ingresso de pista eu tinha... Fiquei arrasado. Como eu iria viver sabendo que o Paul esteve no RS, e eu não o vi? Como eu iria suportar o dia do show? Minha vida tinha perdido o sentido.
Fiquei tão abalado, para se ter uma ideia, que pedi para ser dispensando do trabalho, não podia me concentrar em mais nada. Eu estava na lama.
Passei no supermercado, comprei umas cervejinhas e fui para casa pensar no que eu poderia fazer para reverter a situação.
Vi na internet que os ingressos para o público em geral, começariam a ser vendidos no sábado, pela manhã, e eu não tinha dinheiro para o VIP, isto estava fora de questão. Depois de muito refletir, tomei a decisão "mais óbvia possível"... Ir de mala e cuia para frente da bilheteria e comprar ingressos mais baratos.
Comuniquei a Graci, arrumei uma mochila com suprimentos essenciais para a empreitada (Club Social, enroladinhos, água, e livro dos Beatles) e me preparei e disse em alto e bom som: "Só volto de ingresso na mão!"
Cheguei ao trabalho na sexta pela manhã, e pedi dispensa na tarde. Ok, vou de trem para Porto Alegre, certo? ERRADO. Houve um acidente na BR, e um carro derrubou a mureta de concreto do trem, impossibilitando a viagem na sexta... É mole?
O que fazer, então? Chamei um amigo taxista que, me mesmo me fazendo um preço camarada, me cobrou os olhos da cara, para me levar de táxi até Porto Alegre.
Então tá, cheguei na bilheteria, não antes de passar 30 minutos na bilheteria errada... Mas, tudo bem, eu cheguei!!!
Cheguei, sim... as 13:30 de sexta... A bilheteria (certa), só abria as 8:00 de sábado.
Então, só me restava esperar. Esperar sozinho e aborrecido certo? ERRADO. Naquela fila, na véspera da compra dos ingressos, fiz amizade com pessoas muito legais, interessantes, e companheiras. Passei a tarde e a noite conversando, trocando idéias com outros fãs, aprendendo sobre os Beatles e ouvindo aquelas pessoas tão apaixonadas pelos "Fab Four" quanto eu. Tomei cerveja com aquelas pessoas, tomei tequila com elas, ri com elas, cantei com elas, e dormi no chão ao lado delas. Passei uma noite difícil, mas que foi muito proveitosa e animada com aquelas pessoas, que fizeram parte desta história. Depois de aberta a bilheteria, pela manhã, e após adquirido o ingresso, até entrevistado pela Rádio Gaúcha fui, entrevista esta, que meu primo Marcos ouviu! Que ironia, não?
Até carona para a volta consegui, sendo inclusive, trazido até a porta da minha casa, por um destes "amigos da fila."
Enfim, consegui os ingressos, e fomos para o show. Não tenho adjetivos para classificar como foi a experiência de estar no show, daquele que é um dos maiores artistas da música. A sensação foi, e ainda é, indescritível.
Obrigado aos amigos que me acompanharam ao show, aos que me acompanharam na fila, e aos que me acompanham na vida.
Tudo o que você precisa é de amor.
Um abraço.